Vadeante
Faz tanto tempo que eu não leio
Mas eu creio
Que vim do seio da antiga sagade libertação
Se a lida corta pelo meio meu anseio
De um devaneio brota a fantasia de rebelião
Há muito tempo que saio na vento
Que perco o acento de muitas palavras
Se bem que tento mas não me aguento
Quase me arrebento com as minhas mágoas
Palavra quando perde a graça
É que nem cachaça em boca de dragão
Quando eu falava coisas lá na praça
Arrastando a massa pra revolução
Se o tempo fecha e fica feio, não vadeio
Não atravesso o vau de nem um rio
Nessa escuridão
Do meu cavalo sem arreio não apeio
E chego o reio que essa minha lida
É lida de peão
Há muito tempo tá fechando o cerco
Mas eu não me perco cá no meu caminho
Caminho lento muito bem atento
Revirando o vento feito um passarinho
Eu já não falo nada mais na praça
Arrastando a massa pra revolução
Porque palavra quando perde a graça
É que nem cachaça em boca de dragão