"Meninas de Sallen" cap.7

"Primeiro dia de aula"

Depois de ter comido uma gororoba improvisada Mary foi para o quarto, resolveu trocar de roupa antes de qualquer coisa, se sentia mais confortável para organizar as coisas de pijama, tirou as botas e as jogou embaixo da cama, tirou o top e o colete e os jogou na escrivaninha e tirou a calça que jogou no chão, mas quando caiu a calça fez um barulho alto, como se fosse uma pedra coberta por panos. Mary aproximou-se e verificou se não havia nada nos bolsos, foi então que deixou escapar um grande...

-NOSSA!

O grande colar com a pedra de rubi que encontrou no baú do sotom de alguma maneira veio parar no bolço de sua calça, Mary estava pasma, não sabia como aquilo tinha ido parar em seu bolço, tinha certeza de que não o tinha colocado no bolço, e...mas...pensando melhor...Mary tentou lembrar-se daquele momento, quando encontrou a pedra.

Lembrava-se de ter olhado muito para a pedra, de ter olhado tão fixamente que podia até ver dentro dela, havia algo lá, algo cor de sangue, algo como o sol se pondo, estava quase tocando a coisas, estava por um triz quando um barulho atrás dela fez com que guarda-se a pedra no bolço automaticamente, sem nem notar o que fazia. Quando olhou, porem, reparou que era apenas um gato preto que provavelmente tinha entrado pela janela e estava fazendo do sotom sua morada; mas lembrava-se também de como o gato se comportou, de como encarou ela, tão profundamente, com o olhar tão severo, como se fosse vivo, como se entendesse as coisas, como se soube-se que Mary estava em um lugar que não devia estar, como se fosse um ser humano. Mary arrepiou-se.

Olhou para a pedra que segurava na mão, fria e pesada, como de manhã, com aquele vermelho tom de sangue, com mechas cor do sol...era realmente linda, Mary não se cansava de olhar, quanto mais olhava mais queria olhar; aquele olharzinho de longe não era suficiente, queria se aproximar mais da pedra, queria mergulhar dentro dela, queria ser parte da pedra. Seu rosto se aproximava mais da pedra, era linda, era prazeroso olha-la, queria tocar o sol que havia lá dentro, queria ver o sangue, a ponta de seu nariz já tocava a pedra gelada; seus olhos eram chamados pela pedra, podia até ouvir a voz que vinha de dentro dela, uma voz feminina, alta, aguda e ao mesmo tempo grave, uma voz bela mas assustadora, que gritava, gritava muito, como se tivessem em perigo, como se pedisse ajuda. Mary aproximou-se ainda mais, seu rosto começava a mergulhar na superfície de sangue. Queria ajudar aquela mulher, com certeza estava em apuros, talvez o sangue viesse dela, Mary já podia ver mechas, borrões de alguma coisa que não entendia, o sol estava ao longe se pondo com cor de sangue, já mergulhava na pedra, já podia ouvir melhor os gritos da mulher, suas mãos já tateavam o ar tentando achar algo, mas estava no alto, muito alto, podia ver as nuvens e o sol, mas não via nada lá embaixo, estava se aproximando, havia muitas arvores e muita fumaça que subia em redemoinhos rumo ao céu. Mary estava perto, muito perto agora e...

-Mary!!

Um grito lá de baixo fez o coração de Mary pular, endireitou o corpo voltou rapidamente do mundo em que mergulhava, toda a imagem que havia visto e estava quase tocando sumiu como num borrão de cores. Seu coração batia a mil por hora.

-Mary!!- gritaram novamente.

-O que foi mãe?- perguntou Mary com outro grito.

-A sua mochila e seu horário já estão aqui na mesa.- respondeu a mãe aos berros.

-Eu não acredito que ela me berrou só pra dizer isso, eu poderia ver muito bem.- resmungou Mary aborrecida.- ta bom, obrigada!

Mary olhou para o relógio, marcava dez e meia da noite, tinha que levantar mais ou menos a seis no dia seguinte, olhou para a pedra novamente e a guardou na gaveta de sua mesa de cabeceira, já bastava de aventuras com aquela pedra estranha por um dia, iria dormi e no dia seguinte veria o que ia fazer com ela.

Mary levantou-se com a mãe a chamando baixinho e a cutucando na barriga, detestava acordar cedo.

-Mary! Mary!- chamava Rita praticamente num sussurro.

-Hum...que é droga?!- resmungou Mary virando-se para o outro lado.

-Você esta atrasada para a escola Mary,- disse Rita chacoalhando Mary pelos ombros.

-O QUE?!?- Mary levantou-se num pulo jogando todos os cobertores no chão.-depressa, eu tenho que me arrumar, onde esta minha roupa? Minha mochila? Cadê?!

-Calma Mary, você colocou sua roupa ali na cadeira,- respondeu Rita acendendo a luz.- e sua mochila esta lá embaixo na mesa lembra-se?

-É, é verdade. Licença mãe eu tenho que me vestir rapidamente,- disse Mary empurrando a mãe para fora do quarto e batendo a porta na cara dela.- e prepare um sanduíche pra mim rapidinho.

-Ah...esta bem Mary, mas apresse-se.

Mary se lavou rapidamente e colocou a roupa escolhida para arrasar no primeiro dia de aula: sua saia xadreza e pinsada, dois palmos a cima do joelho, preta e rosa shocking; um colete de coro preto que costuma usar fechado e com a gola em pé, mas insinuando os seios é claro; sua meia arrastão rosa e seu coturno de plataforma.

Olhou-se no espelho e se sentiu perfeita para arrasar.

-ah, deus me disse: desce e arrasa!- falou convencida pra si mesma se olhando no espelho.- e agora eu respondo: uhu! Arrasei!!!

Mary apanhou sua mochila e o sanduíche e saiu apressada para a escola. Correu uns dez minutos e chegou antes que fechassem os portões em sua cara.

-esta atrasada mocinha.- disse uma mulher que estava no portão, provavelmente uma inspetora, (Mary odiava inspetores.) quando Mary passou arfando alem de ralhar à mulher olhou Mary de cima a baixo e franziu as sobrancelhas, como se reprovasse a garota e sua vestimenta.

- Ah, foi mau tia, eu acordei atrasada.- respondeu Mary sem nem ao menos olhar para a cara da mulher.

Mary subiu a escada e entrou na escola, pronta para o seu primeiro dia de aula.

O corredor estava apinhado de alunos que falavam, corriam, caminhavam e mexiam em seus armários com um abrir e fechar de portas de metal que faziam os ouvidos zunir.

Mary olhou no papel com seu horário que sua mãe lhe entregou e viu no canto da folha que seu armário era o numero 13, e rapidamente, pois o sinal já havia tocado, começou a procurar pelo numero treze.

Mary atravessou o corredor e todos, totalmente todos, os rostos se viraram para olha-la, boquiabertos, de olhos arregalados; alguns cutucavam os colegas para que olhassem e Mary pode reparar que quase todos tinham cara de tapados certinhos e imbecis, como os garotos da lanchonete, somente um ou outro escapavam. Também reparou num grupo de garotas que usavam um mesmo uniforme azul (uma sai azul escura um palmo acima do joelho e uma regata branca, que ainda assim mostrava pouco dos ombros). As garotas olharam Mary de boca aberta, sobrancelhas franzidas e com uma expressão quase indignada, ao olharem a sai de Mary mostrando quase toda a coxa.

-ah achei!- exclamou Mary parando enfrente ao armário numero treze.

Um garoto gordinho, com grandes olhos cor de mel e cabelo castanho, olhava para Mary de boca aberta, segurando a porta do armário doze. Sua expressão era quase sonhadora, como se nunca tivesse visto nada tão impressionante ou...bonito.

-ah e ai irmão.- cumprimentou Mary jogando meia dúzia de livros dentro do armário, colando um pôster do marilyn manson na porta, um espelho do lado de dentro e passando batom preto. – você sabe me dizer onde fica a sala um?

-Ah...- o garoto mexeu os lábios debilmente, sem conseguir dizer uma palavra. A baba quase escorria de sua boca.- ah...ali. –respondeu ele por fim apontando para a primeira porta ao lado dos armários.

-Ah, valeu colega.- agradeceu Mary batendo a porta do armário, jogando a mochila nas costas e se encaminhando para a sala. A primeira aula era de geografia.

Antes que entrasse a garota deu uma pequena olhada para trás, vários garotos e garotas ainda a olhavam, pasmos e impressionados.

A sala de aula já estava cheia, não havia muitos lugares livres, e Mary se incomodou com todo mundo olhando para ela, não conseguia enxergar direito os lugares vagos com todos olhando. - estão olhando o que, nunca viram um belo par de pernas?- perguntou caminhando até o fundo da sala onde havia alguns lugares livres.

Foi ai então que reparou que a garota da casa doze, sua vizinha que tanto a observava, estava sentada ali. Sentou-se ao lado dela.

-ola. – cumprimentou com um sorriso.

-Oi.- respondeu a garota num verdadeiro sussurro tímido.

Um homem magricelo e careca entrou na sala, pousou sua maleta na mesa e virou-se para a turma.

-bom dia classe.- disse sério.

-Bom dia professor. – responderam os alunos monotonamente.

-Muito bem, prestem atenção na chamada: Susana.

-Presente. – respondeu uma garota de cabelos vermelhos, olhar tímido e sardas.

-Regis.

-Presente.- respondeu um garoto magricela de óculos e camisa. Se parecia muito com o outro garoto da lanchonete.

-Mary... sanderson.

-Presente. – respondeu Mary displicente tirando o material da mochila.

-Hum... sanderson não é?- resmungou o professor lançando a Mary um olhar de esguelha. – hum...

Mary não gostou dos resmungos do professor, teve que se segurar muito para não lhe perguntar que droga de “hum” era aquele. Se ele tinha alguma coisa para falar que falasse agora ao invés de ficar falando “hum”. Cretino.

-muito bem classe, vamos começar.- disse o professor se levantando e apanhando um giz.- vamos relembrar um pouco do que estudamos até agora, e para aqueles que estão por fora, estamos estudando a região de salem: território, economia, historia, fatos marcantes, população etc...

o professor começou a falar sobre a região territorial de salem e Mary, quase que automaticamente, desviou seus olhos e sua atenção da aula. Achava geografia um tédio.

Olhou para cada rosto na sala, nenhum interessante, todos entediados e sonolentos como ela. Queria saber onde estava sheila, era uma pena que não ia ficar junto com ela, se sentia sozinha, sem ninguém pra conversar.

Olhou para sua vizinha, que estava sentada ao lado, e resolveu puxar assunto,

-ei qual o nome desse professor? – perguntou baixinho.

-Jeffrey.- respondeu a garota mais baixo ainda. Ela tinha a voz baixa e tímida, e Mary reparou que a garota não olhava para ela quando dizia alguma coisa.

-Ah, ta. E o seu?- insistiu Mary.

-O meu? Ah...- ela pareceu ficar vermelha com a pergunta e só emitiu um grunhido inteligível.- oh meu é...é...Drici Oney.

-A muito prazer.- disse Mary animando-se estendendo a mão para drici apertar.- como você já deve saber, porque parece que todos já sabem, sou Mary, Mary sanderson.

-Oi.- disse drici tímida apertando a mão de Mary desajeitadamente.

-Ei, não sei se você reparou,- continuou Mary sem notar que aumentava o nível da voz.- mas somos vizinhas, eu sempre te vejo na rua ou na janela, porque você não aparece qualquer dia lá em casa pra comer uns bolinhos e sei lá, conversar?

-Ah...não sei, eu...- balbuciou drici ficando mais vermelha.

-Ah, qual é, aparece sim, eu não tenho ninguém para conversar, ia ser legal se você fosse e ...

-E também seria legal se a senhorita prestasse atenção na aula srta. Sanderson.- disse o professor num tom elevado, fazendo Mary dar um salto na carteira.

-Ah, claro professor.- disse Mary num tom irônico e sentando-se corretamente.

-Hum...como eu dizia, salem esta entre Boston e ... - continuou o professor.

Uma vez começada a conversa com a vizinha tímida Mary não conseguiria parar assim, pegou uma folha de caderno e escreveu: “O QUE VOCE VAI FAZER DEPOIS DA ESCOLA? VOCE COSTUMA IR NAQUELA LANCHONETE AONDE TODOS VÃO?”

Mary ofereceu o papel para a garota por baixo da mesa, ela pegou rápido e com as mãos tremu-las. Mary desconfiava que ela também não tinha muitos amigos.

Drici leu disfarçadamente o papel, pegou uma caneta, escreveu com a mão tremula e o passou novamente a Mary por baixo da mesa.

Mary leu.

“EU VOU SEMPRE PARA A CASA, DIFICILMENTE SAIO, O FAÇO MAIS QUANDO ESTOU COM A MINHA MÃE. SOZINHA SÓ VOU A IGREJA MESMO.”

Mary fez uma careta, achou aquilo realmente patético, como era possível uma garota de dezesseis anos só sair para ir a igreja ou acompanhada da mãe. Que absurdo! Tinha que agir.

“BEM, MAS ACHO QUE VOCE PODERIA IR LÁ EM CASA HOJE NÉ? QUER DIZER, MORAMOS UMA AO LADO DA OUTRA, E MINHA MAE E MINHA VÓ ESTARÃO EM CASA PARA GARANTIR QUE NÃO FAREMOS NENHUMA FESTINHA ABEIRA DA PISCINA. Rsrs”

passou o recado novamente a drici, que após lê-lo olhou para Mary com uma expressão de cachorro deprimido, encolheu os ombros e disse num murmúrio:

-eu acho que não vai dar.

-Por que?- perguntou Mary apenas movendo os lábios, para evitar que o professor as percebe-se.

-Minha mãe. Sinto muito. – respondeu drici começando a ficar com cara de quem ia chorar.

-Ok, tudo bem, não tem problemas.- disse Mary tentando evitar que a garota chora-se.

A aula passou e Mary foi mergulhando em um terrível tédio, a voz chata do professor fazia eco no fundo da cabeça de Mary e ela estava preste a cair no sono. Olhava para os outros alunos, todos com cara de tédio profundo, olhando para o professor, mas sem prestar atenção, dava pra notar que seus pensamentos estavam totalmente longe dali. Lembrou-se então das aulas de geografia em sua antiga escola, em que o professor mostrava slides sobre paises e territórios elevados; até que era legal, e quando ficava chato todo mundo começava a conversar e deixavam o professor de lado. Mas ali, mesmo que podesse conversar não tinha ninguém para fazer; sentia falta de sheila, pelo visto ela era a única legal naquela escola, a única que era animada, a única que não tinha medo do professor, a única que não era submissa (e tapada). Mary lembrou-se também de lisa e seus antigos amigos, bagunceiros e animados como ela, gostavam de agitar geral, não eram parados nem tediosos, muito menos submisso a pais ou professores. Mary sentiu um aperto no coração e uma vontade imensa de chorar.

Quando a primeira lagrima caiu à sineta tocou e com um pulo Mary levantou-se e correu para o corredor.

Olhou de um lado para o outro, para ver se avistava sheila, mas não viu nada.

Correu até seu armário, que já estava uma zona, o revirou atrás do livro de matemática, então ouviu uma menina dizer a outra, atrás dela.

-sai do caminho, lá vêm elas.

Mary endireitou-se e espiou quem estava vindo.

Todos tinham se encostado nos armários, abrindo um caminho pelo corredor, e por ele vinham cinco garotas, com saias curtas, blusinhas e saltinhos. Andavam como modelos, perna na frente de perna, jogando os cabelos de um lado para o outro e rebolando. Jogavam beijos e piscavam para os garotos e olhavam arrogantes e superiores para as meninas. Provavelmente queriam que todos pensassem que elas eram as donas do pedaço, as abelhas rainhas, que ninguém deveria ficar no caminho delas. Mary teve certeza na hora de que aquelas eram as garotas da torcida, pelo que sheila lhe disse e pelo modo como elas estavam agindo; de repente sentiu um calor atrás da orelha, como sempre sentia quando queria aprontar ou provocar alguém.

Bateu rapidamente a porta do armário, jogou a mochila nas costas e saiu andando pelo corredor, na direção das garotas, reparou na loira que vinha no meio, a única loira do grupo, a que usava a saia mais curta e tinha o nariz mais empinado, caminhou em direção a elas;e de repente todos começaram a olha-la, apontar e não se importaram em baixar a voz para dizer: - ela é louca, o que ela esta fazendo!?!

Sem dar atenção continuou caminhando, apertou o paço, se preparou e ...

-ai!!!

Deu um grande esbarrão na loira, batendo o ombro com tudo nela, a fazendo cambalear.

-ah, me desculpe! – disse Mary com ar irônico.- eu não reparei em você.

-O que?! – exclamou a loira indignada.- ora, quem...?

-“Quem” o que minha filha?- disse Mary interrompendo a loira.- com esse cabelo oxigenado você que nunca vai ser alguém.

-Oh!!- exclamou a loira ficando vermelha.- quem é você? E do que esta falando olha só o seu cabelo, parece uma teia de aranha.

-Ai irmã, ao menos a teia aqui não é tingida, cem por cento original.- respondeu Mary.

-Ããrr! Quem é você?- perguntou a loira se irritando.

-Mary sanderson, de Boston, muito prazer.- respondeu Mary.- mas a pergunta aqui é a seguinte: essas saias são da avó de vocês? Que coisa mais brejeira!

-O que!?!- gritou a loira fincando vermelha como um pimentão.- como assim brejeira, você sabe quem eu sou?

-Ah, posso imaginar,- disse Mary irônica.- a líder do grupo de debate não?

-Grupo de debate? Não! Lá só tem palermas.- disse a loira com ar de nojo.

-Por isso mesmo.- disse Mary.

-Ããrr!! Escute aqui, eu sou Regina buldstrep, a líder dessa torcida.- disse a loira com ar arrogante.

-O que?! Vocês são a torcida?- perguntou Mary incrédula.- eu não acredito! Puxa mais que torcida mais ralé heim. Em Boston as garotas da torcida usavam roupas curtas, eram esbeltas, eram loiras originais e não usavam roupas da avó.

-Não usamos as roupas das nossas avós,- disse Regina aponto de voar no pescoço de Mary.- e usamos as roupas mais curtas da cidade.

-Sério! Não parece, mas num fim de mundo desses é de se esperar que as roupas mais curtas sejam somente até o joelho.- disse Mary com pouco caso.- veja minha saia, (apontou a saia que ia dois palmos acima do joelho) é minha saia mais longa, então imagine como não deve ser as curtas, tenho saias que cobrem apenas a calcinha, isso sim é saia curta, e era esse tipo que a nossa torcida usava. Elas tinham estilo, agora vocês são tão sem graças e não tem brilho, são tão pacatas, não cheiram e nem fedem.

-O que!?!- a loira de um berro, ficou vermelha como pimentão. Todos as olhavam e davam risadinhas.- como você se atreve falar assim comigo, quem é você? Você nem tem estilo, acabou de chegar aqui, não pertence a grupo nenhum e provavelmente ficará com os retardados!

-Haha!!- Mary riu alto e escandaloso.- em Boston eu era a chefe do bando dos metalleiros, você já ouviu falar em metalleiros? Claro que não, sempre morou nesse fim de mundo onde as saias da torcida parecem saias de velhas. Eu tenho mais estilo do que todas vocês juntas, e não creio que eu vou ficar com os retardados, pois eu não pretendo andar com vocês. Mocreias de quinta!

Deu outro esbarrão em Regina e um mochilada no ombro de um morena ao lado e saiu andando.

Alguém em algum lugar deu um grito e começou a bater palmas, e logo em seguida toda a escola acompanhou, e num segundo as garotas da torcida estavam esquecidas de lado e Mary sendo saudada por uma avalanche de palmas e vivas.

-haha puxa Mary foi incrível!! – gritou sheila saindo do meio da multidão rindo e dando pulinhos.- você foi incrível, acabou com elas! Você será consagrada a rainha da escola!!

-Eu sei que sou demais,- disse Mary passando a mão nos cabelos.- mas não quero ser rainha de nada, só não gostei do jeito que elas vinham vindo, todos saiam do caminho para elas como se fossem rainhas, e estavam menosprezando as garotas, não gostei nada, nada disso.

-Ah, mas saiba, essa história não acabou ai.- disse sheila séria.- Regina com certeza não vai deixar isso barato Mary.

-Tudo bem, não tenho medo dela,- disse Mary confiante.- quero mais que ela venha, não gosto de pessoas que humilham os outros e se acham superiores por serem líderes de alguma coisa, ou ter alguma coisa, ou ser alguma coisa. Ela pode vir quente que eu to fervendo.

-Ok. E como foi sua primeira aula?- perguntou sheila virando o corredor à esquerda com Mary saindo do meio da balburia que continuava.

-Uma droga, totalmente tedioso, e o professor era um velho rabugento.- respondeu Mary desgostosa.- espero que melhore, se não vou acabar dormindo.

-Bem agora é literatura, também é um saco.- disse sheila também desgostosa.- e a professora é uma velha chatíssima, a sra. Medelaine.

-Ah não! Era o que eu precisava, mais um idoso rabugento.- lamentou Mary entrando na sala dezessete atrás de sheila.- ao menos você esta aqui, vou ter alguém para conversar, na primeira aula foi um saco, ninguém conversava. Eu até que tentei puxar assunto coma minha vizinha, drici eu acho, mas ela não quis falar muito, é muito tímida.

-A eu a conheço, - disse sheila sentando-se na primeira fileira.- é uma pobre infeliz. Ela é muito sufocada, a mãe a domina muito, não deixa que ela saia sozinha, só para ir a igreja é claro, não permite que ela vá na casa das amigas, quer dizer, ela nem tem muitas amigas, quase nenhuma, na verdade ela só tem colegas que lhe fazem companhia aqui na escola, nada mais. Ela nunca sai de casa, passa o dia sentada naquela calçada ou na janela, apenas olhando, sem poder fazer nada. Não que tenha muito pra fazer aqui, mas o pouco que tem ela não faz.

-É eu percebi, ela passa o dia nos observando da calçada e da janela.- disse Mary.

-Eu tenho pena dela tadinha, tem cara de quem gostaria de fazer tantas coisas.- disse sheila entristecida.- gostaria de poder ajuda-la.

Nesse mesmo momento drici entrou na sala cabisbaixa, juntamente com um outro grupinho de garotas. Olhou para Mary sem levantar a cabeça, e sorriu, um sorriso pequeno e tímido, o qual Mary respondeu com um sorriso largo e um cumprimento de cabeça.

-muito bem classe, agora que estamos todos aqui vamos começar.- disse um a senhora de aspecto severo, tinha traços de alguém inteligente, cara de quem não gostava de brincadeira, que queria coisas sérias e total atenção dos alunos. Usava saia cumprida, camisa branca, e tinha os cabelos quase grisalhos presos em um coque apertado.- bem temos novos alunos não é mesmo,- continuou ela olhando para Mary.- senhorita sanderson...- e fez uma pausa ao pronunciar o sobrenome, na qual olhou fixamente para Mary.- nos fale um pouco de você.

-Bem, me chamo Mary Sanderson e acabei de me mudar de Boston para cá,- respondeu Mary fazendo um resumo sobre si mesma.- e creio que ainda vou ficar por aqui por muito tempo.

-Hum...mas nos fale um pouco sobre sua personalidade senhorita.- disse a professora franzindo a sobrancelhas.- queremos saber como você é.

-“Eu gosto dos venenos mais lentos, das bebidas mais fortes, dos cafés mais amargos, das idéias mais loucas, dos pensamentos mais complexos, dos sentimentos mais fortes!- disse Mary encarando a professora.- Tenho um apetite voraz e os mais profundos delírios, você pode ate me empurrar de um penhasco que eu vou virar e dizer: e dai? EU ADORO VOAR!!”

-muito interessante senhorita sanderson.- disse a professora alterando a voz e franzindo a testa para Mary.-com certeza você domina a literatuea, mas aqui em sallen isso não vai adiantar muito. Aqui gostamos de pessoas normais, que não tomam venenos, não possuem idéias loucas e que não pulam de penhascos.

-É uma pena,- disse Mary sarcástica.- quem sabem se tivesse mais pessoas assim por aqui o lugar não fosse mais animado.

-Não queremos um lugar animado srta, queremos um lugar descente.- disse a professora severa.

-Então os professores devem cumprir com seu papel de educadores e ensinar o que são pagos para ensinar.- disse Mary encarando a professora sem medo.- ao invés de ficarem criticando a “personalidade” dos alunos.

-Aquele que não gostar dos meus métodos tem toda a permissão para sair da sala srta.- disse a professora com um tom de quem estava se aborrecendo.

-Não tente os alunos professora.- disse Mary irônica.

-Não srta, não. Tentação não faz parte de nossos métodos.- disse a professora dando as costas a Mary e se voltando para a classe.- certo classe vamos continuar a partir do ultimo exercício.

A professora não falou mais com Mary pelo resto da aula, na verdade nem se quer olhou para Mary de novo, mas a garota não se incomodou, na verdade sentia que ainda ia ter muita coisa encrenca pela frente com a professora Medelaine.

A aula acabou e Mary correu até o banheiro antes da terceira aula, enquanto retocava o batom drici entrou, ao reparar que Mary estava no local drici baixou a cabeça e entrou o mais rápido que pode no boxe.

Mary resolveu esperar a garota sair, não sabia porque, mais achava que drici tinha medo ou ficava envergonhada ao olhar para ela, ou ao falar com ela ou ao ficar perto dela, então só para irritar, como sempre fazia, resolveu esperar drici sair do banheiro.

Quando drici saiu do banheiro e viu Mary sentada na pia levou um susto e ficou vermelha como eu pimentão.

-o que foi por que o susto?- perguntou Mary como quem não quer nada.

-Não é nada.- disse drici num sussurro.

-Ei fale mais alto nem te ouço direito.- disse Mary levantando-se da pia e se aproximando da garota.- você fala muito baixo, como se tivesse medo que as pessoas te ouvisse; aposto que você tem mó vozeirão escondido ai, põe ele pra fora.

-Não. Eu falo assim mesmo.- disse drici tímida.

-Hum...ta bom. E por que você se esconde tanto atrás dessas roupas de velha?- continuou Mary sem se importar em escolher as palavras.- você é bonita, devia mostrar mais essa beleza, é tão tímida! É como uma lagarta dentro de um casulo, mas acontece que você já é uma borboleta, então acho que já esta na hora de sair não acha?

-Não! Licença...estou atrasada.- os olhos de drici se encheram de lagrimas e com um soluço sufocado ela saiu correndo do banheiro.

-Ah fala sério! Vai ser mais difícil do que eu pensei.- suspirou Mary jogando a mochila nas costas e indo para a sala.

A terceira aula foi de ciências, sheila teve que passar quase a aula inteira cutucando Mary para que a garota não dormisse no meio da explicação. O professor Gerson não era rabugento, nem fez nenhum comentário ou expressão sobre Mary, mas era um tédio,falava divagar e monotonamente sobre o corpo humano e Mary não agüentou e muitas vezes quase caiu no sono.

Quando a sineta tocou anunciando o final da aula Mary e quase todos os outros alunos saíram correndo da sala para o sagrado intervalo que em fim tinha chegado.

-essa com certeza é a melhor hora do dia.- disse sheila indo para a cantina com Mary atrás. – agora da pra conhecer melhor cada grupo da escola. Eu vou te mostra.

As garotas chegaram numa grande cantina cheia de mesas, e cada mesa se destacava por seus ocupantes: na primeira que Mary avistou havia um grupo de rapazes fortes que riam alto e tinham cara de machistas, que reconheceu imediatamente como o time de futebol; em outra estavam as garotas da torcida, em outra Drici e um grupinho de garotas e garotos com rostos tímidos e inteligentes, outra Mary reconheceu imediatamente como a mesa dos nerds, onde havia um grupo de meninas e meninos cheios de espinhas no rosto, com óculos, aparelhos de dente e cabelos lambidos; na outra havia um grupo de garotas gordinhas, algumas com cara de animadas, outras mais tímidas, na outra o pessoal que Mary conheceu na lanchonete: Márcia a inteligente, patrícia estolls a gordinha sem expressões, kátia Wilson a magrela de óculos fundos de garrafa e olhar imbecil, Pool Lee o nerd de cabelos penteados grotescamente de lado e Rafael Smith o garoto que tinha pedido pra ficar com uma das garotas da torcida. Nas outras havia um pessoal normal, sem sal nem açúcar que não interessaram a Mary.

-Mas com qual desses grupos você fica?- perguntou Mary a sheila.

-Um pouco em cada,- respondeu sheila observando cada grupo com atenção.- não tenho um grupo certo, faço uma média em cada um deles, exceto no grupo da torcida e do futebol é claro, mas fico onde estiver menos ruim.

-Hum... e onde vamos ficar hoje?- quis saber Mary, pela primeira vez realmente perdida.

-Bem, não sei, escolhe você, qual você acha menos ruim?- respondeu sheila também indecisa.

Mary passou novamente os olhos por todas as mesas da cantina, e resolveu que ia se sentar com o pessoal da lanchonete, pelo menos já sabia seus nomes, já era um bom começo.

-vamos ficar com o pessoal da lanchonete, eles parecem legais.- disse por fim, porem ainda desejando ter uma opção melhor.

-Ok então, mas vamos pegar nosso lanche se não vamos ficar pastando.- disse sheila.

As garotas estavam indo para a fila do lanche quando um garoto alto, forte e moreno, com olhos cor de mel e cabelos arrepiados, se levantou da mesa do time de futebol e entrou na frente de Mary.

-puxa quem é você belezinha?!- perguntou ele com cara de safado.- com certeza é nova aqui, não existem garotas tão gostosas assim aqui em sallen.

-É eu reparei,- disse Mary não gostando nada do comentário do rapaz.- e não existem caras com muitos miolos também.

-Ai! Não precisa fica nervosinha gracinha.- continuou o cara se aproximando mais de Mary.- eu só quero conversar.

-E eu só quero passar, da licença!- e empurrando o cara pro lado Mary saiu correndo para a fila.

-puxa Mary o que você estava falando com o san? – perguntou sheila interessada.- ele é o capitão do time de futebol, é um chato, mas também é um gato!

-Ah, aquele filho da puta veio dar em cima de mim.- disse irritada.- ãr, odeio caras assim que vem se achando o tal pra cima da garota. Ele é um grosso horroroso!!!

-Ah, isso é verdade, ele também é cheio de ficar zoando as meninas feias,- disse sheila concordando com Mary.- ele deveria ser como o George.

-Quem é George?- perguntou Mary apanhando uma bandeja onde a mulher da cantina colou um sanduíche, uma gelatina verde que mais parecia meleca alienígena e uma caixinha de leite.

-É o namorado da Regina, não se lembra que eu te falei?- respondeu sheila apanhando uma bandeja também.

-Ah, é mesmo. E por falar nisso onde esta ele? Não o vi por aqui.- disse Mary procurando o garoto pela cantina.

-Esta ali na mesa da Regina não esta vendo?- respondeu sheila se encaminhando para a mesa que haviam escolhido.

Mary olhou para a mesa da torcida, não havia olhado com atenção a mesa das garotas, por isso não notou que sentado ao lado de Regina estava o garoto de olhos verdes e cachos vermelhos, com sua habitual cara de tédio; e ali ao lado de Regina, que falava sem parar com as amigas e mal olhava para ele, George parecia ainda mais entediado e até mesmo diminuído diante da garotas que falavam e davam altas risadas, sem nem ao menos olhar para ele.

-acho que ele não queria estar lá.- disse Mary.

-você acha? Eu tenho certeza.- disse sheila puxando uma cadeira e sentando-se na mesa do pessoal da lanchonete.- e ai galera!?

-Oi sheila.- responderam todos pouco animados.

-Eu e Mary vamos nos sentar aqui hoje, podemos?- perguntou sheila já sentada.

-Claro.- responderam sem mais nem menos.

-Oi pessoal, e ai o que pega por aqui?- cumprimentou Mary sentando-se ao lado de sheila.

-Ah...como assim o que pega?-perguntou pool, o nerd.

-O que esta acontecendo, quais são as novidades, essas coisas.- respondeu Mary dando uma grande mordida no seu sanduíche.

-Ah...nenhuma, nós nunca temos nenhuma novidade.- disse kátia com um olhar imbecil olhando para Mary.- passamos o dia em casa, e em nossas casas é tudo normal.

-Puxa mas que chato né?- disse Mary.

-Chato? Por que?- perguntou patrícia, a gordinha.

-Ora, passar todos os dias sempre na mesma coisa, sem nunca ter uma coisa nova ou emocionante. Deve ser bem chato.- disse Mary.- vocês não sentem falta de uma coisa nova, algo diferente, mais empolgante e emocionante? Não sentem falta de mudar esse dia-a-dia que é sempre igual?

-Ah, ás vezes sim.- respondeu kátia pensativa.- às vezes é meio tedioso ficar só dentro de casa, e até mesmo quando vamos a lanchonete é tedioso, é sempre a mesma coisa, nunca muda. Às vezes realmente cansa.

-Bem, eu não acho ruim não, quer dizer, eu sempre fico em casa lendo meus livros de ciência.- disse pool.

-Ah pool ficar lendo livros não é legal,- disse Rafael.- eu gostaria que acontecesse algo de novo aqui, quem sabe uma festa, eu sempre quis ir a uma festa; quando minha mãe não esta eu vejo televisão e vejo as festas, parecem ser tão legais, com musica alta, dança e garotas...lindas garotas!

-Ah Rafa você só pensa em garotas.- disse patrícia.

-E você só pensa em garotos,-disse Rafael.- eu sei que você sempre quis ficar com Roger Muniz.

-Ah o Roger é feio.- disse kátia fazendo uma careta.

-Não é não!- defendeu patrícia.- e não a nada de errado em gostar de um garoto.

-E também não a nada de errado em querer uma festa com lindas garotas.- disse Rafael.

-É o rafa tem razão,- disse pool.- eu também gosto de garotas, queria poder chegar perto de uma um dia, uma bem bonita.

-Então por que não fazemos uma festa?- sugeriu Mary.- ai convidamos umas garotas bem bonitas e Roger Muniz. (seja lá quem for ele). O que acham?

Ninguém respondeu, todos olharam Mary boquiabertos, como se ela tivesse dito algo extraordinário e ao mesmo tempo horrível, algo quase impossível.

-uma festa...?- repetiu kátia pasma.

-Sim uma festa. Por que? Vocês não acham uma boa idéia?- repetiu Mary.

-É que nunca iriam nos deixar fazer uma festa aqui.- disse patrícia pensando sonhadora e deprimida na idéia.- as únicas festas que são permitidas são festa de crianças, idosos e de aniversario que são bem toscas.

-Por isso, vamos fazer uma festa maneira pra abalar geral.- disse Mary se empolgando com a própria idéia.

-Você não entende?- perguntou Márcia de repente num tom brusco, falando pela primeira vez.- as pessoas aqui são muito rigorosas e religiosas, não permitem festas nem essas coisas do mundo, dizem que são coisas do diabo. Nunca iam permitir que fizéssemos uma festa, nos trancariam dentro de casa e nos dariam uma surra se tentássemos.

-Mas quem disse que alguém tem que permitir?- insistiu Mary sem desistir.- podemos fazer num lugar bem reservado, onde as pessoas não vejam, ninguém precisa saber.

-E você acha que isso vai dar certo?- perguntou Márcia num tom irônico e achando a idéia péssima.

-Acho, tenho certeza que existe um lugar mais reservado por aqui.- disse Mary não gostando nada do tom da garota.

-Ora, você esta muito iludida sobre esta cidade Mary,- disse Márcia de um jeito que a fazia parecer com uma das velhas fofoqueiras.- aqui não vai ser tão fácil bagunçar e nem fazer as suas anomalias que você esta acostumada. Aqui as pessoas são sérias e os adultos estão de olho vinte e quatro horas, essa coisa de festa não acontece por aqui, e se você tentar aprontar alguma coisa só vai se dar mal.

-Não estou iludida sobre este moquifo não Márcia querida,- disse aborrecida com o comentário.- desde o momento em que cheguei soube que este lugar era um saco, que o povo daqui era parado e chato e que não acontecia nada de legal aqui. Você é quem esta iludida pensando que a vida é só igreja, casa e escola. Você que se ilude pensando que as pessoas podem nos privar daquilo que queremos, que podem nos proibir de viver nossa vida da maneira que queremos, que podem controlar até nossos pensamentos. Você é quem esta mal, porque esta presa em um mundo que te obrigam a viver, um mundo sem sal nem açúcar, e o pior de tudo: você não quer sair, não quer se libertar, já esta acostumada a ser mais uma prisioneira. E se deixar eles vão te aprisionar para sempre.

Mary pegou sua bandeja e saiu da mesa, não queria mais ficar perto de Márcia, ou voaria no pescoço dela.

-ah e mais uma coisa,- disse Mary voltando-se para Márcia.- você parece uma velha rabugenta falando, parece medelaine.

E saiu andando.

Mary ficou tão aborrecida com Márcia que não viu nada que aconteceu nas ultimas aulas, e a única coisa que a animou naquele primeiro e terrível dia de aula foi exatamente o fim das aulas. Saiu quase correndo da escola quando tocou a sineta, mal se despediu de sheila e correu para casa, a única coisa que queria era voltar para casa e sair de perto daquele povo chato.

******************CONTINUA***************************quem gostou comenta.

quem não gostou comenta tbm.

valeu!!!!

Caroline Mello
Enviado por Caroline Mello em 11/02/2008
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