Sete noites II
O esconderijo do corvo
Eu desabo.Sinto minhas articulaçoes duras e o coraçao martelar violentamente.Eu ja conheço a sensaçao,e embora nao me recorde claramente,esta nao é a primeira vez que caio de costas.Ouço as molas do colchao rangerem sobre meu peso enquanto minhas costas batem nas almofadas.
Nao foi assim da ultima vez,duas costelas haviam quebrado quando atingi o solo,os policiais nao souberam explicar como eu tinha voado por dois metros,tao longe de onde havia ocorrido o acidente,sendo que Joao,meu ex-namorado que dirigia o carro no momento, permanceu no automovel apos o impacto.
Eu pisco na escuridao do quarto,havia um leve cheiro de bolor e naftalina no ar,nao era como estar em casa e tambem nao era um alivio finalemente estar na escola,apesar de a viagem ate la tenha me causado tanto desconforto.
Pela primeira vez pude refletir finalmente sobre o real motivo da minha permanencia ali e isto fez com que eu me sentisse boba e infantil.
Eu jamais encontraria o assassino de Amanda,era tudo mais facil em minha mente,em casa, em frente ao computador imaginando o que diria quando pudesse enfim desmacará-lo e entregar uma gravaçao de sua confissao á policia,ou talvez ate matá-lo.
Mas tudo era tao estupido.Eu jamais iria encontrá-lo e se talvez encontrasse ele acabaria me matando,afinal ele havia me arremessado há dois metros do chao.
Eu sei,nao posso provar,sei que jamais ninguem acreditaria em mim,mas eu tenho certeza do que vi e posso assegurar de que alguem havia tentado me matar naquela noite.
Foi tao desesperador,eu havia saido para encontrar Amanda depois daquela ligaçao terrivel,Joao estava um pouco bebado,nós haviamos acabado de voltar de uma festa e tive de convencê-lo a dirigir até os limites da cidades,onde acontecia uma especie de reuniao,algo que envolvia uma nova religiao a qual Amanda estava frequentando.
Chovia demais e Joao nao parava de rir e fazer gracinhas no volante,e eu desesperada por nao ter mais noticias da minha amiga e de ninguem ter tido mais noticias desde o dia anterior,com um pressentimento terrivel de que o pior havia acontecido.
Percorremos a estrada principal em velocidade reduzida e de repente havia algo broqueando o caminho,tudo aconteceu rapido demais,o carro aquaplanou quando Joao tentou impedir que batessemos no tronco da arvore,que provavelmente desabara com a tesmpestade,lembro-me que gritei e quando dei por mim estava com a cabeça para o lado de fora da janela,que estava aberta,e meu corpo permanecia meio atado ao cinto de segurança.
As coisas que fazemos no momento de despero,eu só pensava em pedir ajuda,cambaleei alguns passos e vi um vulto a minha frente e antes que pudesse abrir a boca meus pés abandonaram o chao.
As batidas frenéticas na porta do meu quarto me trouxeram á realidade.
Eu nao podia imaginar quem estaria do outro lado,talvez ele-o assassino- se ainda lembrasse do meu rosto.
-Quem é?-falei cautelosamente,calculando quanto tempo levaria ate alcançar algum objeto afiado no quarto.
-Sou eu Lizie,a garota dos cupons.
Rapidamente veio á imagem de uma garota magra de cabelos roxo,que havia me ajudado-assim como todos os outros calouros- a preencher os formularios da escola.
Ela pigarreou.
-Entao...eu queria saber se voce quer ir com a gente ouvir o Tom contar historias na fogueira hoje á noite sabe,é uma tradiçao-havia um leve divertimento em sua voz.
Pensei logo em recusar,mas eu nao podia me privar de ter uma vida social,eu deveria conhecer todos os alunos e ter o maximo de contato com eles.
-O.k-disse eu,me levantando da cama.
-Tudo bem,vai ser nos fundos,perto do estacionamento. respondeu Lizie do outro lado da porta-Ah e leve um casaco,este lugar é frio como um tumulo á noite.
E entao se foi.Acompanhei seus passos até se tornarem inauldiveis.
Tomei um banho quase frio,o chuveiro nao funcionava muito bem,escolhi uma jaqueta jeans cinza para colocar por sobre a camiseta preta da banda que mais curto no momento Nigthwish,acompanhados por jeans e meus all star pretos.
Quando desci a escada que levava ao hall e ao outro predio aonde as aulas seriam dadas,senti uma forte pressao no peito,era como se o lugar estivesse impreganado por uma presença invisel e estranha.
Na verdade o predio destinado aos dormitorios se tratava de um antigo mausoleu intitulado por Refugio do Corvo que pertencera a um conde decadente em algum seculo passado.Li isso no folheto da escola quando estava no carro,á caminho do colégio.
Era um lugar antigo e gelado,o piso de granito fazia barulho á cada passo e eu estarnhei nao encontrar ninguem em nenhum lugar.Cheguei até uma grande porta que se abria para um jardim,agora com flores murchas e plantas secas.
Duas aves identicas as que acompanharam o carro ontem passaram rentes a minha cabeça me assustando por um momento,percebi que havia me abaixado e colocado as maos por sobre o rosto num insitinto de proteçao.Quando ergui os olhos para o ceu,vi apenas o vulto de suas asas pairando nas altas arvores.
Pela posiçao do sol deveria ser umas quatro da tarde,fiquei observando distraidamente o por do sol e toda a decadencia do casarao,percebendo tarde demais uma estranha presença atras de mim.
-Jessica nao é?-era uma voz firme e grave,havia um misto de arrogancia e curiosidade no sotaque ingles.
Meu coraçao martelava por sobre as costelas,mirei a sombra no chao,ele parecia ter o dobro do meu tamanho e usava um sobretudo pelo volume em sua forma.Vi quando lentamente levou á mao no bolso,pegando uma objrto e elevando-o em minha direçao.
-Achei que estava me procurando...
Continua...