REPASSANDO UM TENTO
REPASSANDO UM TENTO
Milonga
Deitado na porta de um rancho estancieiro,
Um cachorro ovelheiro espreguiça com sono.
O tempo passou, e ajustou de caseiro,
Em outra estância, o coleira e seu dono.
Na sombra espichada beirando a cozinha,
Boceja e se aninha encostado na bota,
De quem por vaqueano enxergou que a velhice,
Traria outro encargo e o serviço de volta.
Não sai mais para o campo na sombra do pingo,
Nem quando um campeiro assoviando o convida!
Empurra a cuscada mais nova e retorna,
Que a idade lhe cobra, os trompaços da vida...
O tento ficou bem passado na trança,
Das braças de um laço, chamado amizade!
Que livra os tirões e se estende por conta,
Firmando na cincha o peso da idade.
Quem noutro serviço largou-lhes por velhos,
Às vezes visita pra ver como estão...
Então o coleira os recebe com festa,
E faz da humildade uma grande lição.
Fabio Prates e Zeca Alves