COPO DESCARTÁVEL

Que triste fim foi reservado pra mim

Ficar escutando de dentro do banheiro

Conversa sobre aniversário de criança

Em que o copo descartável acabou

Eu cá com meus botões desabotoados

Pensando em reviver a art nouveau

Que da armação sairiam três volumes

E no cume da agulha zenital

Penderiam rosáceas margaridas

Num arcobotante ogival...

Que triste fim foi reservado pra mim

Ficar no banheiro repetindo meu nome

Pra ver onde se escondem as notas musicais

Na bolsa dos duendes que surgiram da latrina

Em versos, universos paralelos

Que só fogem à rotina

Ficar falando merda numa mesa da cantina

Que triste fim foi reservado pra mim

O pra-para do tratará no grão-pará

Estará tão sóbrio quanto eu no baixo

Tocando ‘ainda é cedo’ com ‘mó’ tom de esculacho

E acho e reencaixo que achava desde antes

Que a verdade existe e que se existe desejo

Tanto vale o que vejo quanto vale um diamante

Pois o que percebo como principal

É o que realmente é importante

(fenomenal)

Que triste fim foi reservado pra mim

Fazer merda e dar uma de fofoqueiro

Aprisionado por meu ventre

e encantado pela ducha do chuveiro