Nestas manhãs

Nestas manhãs a gente quer ser dado como morto

A gente quer relebrar a noite e hoje quer não viver

A gente quer tocar nosso corpo, conseguir mais uma dose pra beber

Mas, me diz aí, pra quê?

Nossos sonhos tem os olhos abertos,

Não sonhamos de olhos fechados, temos a noite como nossa religião

Temos os amigos como nosso coração

Mas precisamos ser, precisamos estar

Vou provar do teu corpo e não te amar,

Procurar teus lábios pra fumar,

Me diz aí pra quê?

Por trás dos livros sempre tem as meninas

Entre as prateleiras nos vemos e dentro de outras, e ainda

Nos sentimos felizes por aparecer na televisão

Imitamos nosso mundo perfeito

Desumanizados são maus feitos da civilização

A culpa é tua, você que deixou de me avisar

Ouça o que eu tenho a dizer antes de atirar

Me diz ai, pra quê?

Vemos no alto todos que nos pisam, e os céus não nos ajudam

Nossas caras estão todas amassadas,

E o que aumenta mais é a força da pisada,

Lembre-se sempre os últimos serão os primeiros

E os do meio somos nós

Estamos no meio do morfo e é surda a nossa voz

Queremos a corda no pescoço antes de desatar os nós

Me diz aí, pra quê?

Nestas manhãs estou todo sedado

Com meu corpo aqui e meu pensamento lá do outro lado da cidade

Estou perto de você,

Se estou perto de você eu me sinto bem

Espero que tu goste e me ame também.

Me diz aí, pra quê?

Nestas manhãs a luz do sol parece invadir a noite que não tem fim

Eu penso que se não fosse por você, o mundo não viveria por mim

Como o sol nasceu hoje?

Como o sol se arrumou hoje?

Como o sol nasce tarde assim?

Por quê o sol só nasce pra ti?