Juntos e sendo um só



Alguns meses depois...

O casamento com Karen aconteceu 1 ano depois que terminei definitivamente com Isabela. O local escolhido fora o bar do Chico, onde tudo se iniciou para nós. Era para ser uma cerimônia simples, mas acabou sendo uma comemoração gigantesca reunindo músicos do bairro, vizinhos, família, amigos e o padre. Pela primeira vez na vida eu tinha certeza de ter feito a escolha certa, principalmente quando via Karen passando de um lado para o outro, totalmente radiante e exibindo uma barriga de 5 meses da nossa primeira filha. Felicidade ainda era muito pouco para tudo o que eu sentia.

Outras mudanças vieram após o casamento e a gravidez de Karen. Ela se mudou para o meu apartamento, pintamos a casa e o quarto vazio onde guardava coisas relacionadas ao Flamengo, pois ali seria o quarto de nossa filha. Em semanas a minha casa se transformara em um agradável lar. A vida de casado era uma roda gigante. A vida de casado com uma mulher grávida e com os hormônios era uma roda gigante incansável. Havia dias em que Karen chorava olhando para o berço rosa e branco, pensando no momento em que teríamos nossa filha conosco. E em outros dias brigava comigo dizendo coisas como “Eu estou IMENSA, Leonardo! Pareço um balão com 2 pernas!”, “Você vai encontrar alguém melhor e me deixar sozinha!”. A médica dela ria a cada história contada nas consultas, mas admirava a saúde de Karen. Ela se cuidava rigorosamente para ter uma gravidez tranquila.

Numa noite em que precisei ir ao mercado para comprar um abacaxi, (Karen acordara com vontade de comer abacaxi com canela. Sim com canela) encontrei Jorge no corredor de doces. Nós conversamos amenidades, ele quis saber sobre Karen e a gestação e depois a conversa tomou outro rumo. O padrinho de minha filha comentou sobre Isabela. Era um assunto meio proibido entre nós.

Há muito tempo que eu não ouvia sobre ela, e na última vez, soube que se mudou para outro bairro. Aquela conversa não me causara efeito nenhum.

- E como ela está? – Perguntei, enquanto seguíamos para a fila do caixa.

- Bem. – Jorge deu de ombros. Era um homem loiro e cabeludo, fã do bom e velho metal, que dava aulas de Matemática para o ensino médio. – Comentei sobre a gravidez da Karen.

- Ah.

- Bela desejou felicidade a vocês! – Eu balancei a cabeça, assentindo. - Vive entre o Rio e o Curitiba. Está diferente.

- Isso é bom. Desejo o mesmo para ela.

Jorge me deu dois tapinhas no ombro, e mudamos novamente de assunto. Nada mais tinha que ser dito a respeito de Isabela.

(...)

Abri a porta do apartamento e Karen me esperava sentada no sofá.

- Nossa, mas que demora, Leonardo! Eu quase dei à luz de tanto esperar você voltar do mercado! – E a mulher, agora com 7 meses de gravidez e dona de barrigão enorme tentou se levantar sozinha. – Ok, será que tem como me dar uma ajudinha aqui?

- Difícil aí, redonda?

- Cala a boca!

Tamiris Vitória
Enviado por Tamiris Vitória em 09/06/2017
Reeditado em 15/02/2022
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