Brigadeiro a Flores - Cap. 32: Volta inesperada

O beijo dele é tão gostoso. Ele tem a boca macia. Suas mãos em minhas costas e nuca, são tão fortes e acolhedoras. Quem imaginaria que aquele idiota seria tão terno comig... Pera! O que eu estou fazendo? Erva empurrou Bernardo e se afastou. "Não, isso não está certo!"

"O que foi?" Bernardo perguntou sem entender.

"Isso. Isso não pode acontecer."

"Por que não?"

"Você não gosta de mim, Bernardo. Olha para nós. Como você pode gostar de mim? Eu e você somos muito diferentes, classes diferentes, comportamentos diferentes. Eu... Eu... Eu vou para a universidade de uniforme, você não." O que eu estou dizendo? "Você viaja para fora quando bem entender, eu tenho que contar dinheiro para poder comprar livros. Nós não temos nada a ver. Você está errado." Erva falava rapidamente. Ela estava nervosa com a situação: uma parte de si havia gostado do beijo, mas outra, a maior parte de si, gritava que isso estava errado e ela estava se deixando levar pelo momento.

"Entendi, então agora eu não sei meus próprios sentimentos". Bernardo disse alterando um pouco o tom de voz. Ele estava ficando bravo com aquele raciocínio dela.

"Sim. Quer dizer, não." Erva estava confusa. "Você está confundindo as coisas."

"Eu estou?"

"Sim, você está se deixando levar pelo momento. Você está arrependido por tudo o que fez comigo, a tarja, aqueles idiotas, e daí você acha que gostando de mim, me tratando bem, me ajudando, é uma forma de se redimir." Ela raciocinava enquanto falava. "Sim, é isso. É o momento. Você não gosta de mim."

"Você tem noção das coisas que está dizendo após eu criar coragem e me declarar para você?"

Erva percebeu que ele estava bravo. Ele não pode gostar de mim. Os dois ficaram se olhando e Erva desacelerou. "Como você pode gostar de mim?" Erva o olhava séria. "Como você pode dizer que gosta de alguém que só discute com você? A gente só briga, discorda... Eu já te soquei. Como?"

"Não sei. Para mim isso é passado."

"Não para mim." Ela disse e percebeu que o olhar dele mudara. "Eu ainda lembro daqueles meninos me prendendo na sala de anatomia. Não posso simplesmente passar uma borracha em tudo."

"Eu entendo. Mas eu não sei o que fazer para você me perdoar."

"Talvez não exista nada que você possa fazer. Então... Então esqueça isso tudo. Você não tem sentiment..."

"Para de dizer isso!" Bernardo falou com raiva. "Eu gosto de você." Ele disse mais uma vez, certo de seus sentimentos.

"Eu preciso ir." Erva disse em direção a porta.

"Erva..." Bernardo a chamou e ela parou com a mão na maçaneta. "Eu disse do fundo do meu coração, por favor, não ignore isso." Ele não a olhou quando disse, mas Erva o olhou e percebeu uma tristeza em suas últimas palavras. Ela saiu do quarto sem dizer nada.

Erva falou com sua mãe, disse que iria dormir na casa de Bianca pois a amiga estava preocupada com algumas coisas da faculdade. Para o trabalho na Brigadeiria, Erva contou a verdade, Dona Esmeralda compreendeu e deu o dia de folga para a garota. Bianca ficou preocupadíssima, mas se tranquilizou quando soube dos cuidados que Erva já tinha tido.

A bolsista não contou para ninguém o que aconteceu entre ela e Bernardo. Ela não saiu do quarto que as empregadas haviam preparado para ela. Passou o resto do dia e a noite pensando em tudo o que acontecera desde que ela conhecera os F4.

No dia seguinte, Erva acordou bem cedo, mal conseguira dormir por causa de seus pensamentos.

"Bom dia, Erva! Como está?" Uma empregada entrou no quarto trazendo um carrinho com comidas e bebidas e um uniforme da faculdade. "Bernardo já foi para a faculdade, ele disse que precisava resolver uns assuntos bem cedo, mas nos deixou encarregada de trazer café da manhã e também um novo uniforme. O seu outro, nós tentamos limpar, mas estava muito encardido."

"Ah. Bom dia! Entendi. Obrigada por toda a ajuda de vocês." Erva disse sem graça. Devia estar encardido, pois só tinha ele desde que entrei na faculdade. Ela aceitou o novo uniforme e o café da manhã. Na ida para a faculdade, as empregadas insistiram que ela fosse com o motorista, mas Erva fez questão de ir de ônibus, levaria mais tempo, mas ela não quis abusar da boa vontade de todos.

Na universidade, Erva abriu o armário e encontrou um bilhete. "Me encontre no estacionamento principal. Ass. BE." O que ele quer?

O estacionamento estava cheio e no meio da roda que se formara de pessoas, havia uma espécie de parede de feno. Quando Erva chegou mais perto, viu os meninos que a machuram amarrados um ao lado do outro, com uma maçã em cima da cabeça.

"Erva!"

"Erva, nos perdoe."

"Por favor, ele é louco, eu não quero morrer".

Os meninos disseram assim que Erva chegou mais perto deles. Ela viu que Bernardo, de uniforme, segurava um arco e flexa, e Carlos e Fagundes observavam a situação tranquilamente.

"O que está fazendo?" Ela questionou o garoto de cabelo enrolado.

"Ah. Você! Estava te esperando para dar o ponta-pé. Pegue." Ele lhe deu o arco e flexa. E Erva franziu a testa.

"Descobrimos quem está por trás do perfil do spotted. Esses caras foram pagos para te machucarem." Carlos disse.

"Foi tudo armado, Erva. Sentimos muito." Fagundes completou.

"Armado?"

"Sim, queriam me atingir. Me perdoe por isso." Bernardo falou com um olhar arrependido.

"E quem fez isso?"

"Melhor falarmos depois." Carlos disse. "O importante é você saber que algumas pessoas se deixaram levar pelo ocorrido, mas a maioria estava sendo paga, esses 4 principalmente."

"Nos perdoe, Erva." Um deles gritou.

"Cale a boca! Vai, Dana, acerte a maçã na cabeça dele." Disse Bernardo. "Ou o pescoço." Ele riu.

"Você é doente." Carlos falou para o amigo.

"Verdade, ele pode morrer. Não ria dessas coisas." Fagundes completou.

"Aff. E tem mais aqueles três ali." Bernardo ignorou os amigos e apontou três meninos no chão, amarrados. Erva os reconheceu.

"Eles são..."

"Sim, os idiotas que tentaram te machucar na sala de anatomia."

"Entendi." Ele está tentando fazer eu me vingar de todos esses caras para me sentir melhor. Ele prestou bem atenção no que eu disse ontem, até veio de uniforme. Idiota!

"Você vai ficar melhor acabando com eles?" Bernardo disse e ficou um pouco vermelho. Erva sorriu sem mostrar os dentes. Ele está fazendo isso tudo porque gosta mesmo de mim? Ela ficou o olhando e se sentiu um pouco quente.

"Você vão ficar se olhando assim ou vão fazer algo?" Fagundes perguntou.

"O quê?" Bernardo disse sem jeito. "Não estamos nos olhando. Idiotas!"

"Estava sim, e sem jeito. Aconteceu algo?"

"Não aconteceu nada!" Erva disse e entregou o arco e flecha para Bernardo. "Eu não vou fazer essa violência." Apesar de na minha cabeça eu ter vontade de fazer esses idiotas pagarem. "Já chega."

"Obrigado, Erva. Você é uma santa!"

"Obrigado!"

"Você é muito boazinha!" Bernardo disse com um sorriso.

"Você que é exagerado. Acordou cedo para trazer essas coisas aqui?"

"Não fui eu quem trouxe, mas sim."

"Isso é perigoso. Não faça mais isso!"

"Aiai."

Em meio aos dois discutindo, choro dos meninos presos, a multidão cochichando sobre, uma ferrari cortou o meio do estacionamento e parou perto deles. Todos paralisaram e olharam para ver quem saia do carro.

"Benício?" Erva balbuciou ao ver o cabelo castanho, agora mais comprido, saindo do carro sorrindo.

"Que grande recepção!" Disse.