Quando o passado pede passagem
- Ah! Olha esse sorriso de quem está apaixonada. – Missaire brincou, cutucando Marine na barriga. As duas caminhavam para a saída após mais uma aula da faculdade.
- Estou mesmo. Olha isso. – Ela passou para a amiga um papel onde desenhara Leonardo em traços realistas. – Eu estou realmente muito apaixonada. É horrível! Não desejo isso ao meu pior inimigo.
- Caralho! Ficou foda! – Missaire reparou na expressão repentinamente triste da outra. – O que foi?
- Eu não sei. Digo... Quando nós estamos juntos o Leo é meu, sabe? Realmente meu, mas não por completo. É como se...
- Se...?
- Ele estivesse preso em algo ou alguém.
- Você acha que na Cris?
- Também. Preso na própria dor que ela causou, sabe? E junto com isso tem a mentira sobre o relacionamento deles. Hoje eu dormi na casa dele e pela manhã o Renan foi lá me procurar. Não quis saber o que ele falou, embora soubesse que era eu o assunto. Na vinda para cá mal conversamos. Ele parecia pensativo com algo.
- Ele vem te buscar?
- Não. Ao menos ele disse que não, por quê?
- Bem, tem um carro estacionando ali, acho que é ele, não?
Marine se virou no exato momento em que Leo desceu do carro.
- Ei! – As duas seguiram na direção dele. Missaire, atrás de Marine, gesticulou para que Leo não esboçasse nenhuma reação, pois ele já havia a reconhecido. – Pensei que não vinha hoje!
- É. – Ele tentou disfarçar, olhando para Marine. – Resolvi aparecer.
Missaire observou o momento em que os dois se olharam intensamente e o rapaz foi abraçado carinhosamente por uma apaixonada Marine.
- Deixa eu te apresentar minha amiga. Leo, essa é a Missaire. Miss, esse é o Leo.
- Famoso Leonardo! - Missaire e Leonardo trocaram dois beijos no rosto. – Apenas disfarce, depois conversaremos sobre isso. – Sussurrou. – Como está?
- Bem e você?
- Estou bem também!
- Ótimo!
Marine olhou na direção da entrada da faculdade quando viu uma de suas professoras a chamando.
- Já volto.
Eles esperaram a garota estar distante o suficiente para enfim, falarem.
- Sim, eu sei. É coincidência demais, mas somente finja que não me conhece.
- Você sabe do Renan?
- Eu sei de tudo.
- Nós precisamos conversar, Missaire.
- Eu sei. Anota meu telefone, rápido. – Ele pegou o celular no bolso e digitou os números conforme ouvia a outra falar. Leo guardou o aparelho e Marine voltou. – Então, eu vou para casa! Você tem carona hoje.
- É! Obrigada viu, amiga? Você é maravilhosa! – As duas se abraçaram. – Até amanhã!
- Até! Tchau para você, Leonardo!
- Tchau!
Marine e Leo a viram partir em direção a sua moto vermelha. Ele sorriu ao ver o veículo. Era exatamente a cara de Missaire ter um moto.
- E aí, a que devo a honra?
- Honra?
- É sempre uma honra vê-lo, meu amigo!
- Engraçadinha.
Entraram no carro dele e Marine se ajeitou no banco. Usava uma saia jeans e uma camiseta básica. Leo queria entender como ela conseguia ser sexy e tão simples ao mesmo tempo. Balançou a cabeça, em negativa, não era esse o foco de sua conversa.
- O que foi?
- Acho que nós precisamos conversar.
- Acha, Leonardo? – Ela arqueou a sobrancelha e jogou os longos cabelos para frente. – Esse é o momento que terminamos nosso relacionamento e eu choro horrores?
- Dá para você parar de gracinha?
- Ih, alguém está de bode hoje! Fala aí!
- Renan veio falar comigo hoje cedo... – O carro deu partida. – Sobre você. – Marine fingiu surpresa. – Você está debochando porque não sabe o que ele me pediu.
- Pediu para você me internar?
- Não. Pediu para eu descobrir o motivo de você estar rejeitando ele. - Marine franziu o cenho, confusa. – Disse que de uns tempos para cá você está distante.
- É tão difícil para ele aceitar que não quero mais transar?
- Ele se acha seu dono, Marine.
- Ele não é meu dono.
- Certo, mas vocês criaram essa relação há um bom tempo. Ele me falava de você na adolescência e sempre era num tom de “eu tenho quando quero”. Me deu nojo, de verdade!
- E você disse o que para ele? – Marine sentiu-se inevitavelmente suja.
- Eu não disse nada.
- Não. Algo você disse! Para vir falar essas asneiras ditas por ele, é porque aceitou. Sério!
- Não, Marine. Eu só estou te falando porque o Renan faz parte das nossas vidas. Você age como se ele não existisse mais, mas não é assim! Ele é o meu melhor amigo e é seu primo!
- A única coisa que eu posso fazer é falar para ele a verdade sobre nós dois.
- Não tem verdade alguma sobre nós dois, Marine.
- Como não tem?
- EU NÃO QUERO SER O SEU NAMORADO! VOCÊ NÃO ENTENDE ISSO? VOCÊ E O RENAN SE MERECEM!
A declaração assustou tanto Marine quanto Leonardo. Ela o olhou, embasbacada. Os olhos piscaram, diversas vezes, resultando em lágrimas. Leo escondeu a mão no rosto, arrependido. Só se falaram quando o carro estacionou na frente da casa dele. Aos prontos, ela abriu a porta do carro com raiva e saiu em direção a casa de sua tia. Leo a alcançou na metade do caminho.
- Para!
- VAI PARA O INFERNO, LEONARDO! – Ela o socava, com raiva. – ME SOLTA!
- Eu falei a verdade sobre o namoro, Marine! Desculpa se a magoei, eu nem sei o que nós pretendi.. – Ele não pode completar a frase, pois Marine o estapeou com muita força.
- Eu disse para você ir para o inferno, Leonardo.
Lentamente, Marine foi solta por ele. E em passos largos, seguiu para casa.
- Ei! - Ao ouvir a voz de Renan, Marine limpou as lágrimas com raiva. Ele parou, no meio do corredor e a observou, confuso. – Tudo bem?
Um curto filme passou pela cabeça dela. Lembrou da primeira vez que se beijaram, depois da primeira vez que ele lhe deu um orgasmo, as brigas, o sexo vazio, a carência, a confusão de sentimentos. Não sabia definir o que sentia naquele momento, mas quis desesperadamente que tudo voltasse a ser como era antes daquela festa com Leonardo.
- Cara, eu juro por Deus que se você não... – Renan foi surpreendido por um beijo. Ele segurou a prima pela cintura, delicadamente. Recordando com uma amistosa saudade das curvas dela. Os dois pararam no sofá, mas Marine se jogou no chão, pois sexo no sofá a fazia lembrar de Leonardo. Ela estava ali com Renan prestes a mais uma noite de sexo sem sentimentos porque precisava, ironicamente, esquecer do melhor amigo dele. – Por que você está chorando?
- Senti saudades de você. - Era o que o egoísta Renan precisava ouvir. E se Leo achava que os dois se mereciam, ela faria suas palavras se tornarem realidade. – O que foi?
- Você é muito linda e minha, sabia?
- Sim, eu sempre soube.
No fim, o contrato com o diabo tinha sido restabelecido.
- VOCÊ O QUE? – Missaire baixou o tom de voz ao notar que as pessoas na lanchonete olhavam para ela. – Você está me zoando, sério!
- Não. Eu transei com Renan no chão da sala, por horas. Ele foi incrivelmente decente comigo. – Era notável o quanto Marine estava magoada. - Lógico, né? Agora que eu não sinto mais nada por ele, nem tesão, ele decide me tratar direito. Sei lá, talvez eu decida namorá-lo. Assim o imbecil-mor do Leonardo fica feliz.
- Marine, mas...
- Acabou, Missaire. Eu e Leonardo acabou. Chega! Eu já me humilhei demais.
Missaire olhou a amiga, em silêncio. Ela não podia deixar que uma história como aquela simplesmente acabasse e novamente Renan vencesse com seu egoísmo e manipulação. Teria que agir e o quanto antes.
- Eu vou voltar para a aula, estou sem ânimo para milk-shake e lanche.
- Eu já te encontro lá, beleza?
- Ok, não demora! – Marine pegou sua mochila e saiu. Missaire esperou que ela seguisse o caminho até a faculdade para ligar para Leonardo.
“Alô?”
- Leonardo? Missaire.
“Ei! Aconteceu alguma coisa com a Marine?”
- SIM! Aconteceu que ela está surtada! Eu ouvi “Renan” e “namoro” na mesma frase, Leo! Pelo o amor de Deus, eu passo anos longe e quando volto vejo você se anular por causa daquele traste manipulador?
“Miss, não é assim...”
- Não, Leo! Eu conheço a Marine faz pouco tempo, mas já vi essa garota ir do céu ao inferno por sua causa! Ela está apaixonada e quer estar com você! Por que você a empurra dessa forma para o Renan? Será que você não lembra o que ele me fez?
“Claro que eu lembro...”
- Olha, nós precisamos conversar... E muito sério.
“Sexta a tarde, pode ser?”
- Sim, fechado. Eu te ligo para combinarmos um lugar.
(...)
- Marine. - Ele entrou no quarto dela, tentando bloquear todas as lembranças envolvidas. Ela continuou estudando suas criações, fingindo não notá-lo. Não queria ter que entrar no quarto dela, mas Lana, a mãe de Renan o obrigara a dar um recado para ela. – Eu sei que nós não estamos conversando, mas a sua tia me ligou, pediu para te dar um recado. - Ele mal conseguia ouvir a respiração dela. – Certo... Hã, não é bem um recado. Ela quer que você vá para o interior.
Ela o olhou friamente e soltou um risinho debochado. Levantou-se e foi até seu guarda-roupa, tirou um estojo e voltou a sua escrivaninha.
- E posso saber porque minha tia ligou para você? – Leo sentiu o coração disparar ao ouvir a voz zangada de Marine.
- Renan disse alguma bobagem sobre eu conseguir convencer você a tudo. Acho que ela acreditou.
- Bobagem não, ele falou a verdade. Inclusive, estou pensando em namorar com o meu adorável primo, pois como você mesmo disse, nós combinamos... – Ela pôs a mão no queixo, fingindo refletir. – Ah, não. Minto. Você disse que nos merecemos, não é?
- Marine.
Ela não entendeu porque Leo não demonstrou surpresa. “O filho da puta não sente nada por mim”. Tentou se manter ali, parada, sem tomar nenhuma atitude da qual se arrependeria, mas a impulsividade falou mais alto e partiu para cima do rapaz.
- Sai do meu quarto! – Ele segurou as mãos dela. - MEU DEUS, EU NÃO ACREDITO QUE ISSO ESTÁ ACONTECENDO!
- PARA, MARINE! EU NÃO SEI O QUE VOCÊ ESTÁ PENSANDO, MAS PARA! - Ela o jogou na parede, com raiva. Não demorou muito e estava chorando. O corpo que se defendia virou o corpo que abraçava de forma contemplativa, até acalmá-la. – Shh... Calma. Você pensa demais e só pensa idiotice.
- Eu não aguento mais você, eu não aguento... – Ele a silenciou com um selinho. As unhas dela que antes fincavam na pele dele, agora o sentiam. Leo trocou de posição, jogando-a na parede. Os dois se beijaram de forma apaixonada, intensa e dolorosa. Marine se amarrou na cintura dele, até quase virarem uma coisa só. Ela sentiu o coração dele bater muito forte e colocou a mão sob seu peito. Ele sorriu, no meio do beijo. – Eu estou completamente apaixonada por você.
“Marine?? Voltei!”
Leo se afastou dela, ficando de costas para evitar olhar para Renan. Antes, pôde vê-la limpar as lágrimas.
- E aí, irmão! – Renan entrou no quarto.
- Opa! – Leo se virou com um sorriso no rosto e viu o exato momento em que ele deu um selinho em Marine e depois a abraçou de lado. Preferiu não ter visto aquela cena.
- Já está sabendo? – A figura feminina o olhou, confusa. – Não contou ao nosso best friend?
- Contou o que? – Leo quis saber, exibindo um sorriso nervoso.
- Marine e eu estamos juntos!
- RENAN! – Ela exclamou, dando um tapa nele.
- Ai, garota! Era para fazer surpresa?
Marine olhou brevemente para Leo. Ele parecia surpreso com as palavras do amigo.
- Uau, sério? – Marine escondeu as mãos no rosto, visivelmente humilhada com aquela situação. Se antes já estava difícil, agora, com essa revelação de Renan, tudo ficara pior.
- É. Ela chegou em casa chorando, aí depois me beijou e nós trans... – Marine tapou a boca dele, desesperadamente. Leo forçou um sorriso, fingindo alegria pela animação de Renan. “Por que isso me incomoda tanto? Era o que eu queria, não?” – Perguntou-se, encenando da melhor forma possível para fazer com que aquilo soasse normal.
- Cala a boca! Você está com a Cristina!
- Não estou não!
Ela nunca odiou tanto o primo como naquele momento.
- Fico feliz por vocês, sério! – Marine fitou Leonardo por algum tempo. Ela implorava com o olhar para que ele a salvasse daquilo. – Hã... Marine, como eu dizia. Sua tia quer que você vá para o interior. – Olhou para Renan, abraçado com Marine. Sentiu o estômago girar. – Você também Zé Mané.
- Vamos de moto! – Ele olhou para Marine, animado. Era egocêntrico demais para notar o quanto a prima estava desesperada no seu próprio silêncio. Se ficasse mais um minuto passando por aquilo, Marine logo vomitaria.
- Não. Sua mãe pediu para eu levar vocês. Lembra de como ela falou um monte por causa da sua moto?
- Cara, minha mãe é muito chata!
- Bom, sábado de manhã passo aqui para partimos. – Ele cumprimentou o amigo de forma solene. – Fico feliz que vocês tenham se acertado. - Marine não o olhou. – Tchau!
Leo saiu do quarto ouvindo Renan se defender de uns tapas da prima. Aproveitou para retomar algumas frases ditas naquele desconfortável momento e revirou os olhos. Aconteceu da forma que ele queria, mas estava sendo contraditório consigo mesmo. Não deveria sentir incomodo com o namoro dos primos. Não deveria sentir ciúme. Não deveria sentir raiva de Marine por ter transado com Renan depois de brigar com ele. Não deveria odiar o melhor amigo por mais uma vez vencer e com facilidade. Não deveria ter um sentimento de inferioridade. Sabia que era bom. “Tudo bem, a Cristina me magoou profundamente, mas eu ainda sou bom”. Não deveria sentir nada disse, porém sentia e muito. Sentia porque era apaixonado por Marine.
Já na rua, rumo a sua casa, pegou o celular, buscou um nome em sua agenda e discou.
“E aí, Leo!”
- Oi, pode me encontrar agora?
“Posso. Lembra aquela praça que nós íamos depois da escola? Aquela próxima ao metrô?”
- Lembro. 30 minutos e estarei lá.
“Beleza!”
(...)
Leonardo estacionou o carro próximo à praça e viou Missaire sentada em um banco de madeira, não muito longe e parecia totalmente relaxada. Lembrou-se dessa mesma cena há uns anos, só faltava Renan ali. Ao vê-lo, a garota sorriu. Missaire era uma garota negra de altura mediana, tinha um corpo escultural e traços suaves. Longos cabelos cacheados que ela orgulhosamente os exibia mantendo-os soltos. Era uma garota de sorriso fácil, gestos meigos e uma personalidade forte. O namoro com Renan fora marcado por brigas e um amor um tanto quanto selvagem.
- Chegou rápido.
- Cortei caminho para evitar o trânsito.
- Faz tempo, né? – Ela o olhou, nostálgica. – Eu sempre que passo aqui me lembro daquela época.
- Sente falta?
- Sinto falta da escola. Faculdade é um saco... Dele não. – Ela suspirou, longamente. – Renan me causou uma ferida incurável, sabe? Eu me reconstruí depois dele. Não vou dizer que a vida acabou pois estaria mentindo, mas aquela pessoa que eu era morreu sim.
- Eu entendo você. – Leo também suspirou. – A Cris fez a mesma coisa comigo.
- Você nunca contou a verdade para ele?
- Não. Eu mantive escondido por todos esses anos porque achava que ela o fazia feliz. Ele faz com a Marine o que a Cris fazia comigo.
- Que seria...?
- Ele está usando a Marine para enciumar a Cris. A Cris o usou para me enciumar, mas quando viu que eu deixei de amá-la, terminou.
- Eu não sei se teria estômago para conviver com isso por tantos anos. Ainda mais sabendo que aquele imbecil não merece toda essa sua preocupação em não magoá-lo.
- Eu não sei o que fazer, Miss. Estou magoando a Marine e me magoando.
- Ela está apaixonada por você, Leo.
- Ela me disse isso hoje.
- Disse?
- Sim. Eu fui avisar um negócio que a tia Lana me pediu, mas encontrei só ela em casa. Nós brigamos uns dias atrás, então você pode imaginar que o clima não era nada bom.
- Sim.
- Nós discutimos. Perdi a cabeça e acabei a beijando de novo. O Renan chegou um pouco depois da declaração.
- E aí?
- Ele disse que está com Marine. Não sei se fez para me provocar ou para provocar ela, mas disse também que os dois transaram.
- Como é nojento, meu deus!
- Ele ainda fez questão de dizer que ela tinha chorado antes, então juntei os pontos e sei que foi no dia que brigamos.
- Por que você não quer ficar com ela, Leo?
- Eu não posso ser o que a Marine precisa. Isso me mata por dentro, porque eu também sou completamente louco por ela, mas não dá. A Cristina me destruiu emocionalmente. Eu nem esperava mais sentir algo tão forte por alguém, não depois daquilo tudo, mas a Marine chegou que nem um furacão na minha vida.
- Você vai deixar o Renan acabar com ela?
- Não, Miss, mas...
- Não tem “mas”, Leo. Você mente para o seu melhor amigo, renega um sentimento por causa dele e não consegue se libertar da Cristina. Você está acabando não só com a Marine, mas consigo mesmo. Vá até aquela vaca egoísta e fale tudo o que te dói!
Ele balançou a cabeça, concordando. Mesmo que não ficasse com Marine aquela mentira já tinha durado demais. Nem ele mesmo sabia o fundamento de esconder aquilo. Lembrou do olhar de maldade de Renan e sentiu raiva.
- Quando conheci a Marine achei que era impossível tanta coincidência, mas lembrei que minha história com Renan acabou de qualquer jeito. Eu me tornei uma pessoa fechada por causa dele. Tive outros relacionamentos, mas nunca consegui esquecer o que ele me fez e nem confiar em outras pessoas.
- Você ainda o ama, Miss?
- Sim. Infelizmente sim. E isso não muda absolutamente nada. Não muda a dor que ele me causou, não muda o que sou hoje. Nada.
- E está pronta para reencontrá-lo?
- Não estou, mas uma coisa eu garanto.
- O que?
- Ele não fará com a Marine o que fez comigo. E se eu me invocar, Leonardo, falarei tudo o que vocês acham que aquele imbecil não tem coragem de ouvir!
- Eu não duvido de você.
Eles passaram mais algumas horas conversando e rindo. Para Leo foi tranquilo perceber que o tempo não abalou a afinidade entre os dois. Era uma amizade que sobrevivera ao tempo, a vida adulta e aos estragos feitos por Renan e Cristina.