O meu mundo.
Era uma noite escura mais escura que o natural, poluição densa como a neblina londrina que também não deixa de ser poluição. Os monstros de cada um circulam aprisionados nos corpos andantes, as pessoas. Tudo verde e sinistro. Certa vez ouvi dizer que a consciência é apenas a pequena parte do todo. A grande parte é o nosso inconsciente que se liberta em tempos e tempos.
As pessoas transitavam. Ouço algo. Não era nada, só minha imaginação trabalhava sob um misto de medo e ansiedade. De nada adiante isso. Apresso-me para chegar em casa. Dizem que lugar seguro é a residência de um homem. Não a minha, dizer errado. Dormimos acordados com medo. Já fomos roubados. Roubaram minha consciência com os bens materiais.
Roubaram-nos um quase nada, comida. Um quase nada para quem nada tem ainda assim é alguma coisa. Comida. Deveriam prendê-los! Não. Talvez sejam apenas sobreviventes da realidade social que nos cercam. Estranhamente cheguei logo no início de um filme, se tivesse combinado não teria dado certo. Não dei muita atenção, mas uma imagem repete-se na minha cabeça. “O mundo de um homem é construído pelas suas próprias mãos”, durante anos o homem constrói seu reinado e quando saí para a guerra outros querem tomar o que construiu. A vida de um homem. Odisseu, o filme. Odisseu meu nome.
Todas as batalhas que são travadas durante o percurso humano só tem o sentido que damos a ela, do contrário, não há que se falar em sentido, seria lutar por lutar. Trabalhar por trabalhar. Animalização. Não há sentido no que se transforma, creio que só alienação. Muitos não se reconhecem, transformam-se em baratas?
Querem e, discursivamente, procuram construir esse raciocínio.
Enganaram-se, sempre existe a resistência de maneira que desvirtua tais interesses. Aos que se libertam do grande irmão, ou os que optaram por escolher ver ao invés de apenas ouvir. Meu mundo!