E o nosso futuro...
Por vezes, no quarto claro
Sozinho, é tão escuro
Procuro o que é seguro
Transmuto, mas não me iludo
Imundo, meu ser de verde
No fundo, ver de novo mundo
Lá fora
A hora traz a partida
Agora a despedida
Nas idas atrás da vida
E a lida
Leitura passa palavras
Estradas, encruzilhadas
Cancelas, portas, janelas
Saídas, entradas, bilhetes
E ela
Na dela
Sem ver que o meu passar
É so mirar nos olhos
É atirar no peito
É ser amor perfeito
E nem só de prato feito vive o homem
Que jeito de se pensar na solidão
Se o falar da consciência
Muitas vezes violência
Faz calar o coração
Não vou desesperar jamais
Pois ainda corre o sangue
Não vou desesperar jamais
Pois ainda brota o gozo
Não vou desesperar jamais
Pois ainda há lágrimas a escorrer
E a ferida descarnada
De um amor dissimulado
De olhar falsificado
Feito uísque paraguaio
Pra mim basta
Bosta há no pasto
E lá há ao menos ilusão
Eu sou de carne e osso
Mais pele sobre o osso
Desgosto
No rosto, marcas profundas
De toda sofreguidão
Escarro toda a cultura
E sei que a essas alturas
Guiarei na contra-mão
Um ônibus quase lotado
De prostitutas e viciados
Ambos desamparados, desesperados
Dispensados de todo o sistema cristão
Na mão do acaso
Quase sempre são levados
E o seu lar agora é a laje
Em que o mais rico usa o mármore
Ostentando sua morte
Esse os vermes também comem
E cagam
E o nosso futuro
Vai à merda