Último Suspiro
Último Suspiro (Epílogo) - Not Today!
Ele estava em seu quarto depois de mais um longo e tortuoso dia, chorando e desanimado. Agarrou-se na cortina e derramou-se em mais lágrimas. Olhou ao seu redor e não via mais ninguém, estava ali somente ele com ele, seu celular desligado, pois já não recebia mais mensagens. Seu quarto mal iluminado passava a sensação ainda mais de solidão, os pensamentos que vinham, ele ignorava na mesma proporção que os aceitava. Olhou para cima e viu ele mesmo em pé, porém de aparência mais calma.
— Por que lutar ainda meu rapaz, está no final, tudo chegou a um final, é estupidez tentar mudar isso.
— Eu passei minha vida toda fantasiando momentos e esqueci de viver, como eu fui tolo., extremamente tolo. Tolo de pensar que as coisas seriam diferentes. Tolo de acreditar de novo.
Ele não sabia mais o que estava escutando, se era sua mente ou se realmente era alguém ali. Sua vida foi um flash, um mar de azar e tristeza, trancou-se do mundo ao ponto de não confiar em ninguém por medo de se machucar, quando resolveu mudar, foi enganado e traído, então prometeu à si mesmo que não cometeria o mesmo erro, mas o coração sempre fala mais alto que a mente.
— Eu fui realmente tolo, dei tudo que tinha, me doei ao máximo, e eles, metade do que ganharam, mas ninguém jamais veria isso.
— Você se doou tanto, deu seu máximo de verdade por quem não reconhecia, entregou tudo o que tinha em você e olha só o que fizeram, estão usando com outros. Te abandonaram, seus pais, seus amigos. Te esgotaram e não preencheram de volta, porque você sempre foi o de menor importância.
— Por que eu deveria escutar você?
— Pelo motivo de, eu ainda continuo aqui. A mesma dor que você sente, eu posso senti-lá também, o mesmo conforto que você sente olhando para essa janela, eu posso sentir também. Iremos juntos, até o fim.
— E se eu pudesse....
—Sabe que não pode, longos 20 anos e você aprendeu que nunca pôde. Está cansado, quer descansar.
—Talvez eu pudesse falar...
—Alguém especial?
—Eu tinha um amigo.
—Que te enganou.
—Eu tenho alguém para amar.
—Que sempre amou outro.
—Minha família.
—Que jogou você sozinho para viver no mundo.
Seria essa a voz da loucura ou da razão? Pensou ele enquanto apertava cada vez mais a cortina em seu pescoço, e aos poucos foi perdendo a lucidez, ia se levantando em direção a janela de seu quarto. Estava só em casa, assim como se tornou em sua própria vida. Foi em direção a janela pensativo.
—Não tem mais nada e ninguém a perder. Você viveu uma vida de mentiras, amou pessoas de mentira.
—Sim, eu vivi.
—Tudo jogado fora.
—Eu não sou mais ninguém.
—Todos acreditam que você não é ninguém, além de um peso.
— Eu vou deixar de ser agora!
Aquele era o fim para ele. Já não havia mais nada valioso que pudesse perder, então, ali mesmo em seu quarto, ele saltou da janela com a cortina em seu pescoço. Ele se enforcou, e finalmente foi feliz, bem feliz, dando seu tão sonhado último suspiro.