Monotonia

Saí de casa por volta das 6 da manhã, peguei meu carro e dirigi até o trabalho. Trabalhei normalmente até meio dia, fui almoçar tinha restaurante perto do prédio onde eu trabalhava, a carne de la era boa suculenta, bem passada do jeito que deve ser, não sei como existem pessoas que comem uma carne que vem praticamente crua no prato “mal passada”, acho repulsivo. Voltei ao trabalho e só voltei para casa às 6 da tarde, fiz um pouco de macarrão me sentei no sofá e liguei a televisão. Quando terminei de comer desliguei tudo, tranquei a casa e fui dormir. Essa era minha rotina, geralmente meus pais me ligavam a noite, mas deve ter acontecido algum imprevisto então decidi que ligaria para eles amanhã. Na manhã seguinte o dia se repete muito parecido com o anterior, à diferença é que tentei ligar para os meus pais bem cedo, mas não consegui só caía na caixa postal. Cheguei ao trabalho meio preocupado, almocei preocupado e enquanto almoçava recebi uma ligação olhei para o celular rapidamente esperando que fosse minha mãe, entretanto o numero é desconhecido não sabia de que região era então não atendi. Enquanto caminhava de volta para o prédio o mesmo numero ligou de novo, deixei que o celular tocasse até parar e quando parou tocou de novo. Peguei o celular meio puto, atendi e perguntei quem era não houve resposta por um tempo, mas la no fundo pude ouvir o som de algo sendo arrastado e também de uma porta se fechando. Essa foi de longe a ligação mais assustadora que já recebi na vida, no momento fiquei arrepiado senti o vento bater na minha nuca olhei para o lado meio receoso e logo comecei a andar novamente.

Cheguei a minha casa com sono, tentei ligar para meu pai, e de novo não tive resposta. Fui até a cozinha preparar algo pra comer, enquanto lavava as mãos vi um vulto passando na janela a minha frente, levantei a janela colocando a cabeça para fora na tentativa de ver algo, mas não vi nada. Sou muito cético quanto a essas coisas nunca tive medo de baboseiras como espíritos ou demônios então logo previu que fosse uma ave. Estava de costas para a sala focado em fazer a comida e uma musica tocava baixa perto de mim, quando a musica cessou pude ouvir la no fundo a porta da frente se fechando devagar, nesse momento meu coração acelerou peguei a faca que estava perto de mim e virei de costas rapidamente... Nada, não havia nada tudo estava em seu devido lugar, ainda assim me direcionei a passos lentos até a porta, estava trancada do jeito que eu deixei, verifiquei todas as trancas e olhei ao meu redor.

- Mas que merda...

Ainda com a faca na mão voltei até a cozinha, quando terminei de cortar o frango que estava na mesa, soltei a faca e fui até a pia lavar a mão. No momento em que baixei os olhos para a pia fiquei paralisado, boquiaberto em um momento eu cortava o frango e no outro encarava a cabeça decepada da minha mãe na pia da minha própria casa. Afastei o olhar rapidamente com lagrimas nos olhos e uma vontade intensa de vomitar, minha cabeça não pensava direito aquela imagem não saía da minha cabeça... Como? Quem? E foi aí que consegui raciocinar... Tinha alguém na minha casa. Levantei-me do chão tremendo, me apoiei na mesa e peguei a faca olhei ao meu redor a sala estava escura, estava assim desde que eu cheguei foi assim que eu deixei. Olhei para a porta, ao lado da mesma havia um vaso de plantas estava como sempre esteve, mas quando subi o olhar vi a silhueta de um homem ele estava imóvel assim como eu. O encarei por alguns segundos até que consegui abrir a boca para falar algo.

- O que você quer..?

Eu disse com a voz falha e o homem nada respondeu, nem mesmo se mexia, então como se aquela porra de dia não pudesse ficar pior o homem caiu no chão, com a face para baixo e apesar disso ele não se mexeu, voltei para trás assustado engoli seco e me aproximei devagar observando o corpo no chão, parecia um homem idoso acho que já vi alguém com as roupas que ele estava usando e de costas ele parecia muito com o meu pai... Corri na direção do corpo e o virei deixando-o de frente. Era ele, era o meu pai, estava com os dois olhos furados e a boca costurada tentei acordá-lo, mas era tarde ele estava morto. De repente a tristeza se amenizou e deu lugar a raiva, gritei bem alto para quem quer que estivesse na minha naquele momento, ligar para a policia nem sequer passou pela minha cabeça.

Nesse instante ouvi alguém bater na porta, tomei um susto, mas raiva tomou o lugar do medo, então com a faca na mão andei até a porta, preparado para qualquer coisa abri a porta e por muito pouco não dei uma facada em uma mulher. Era Alice, uma amiga do trabalho. Ela entrou e me perguntou o que tinha acontecido, expliquei tudo para ela, e em prantos me aconcheguei em seus braços, quase adormeci quando me dei conta de que ainda tinha alguém na casa.

- Ele ainda esta aqui você tem que ir embora.

Disse olhando para ela, tinha deixado a faca em cima da mesinha que ficava de frente do sofá que era onde estávamos, mas quando olhei para a mesa a faca tinha sumido.

- Ela. Disse Alice

- O que?

- Ela ainda esta aqui.