O carrossel de emoções
Marine não conseguia mover o corpo com força o suficiente para sair de perto da porta do quarto de Renan. Incrédula, não acreditava que o primo tão arrogante e autossuficiente era o mesmo que implorava o amor da ex-namorada numa conversa pela web cam.
“Eu sei, Cris. Eu compreendo que você precisou fazer o que fez, mas se você voltar sabe que eu faço qualquer coisa por você e por nós.”
“Renan, eu amo você, muito e você sabe disso. Mas não tem sentido algum nós ficarmos num namoro a distância. Quando eu chegar em São Paulo conversaremos, prometo.”
“Tá bom.”
“Preciso desligar, tenho que estudar. Até daqui uns dias.”
Depois do silêncio que se estabeleceu no quarto, Marine não soube explicar como seus pés tomaram vida própria e ela entrou no quarto do primo.
- Ouvindo conversa atrás da porta, Marine? Coisa feia. – Não havia emoção alguma na voz de Renan. Ela não sabia o que falar. – O que?
- A sua ex vem para São Paulo?
- Sim.
Os olhos azulados de Marine pousaram por um longo tempo em Renan. Ele sentou-se na cama com um ar de deboche, devolvendo o olhar.
- Não me diga que está enciumada.
- Não seja ridículo. – Marine revirou os olhos. – Ela vai ficar aqui?
- Não. E ela não sabe e nem tem o porquê de saber do que já aconteceu entre nós.
- Não tem?
- Não, não tem. Mesmo porque não significou exatamente nada. – Olhou para ela com um sorriso de sarcasmo. – Ao menos para mim, é claro. Tudo sexo casual, entendeu? – O primeiro tremor de nervoso fez as pernas dela bambearem. – Transar com você é como transar com uma boneca inflável. Gostoso, porém, vazio.
Marine sentiu a primeira lágrima escorrer pela bochecha, mas não abriu a boca. Simplesmente saiu do quarto, sentindo-se humilhada e devastada, como só Renan era capaz de lhe fazer sentir. Chorou no quarto por horas, sem acreditar que mais uma vez se deixou ser tratada daquela forma.
Depois de tentativas falhas de estudar e ler, Marine deitou na cama, olhando para o teto, perdida em seus pensamentos. Sentia falta de Finn, sentia falta do amor e da proteção ininterrupta do pai. Sem o pai, ela era como uma alma vagando pelo mundo, tentando se encontrar, tentando, a todo custo se encaixar e sempre falhando.
Algumas horas depois, Marine sentiu dedos gelados acariciando a sua coxa. Recebeu um beijo na virilha, que a fez abrir os olhos, sonolenta. Tentou fechar as pernas quando se viu impedida. Era Renan, por baixo das cobertas.
Ela tentou empurra-lo, resistindo, puxou seus cabelos, bateu nele o quanto pode, mas a língua dele a castigou, passando por sua calcinha lentamente.
- DESGRAÇADO MALDITO!
As pernas foram imobilizadas com facilidade. A língua dele continuava numa sequência cruel, torturando-a, castigando e a punindo. Ela sentiu então a calcinha ser rasgada com uma única puxada. Não tinha mais o que fazer.
- EU NÃO QUERO! – Dois dedos foram introduzidos em sua feminilidade. A outra mão livre invadiu a blusa, alcançando os seios, ela ganhou um belisco no mamilo que a fez gemer. As reações de seu corpo em nada ajudavam a ter força para empurra-lo. Os dedos dele entravam e saiam lentamente, sem pressa de acabar, sem pressa de parar de tortura-la. – Não...
Renan jogou a coberta que o escondia para o lado. Dobrou uma perna de Marine, afastou levemente a outra e abocanhou a umidade feminina vorazmente.
Era um jogo de cão e gato doentio que vivia ao lado de Renan. Ele sentia prazer em magoá-la, rebaixa-la e no final da noite a procurava para provar que mandava e desmandava nela. E fazia tudo isso porque sabia que estava certo, Marine era dele.
- Não... – O corpo arqueou quando a língua de Renan brincou com Marine e a mão dela foi para o cabelo do primo, puxando. – Ah...
Ela teve um orgasmo profundo que a fez perder o ar e tremer. Não surpreendia mais Renan as reações sexuais dela. Ele, na verdade achava engraçado e curioso. Fazia bem para o ego masculino e satisfazia suas necessidades.
O rapaz colocou o pé para fora da cama quando Marine o puxou novamente. Ele caiu por cima dela e então foi beijado.
- O que você está fazendo sua idiota? – A ânsia de Marine em tê-lo o assustou. – Marine, para! – Ela forçou a língua na boca dele até vê-lo corresponder.
- Não!
A entrega dele demorou para acontecer e foi inevitável. Marine o queria e ele não soube como afasta-la porque também a queria, mas não nas condições dela.
Marine o jogou para o lado, mas sem dosar sua força, derrubou o rapaz na cama.
- CARALHO, MARINE! - Ela sorriu, sensual e sentou por cima dele. – Está com o demônio, mulher?
A resposta veio num tapa forte que ele ganhou no rosto. E como feito numa vez, há muitos anos, ela o provocou numa rebolada intensa.
- Você não vai fazer aquilo de novo, não é? – Perguntou Renan, puxando-a para um beijo. Marine sorriu e balançou a cabeça em um não. – Eu odiei muito você naquele dia.
Ela riu de canto lembrando-se do episódio em que acordara o primo de uma maneira diferente, há muitos anos, quando passou o final de ano em São Paulo.
- Talvez eu faça sim.
- Você ainda não aceitou. – Perguntou ele. Havia algo de sombrio no seu olhar.
- O que?
- Não aceitou que você me pertence.
- Cala a boca.
Ele passou a mão pela cintura bem moldada da garota e em seguida desferiu um tapa em sua bunda. Intensa, Marine o beijou por um longo tempo. Iniciou uma rebolada sensual, que era ritmada por Renan.
- Merda... – Renan abriu a boca lentamente. Experimentava uma onda de prazer que o fez gemer baixinho. – Isso é muito bom!
Ficaram juntos numa conexão física e sexual poderosa até o dia amanhecer. Só pararam, pois Renan, exausto, dormiu nos braços de Marine.
Antes de adormecer ela ouviu o rapaz balbuciar um nome que a fez se sentir com o coração surpreendentemente partido.
Ele chamava por Cristina.