Atrás do Queirós...

Há coisa de 3 anos, ou 4..., conheci o Bartolomeu Campos Queirós, depois de vê-lo referenciado em alguns escritos sobre Pitangui. E com efeito, o primeiro livro de sua autoria que li, Por parte de pai, é encenado, em boa parte na casa de seu avô, o velho Joaquim Queirós, que ainda em menino, cheguei a conhecer, justamente antes de nossos fundos de quintal se fundirem. Explico: quando o Queirós avô se foi, nos anos setenta, sua filha, Lia, nos vendeu boa parte daquele quintalão que hoje é espaço de criação de galinhas e de plantação de bananeiras.

Ao neto Bartolomeu, que morou com o avô por um breve tempo, possivelmente no início dos anos cinquenta, logo que caiu na orfandade materna, em Papagaios, jamais cheguei a ver senão através de sua obra biográfica que, na minha percepção, o faz um dos mais brilhantes escritores das Gerais, e até de mais e mais.

E há umas poucas semanas resolvi ir a Papagaios, sita a uns quarenta quilômetros de Pitangui, para conhecer a Casa de Bartolomeu. Era uma manhã ensolarada de um sábado e após dar uma voltinha protocolar na simpática cidade das pedras, localizei facilmente a referida morada, bem num cantinho da rua de Dona Petita. Infelizmente a casa estava fechada e me permitiu apreciar apenas seu aspecto exterior: estilo colonial, bem preservada, pintada de fresco, paredes amarelas e portas e janelas azuis, telhas portuguesas, e uma construção ao lado, em andamento, estilo moderno, destinada a ser um Centro Cultural da cidade.

Se impossível entrar, ou pelo menos obter informações escritas ou verbais sobre o funcionamento da casa, não me importei tanto. A sensação de estar ali, onde provavelmente se criou o menino Bartolomeu, já valeu. Afinal já havia lido então quase toda a sua obra literária e, com certa regularidade frequento a livraria Quixote, na Savassi em Belo Horizonte, que foi seu refúgio e refrigério, por longos anos e que até mesmo inaugurou um espaço a ele dedicado.

Junto com uns amigos dele, e meus, costumamos nos reunir ali nos finzinhos de tarde das segundas-feiras no que chamamos de Tertúlias

Quixotescas e, além das homenagens de praxe, buscamos em comunhão, a sua inesgotável e inolvidável inspiração. Somos sete:

Olavo, Octávio, Epiphânio, Edmundo, Francisco, et moi. O sétimo é o sujeito semi oculto William que por força do ofício, vive no Paraguai,

mas que sempre se junta a nós, com sua por vezes silente e por vezes estridente, voz de Foz. Só pra rimar, ou rir mais, com Queirós...

Paulo Miranda
Enviado por Paulo Miranda em 16/03/2020
Reeditado em 17/03/2020
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