Fic Twilight >>> Tinha que ser você. Capítulo 59. (Final!)

N/A: Olá pessoas que provavelmente surtaram ao ler "Final!" no nome desse capítulo. Trago uma notícia triste, porém feliz. A parte triste, é que realmente, esse é o último capítulo de tinha que ser você. A parte feliz é que vocês vão saber logo o final, mesmo que ele tenha sido todo improvisado e rápido, e não vão ter que aguentar mais as minhas enrolações e a demora de meses pra cada capítulo. Olha, esse fim realmente não é o final mais lindo e perfeito de uma fanfic, e eu admito que não quis prolongar as coisas por não ter tempo, e por ser uma louca desembestada sem compromisso, mas por consideração à todos vocês, que gostam de tqsv e ficaram comigo desde o começo, eu resolvi conceder um final para essa história, que foi o meu primeiro trabalho no Recanto das Letras. Confesso que estou com o coração um pouco apertado, por ser uma "despedida" (não que eu vá parar de escrever histórias, nossa, nunca!) mas também por achar que vocês podem não gostar de nada do que segue aí embaixo. Bem, espero que vocês gostem, pelo menos um pouquinho. Juro que dei o meu melhor, para uma história que quase foi dada como desistida!

Bem...Não vou me prolongar mais...Espero que vocês façam uma boa leitura, e um bom final de tqsv!

Beijos e Muitooo Obrigada <3

Capítulo 59. -Tinha Que Ser Você. FINAL

POV Rosalie Hale

Você já teve aquela sensação de que por mais que você se embrulhe nos cobertores, mude de posição, abra e feche os olhos, afofe o travesseiro, e conte carneirinhos, não vai conseguir dormir?

Bem, era exatamente assim que eu me sentia aquela noite.

Não que as outras 214 noites pudessem ter sido muito relaxantes, mas...Esta estava sendo excepcionalmente difícil.

Enquanto me movia de um lado para o outro no colchão, sem querer, acabei abrindo os olhos e num ato instintivo eles se fixaram nos números que marcavam no despertador.

Era meia-noite em ponto.

Engoli em seco.

Senti uma sensação meio gélida sob meus ombros nus, como se uma brisa do nada estivesse me abrangendo. Estremeci. Eu me lembrava exatamente de que dia era hoje...Na verdade, ficara me lembrando no decorrer de cada minuto. Eu não precisava fazer as contas. Meu complexo interior sabia e me lembrava de que fazia exatamente sete meses.

Quer dizer, mal dava para saber como eu tinha aguentado tanto tempo...Como tantos dias, horas, minutos haviam passado, sem que nada de verdade, mudasse. As trevas pareciam residir em cada microssegundo que se passava, e eu tinha certeza, de que isso permaneceria estável por muito tempo, ainda. Ou pelo menos até que as pálpebras dele deixassem de estar fechadas.

Suspirei.

Livrei-me das cobertas e desisti de dormir. Eu não conseguiria. Pelo menos não nessa noite.

Deslizei pela cama de casal, e cumprimentei aquela sensação horrorosa e esquisita que vinha por notar que ela parecia tão vazia. Não fazia muito sentido, porque eu jamais havia dormido acompanhada para sentir falta daquilo...Mas causava uma sensação de solidão tão...Doentia.

Pulei fora da cama, e quando dei por mim, estava de joelhos no piso gélido de mármore. Meus dedos dos pés estavam tão frios que pareciam ser feitos de cubos de gelo.

Dedilhei aos arredores de meu abdômen, agora elevado, na esperança de meu bebê (que eu recentemente descobrira ser mesmo um menino, meu J.J), chutar e me fazer sorrir. Mas, infelizmente, ao que me pareceu, ele tivera mais sorte com o negócio de relaxar.

Depois de alguns minutos devaneando, percebi que estava olhando pela sacada. Na direção da lua, que estava estonteante de tão bela...Cintilante...Cheia. Muito cheia e brilhante.

Mas seu brilho não conseguia preencher os espaços vazios do meu coração.

Não mesmo.

Sei lá. Eu já não aguentava mais. Era vazio demais.

Silêncio demais.

Um silêncio tão desconcertante que mais parecia um grito agudo e ininteligível.

E era ele que me fazia arrepender de ter decidido comprar aquela cobertura em Forks, e decidir morar sozinha...Pelo que eu pensava ser por enquanto. (Um por enquanto que eu não tinha ideia de que se tornaria tão infindável!).

Tudo naquele lugar estava programado para uma família. A cama era de casal, os banheiros eram grandes, havia uma enorme sala de jantar e um sofá com cinco lugares. E no entanto...A cada dia que se passava, e tudo continuava na mesma e precária situação sombria....Eu me convencia de que não deveria ter me precipitado.

Meus olhos se preenchiam de lágrimas, apenas por pensar que, provavelmente...Se nada mudasse dali um mês...Seria apenas eu e J.J.

Isso, porque eu tivera a sorte de ter J.J, a salvo, comigo naquele instante. Jake havia sofrido as consequências de planejar em segundos algo que pudesse fazer com que eu e J.J ficássemos seguros. Eu sabia que ele inclinara a moto de propósito na hora do maldito acidente, se sacrificando para que pudéssemos cair na terra, e não no cimento, como ele. E eu sabia que era só por esse ato de coragem que J.J ainda estava comigo naquele momento. E era só a perspectiva de que essa parte de Jake estava comigo, é que conseguia me deixar um pouco feliz, com forças para continuar a acreditar no que sabia que todos julgavam semi-impossível, sob minhas costas.

O quarto de Jacob Junior estava todo arrumado, e decorado. Fora principalmente com isso que eu tentara ocupar a minha cabeça naqueles 7 meses; além da escola, FHS, a qual eu me formara, com muita dificuldade, finalmente.

Brinquedos, berço, utensílios necessários, decoração, exames, ultrassom. Tudo isso tomara uma boa parte de meu tempo livre, e cuidara para que eu não entrasse em depressão durante esse processo que tinha tudo para ser perfeito. Alice me organizara um chá de bebê, que poderia ser denominado de chá mais deprimente do Universo, pois fazia apenas 3 meses depois do acontecido, e eu ainda estava um perfeito arraso (não que não estivesse agora, mas naquela época eu mal conseguia controlas as crises de choro e culpa que vinham de cinco em cinco segundos). Meus pais, meu irmão, Alice, Edward, Rachel, e até mesmo Emmet, tentaram me ajudar...Fazer com que eu me recuperasse, sempre com a mesma frase: “Vai ficar tudo bem, Rose”. E eu os amava por isso, mas nem todo aquele apoio era suficiente para suprir a necessidade e a falta que eu sentia dele, que mais pareciam ser vitais do que qualquer outra coisa.

Eu ia visita-lo quase todos os dias.

Desde que recebera a notícia de que Jake entrara em coma (e eu tinha de engolir em seco e respirar fundo toda vez que lembrava), meu mundo virara de ponta-cabeça. Eu já havia lido alguma coisa sobre culpa, e visto alguns filmes sobre o assunto, mas eu realmente não entendia nada do que era ter aquelas âncoras de pesar estabelecidas irremediavelmente sob os ombros. Era algo terrível que eu não desejava para ninguém. E mesmo com os conselhos, de que eu não deveria me sentir culpada, era impossível, inevitável, não me sentir assim. Não depois de toda a resistência que ofereci a ele, esnobe, e ainda por cima, depois de ele ter salvado minha vida e a de J.J.

Eu detestava chorar, mas toda vez que me lembrava daquela última e maldita semana, quando Alice me desatara a contar de tudo, e meus amigos me explicaram tudo que ele havia feito, eu havia entrado em choque – de novo- e saíra dos eixos porque eu precisava vê-lo. Haviam me detido por uma semana – a semana mais angustiante de toda minha vida...eu só me lembrava de soluçar e gritar, e ficar dopada – e só depois de aguentar toda aquela tortura é que pude visita-lo...

Era como se fosse ontem, e não há sete meses atrás.

E continuava sendo igualmente triste. Triste demais.

FlashBack: On

Eu não media a ansiedade quando fui visitar Jake. Edward, que estava sendo um pilar de sustentação muito compreensivo para mim, mesmo a gente não trocando mais de duas palavras sem eu explodir em soluços, agora me guiava pelo corredor, até o quarto de Jake. Não falávamos nada, e eu tentava refrear as lágrimas que queriam escapulir. O silêncio era até confortável entre nós. Era como se ele soubesse que eu não estava psicologicamente bem naquele momento, para que conversássemos.

Quando ele me apontou o quarto, desatinei a correr. Estava esperando por aquele momento por tempo demais.

E, nem em todos os meus ensaios mentais, eu poderia prever como foi a sensação de ver o MEU Jacob, naquele estado. Edward nem ousou me acompanhar, e fez bem, porque eu não sabia qual seria a reação dele a me ver correr na cama em Jake estava deitado, e perder o controle de minhas pernas, caindo de joelhos no chão gelado, com lágrimas que eu só notei que tinha chorado depois de senti-las contra a pele da minha bochecha...

Engatinhei até chegar perto o suficiente para tocar nele e olhar seu rosto. Meu coração com certeza batia mais forte do que o dele, que estava sendo cronometrado naquele aparelho que fazia um angustiante “pi-pi-pi”... O meu quase arregaçava a carne, conforme eu observava. Ah, como sentira falta do rosto dele. Ele estava todo machucado, cheio de curativos, mas ainda parecia lindo...Um anjo, descansando. A linha séria da testa, o desenho das sobrancelhas, a curva do queixo...Tudo isso ainda me fazia perder o fôlego, mesmo que ele estivesse naquele estado tão...Triste.

Confesso que uma parte de mim tinha uma esperança muito tosca e egoísta. Eu esperava que assim que tocasse nele, falasse com ele, ele despertaria, no melhor estilo filme romântico clichê...Mesmo tendo a plena ciência de que já fazia duas semanas que ele estava assim...Desacordado.

Então, eu toquei a mão dele.

Senti toda a carga elétrica do toque deslizar do meu dedo e se estender para o resto do corpo, como se aquele calor que permanecia inatingível da mão dele provocasse os mesmos efeitos de sempre, mesmo eu tendo a impressão de que muita coisa havia mudado desde a época que nos tocávamos assim, entre um vínculo emocional tão intenso.

Oh, Deus, como eu pudera ser tão estúpida de me permitir perder tanto tempo com ele por causa de uma idiotice do tipo de uma aposta??? Devia ter acreditado nele. E se afinal tudo não tivesse passado de um mal-entendido, e eu como sempre, me precipitei e levei as coisas mais a sério do que deveria, como se quisesse arrumar um motivo para estragar quando tudo estava perfeitamente bem???

Jake continuava com suas respirações profundas e silenciosas...As pálpebras dele não haviam se aberto quando eu o tocara...

E se...E se ele não voltasse?

A simples ideia me apavorava tanto quanto um filme de terror ao vivo. Ainda pior. Eu queria rejeitá-la, mas a hipótese não queria sair de minha mente.

A culpa de que tivéssemos ido para Seattle era totalmente MINHA! Se eu não tivesse implicado tanto, o condenado tanto, ele não teria insistido para que fossemos jantar em um lugar completamente caro e não teríamos subido na moto ou...

A essa altura, eu chorava e soluçava a tanto que minhas lágrimas começaram a molhar os lençóis da cama de Jake, e uma ou outra caíram em cima da pele dele, onde eu pressionava, com toda minha força, enlaçando nossos dedos.

Queria dizer alguma coisa para ele. Queria que ele me ouvisse. Queria que ele acordasse.

Não pensei em nada, não programei. As palavras começaram a fluir energicamente, de algum lugar em minha garganta onde ainda restava voz e dos sentimentos que saiam de meu coração para formular as frases que estavam desesperadas para criarem existência a semanas...Ou quem sabe até há meses, desde que soube que estava apaixonada por Jake. Todo meu orgulho não existia mais. Eu queria que ele soubesse que eu estava ali. E que eu o amava. Sempre amaria.

-Jake...-O nome dele foi a coisa mais dadivosa que pude dizer, saiu como um gemido choroso, mais eu falava alto, na esperança de que ele murmurasse alguma coisa de volta. –Sou eu. Rosalie. Rose. A sua loura. – Peguei-me rindo depois de dizer isso, lembrando-se dos tantos momentos em que o repreendera por me chamar assim. Nunca havia me dado conta de que na verdade, amava o apelido. Era único. –Consegue me ouvir? – O silêncio e seus soluços eram o som mais triste que eu poderia ouvir, mas infelizmente, foi só isso. Meu coração doeu de uma forma inexplicável. –Bem, vou falar mesmo assim. –Continuei, resignada, na esperança de que de alguma forma ele pudesse me ouvir. – Eu só queria dizer que sinto muito, Jake. Você me trouxe até aquele restaurante para me pedir perdão, mas não, você estava errado...Sou eu quem tem que pedir perdão. –Não sabia se estava saindo inteligível devido ao fato de estar chorando tanto, mas eu tinha a impressão de que ele conseguia sentir, como eu sentia. –Você me perdoa, meu amor? Me perdoa? Eu fui uma idiota. Sei que fui. Egoísta. Agi da pior forma do mundo com você e por minha causa você está aqui...Sem abrir os olhos. Eu quero ver seus olhos, Jake. Quero ouvir sua voz. Quero saber se você me perdoa...Por favor...-Meus dedos estavam traçando círculos involuntários ao redor dos dedos dele, minhas voz quase se perdia no ritmo das lágrimas. Eu esperava que ele pudesse dizer alguma coisa, esperava ouvir o timbre dele, eu ansiava por isso como nunca ansiara mais nada da vida. – Jake, amor. Você foi um herói. Por sua causa, eu e o nosso Jacob Junior estamos vivos! Você não pode ficar desacordado! Anda, meu amor. Se você estiver comigo...Eu quero que...Quero...Que você mexa um dos seus dedos, pode ser? Agora, Jake. Quero que você mexa um de seus lindos dedos, agora.

Mas...

Jake não mexeu.

Ele não abriu os olhos. Ele não abriu os lábios e disse que me perdoava. Seus dedos ficaram imóveis na minha palma da mão, exatamente como antes...Como se nada tivesse acontecido...O coração dele parecia estar batendo mais rápido...Mas talvez..Fosse só impressão minha.

Engoli em seco, num pânico infinito.

-Não, Jake, eu não posso perde-lo, não, não, não, você tem que acordar! Eu preciso de você, Jacob Black. – Mas em meio a todo o meu desespero, me contorcendo no chão e esfregando o rosto de lágrimas no lençol, mal me dei conta de que havia derrubado o casaco que ele tinha levado no restaurante, aquele dia. Estava pendurado em uma cadeira e eu a havia feito balançar. Mas eu ouvira um estalido, de algo batendo no chão, que não poderia ser só um casaco.

Foi quando virei os olhos, e a vi. A pequena e delicada caixinha de veludo, que parecia ter escapulido do bolso dianteiro do casaco de Jake. Precipitei-me, e sem pensar duas vezes, peguei-a. Enxuguei um pouco das lágrimas, com a noção de que deveria estar com uma aparência horrível. Curiosa e respirando muito fundo, sem pensar no certo ou errado, eu entreabri a caixinha negra. Fui ofuscada por um brilho de um lindo diamante encrustado na prata de um delicado anel, que...só poderia ser de noivado.

Senti um enorme bolo se enroscar em minha garganta, enquanto em velocidade the flash eu ia ligando os fatos. Anel. De Noivado. Casamento. Casaco. Casaco de Jake. Casaco que Jake levara no restaurante Palisade. Ele me dissera que tinha uma surpresa...

Tive que me controlar para não desmaiar!

Jake ia me pedir em casamento.

Essa era a única explicação.

Quando tornei a olhar para ele depois de passar segundos admirando o anel, não consegui prolongar o inevitável e voltei a chorar como uma criança abandonada. Debrucei-me sobre ele e entre meus soluços saiam perguntas, coisas que ninguém jamais conseguiria entender.

Sentir o calor de sua pele me fez sentir bem, mas ao mesmo tempo, sentia todo o meu corpo fraco, prestes a ceder. Eu estava sofrendo de uma forma que nunca sofrera antes. As dores físicas que já havia sentindo antes eram incomparáveis com as lâminas que eu solidamente conseguia sentir atingindo meu coração.

Derramei lágrimas como nunca fiz na vida.

-Eu aceito, Jake. Eu aceito...Acorde, por favor...

FlashBack: Off

A partir daquele dia eu passei a usar o anel de noivado de Jake em meu dedo anelar. Não o tirava para fazer nada. Queria mantê-lo para sempre comigo, como uma promessa de que o compromisso entre nós ainda existia, e que assim que ele despertasse (o que eu ainda tinha esperanças de que acontecesse) , nos casaríamos...E seríamos felizes para sempre.

Eu precisava me agarrar a isso.

O anel de noivado não fora a única surpresa que eu tivera em relação a Jacob. Houve mais. Assim que alguns dias se passaram, Rachel, a irmã de Jake foi me visitar no hospital. Estava triste como nunca, e muito preocupada comigo e com o bebê. Ela conseguia entender a minha dor de uma forma única, e falar com ela realmente me reconfortou. Confesso que fiquei chocada quando ela me deu a notícia... A avó de Jake fora uma empresária milionária, e há pouco tempo atrás, havia morrido, e o mais surpreendente, é que ela, Jake, e Rebecca ( a outra irmã de Jake), haviam herdado tudo. Provavelmente, era mais uma das coisas que ele gostaria de me contar no jantar e não pudera por toda a minha prepotência.

Não hesitei em chorar na frente de Rachel. Foi bom ter todo aquele suporte. Mas a única coisa que eu precisava, estava sem abrir os olhos...há meses.

Mas a cada dia que passava, eu esperava que um milagre pudesse acontecer.

E enquanto olhava para a lua cheia, naquele momento, fiz minhas preces. Era estranho, mas eu tinha um pressentimento que não me sacudia há tempos. Era como se uma parte de mim sentisse que algo de bom estava prestes a acontecer...Como se uma pequena chama estivesse se acendendo sobre as trevas.

Sequei as lágrimas. Estava me sentindo um pouco patética, ajoelhada no chão, e estava prestes a voltar para a cama, quando algo de inusitado aconteceu. Ouvi um barulho de uma melodia familiar, o meu celular tocando. Fitei-o em cima da cômoda, e num ato automático, sem nem sequer considerar o quanto minha voz devia estar afetada por ter chorado, atendi a chamada.

-Alô?

-Rosalie? Estava dormindo? – A voz ansiossísima de Rachel me golpeou, surpreendendo-me. Desviei meus olhos para o relógio, e ali claramente dizia que eram duas horas da manhã. Senti meu coração acelerar um pouco. Por que ela me ligaria naquele horário?

-Rachel? Não, eu não estava dormindo. – Não precisei dar maiores explicações. Ela sabia tão bem quanto eu que dia era hoje, e provavelmente, nenhuma de nós havia conseguido dormir.

-Ótimo! – Ela parecia exultante. –Você tem que se aprontar agora! Estarei aí em dois minutos!

Franzi o cenho, tentando engolir expectativas que poderiam me decepcionar muito.

Mas eu estava tendo um pressentimento, não estava?

-Espere. –Eu pedi, antes que ela pudesse desligar. –O que houve?!

Juro que ouvi um fungar, como se ela tivesse, exatamente como eu, acabado de chorar um rio de lágrimas.

-Um milagre aconteceu, Rose! –Senti minha respiração descompassando, minha pulsação aumentando, minha voz se perdendo. –Jake despertou!

-Ahn...-Eu estava tão arrebatada pela incredulidade e alegria instantânea que não conseguia dizer nada com nexo.

-Sim, eu sei!! Já avisei seus amigos e seus pais. E disse que te buscaria agora mesmo! Vá se aprontar, já estou no carro, estou chegando!

Não dei tempo de Rachel terminar a frase, estava gritando um exultante “Venha logo!” e desliguei o telefone, atirando-o na cama. Queria poder perder alguns minutos para me recuperar do transe, ou ter certeza de que não estava apenas sonhando, mas eu não tinha tempo. Corri para o armário, desesperada, arranquei a camisola violeta e enfiei o primeiro jeans que encontrei, junto com uma regata colorida e um casaco. Na minha mente se passavam tantas coisas, que tentar traduzi-las seria perda de tempo. Eu só sabia que estava frenética, e não acreditava que pudesse me sentir tão feliz depois de tanto tempo. Fui até o banheiro, com pressa, e só lavei um pouco o rosto, e desembaracei o cabelo, pois não tinha tempo para perder com aparência. Cada segundo que se passava longe de um Jake acordado, era um segundo de vida desperdiçado.

Meu celular começou a tocar de novo, e não precisei pensar para deduzir que era Rachel avisando que já estava em frente ao prédio. Peguei minha bolsa. Antes de sair do quarto, e depois do apartamento, descer quatro lances de escada e me atirar freneticamente para o hall, cruzando a portaria para chegar ofegante ao carro de Rachel, olhei para esplendorosa lua cheia.

Fechei os olhos por um segundo. E apenas murmurei: “Obrigada.”

~~’’~~’’~~

Naqueles instantes que precederam minha chegada até o quarto onde supostamente Jake havia sido transferido, acordado (embora minha consciência malévola ficasse tentando me convencer de que isso não poderia ser verdade), foi como se uma outra pessoa tivesse tomado conta do meu corpo, de modo a tomar todas as atitudes físicas para mim. Eu estava ansiosa, desesperada, com algo enorme se formando no meio da garganta e com os olhos ardendo de lágrimas, e corria, falava, e me mexia como se esse turbilhão não estivesse acontecendo lá dentro, em foco nas batidas loucas do meu coração.

Levou uma gigantesca eternidade para eu e Rachel chegarmos até o quarto, após sermos liberadas, e eu estava tão nervosa e histérica que não tinha certeza se aguentaria se tudo fosse um engano.

Eu não conseguia controlar a minha respiração para não fazer parecer que eu tinha corrido uma maratona, e quando nós finalmente chegamos na porta eu tive certeza de que iria desmaiar.

Ok, isso até Rachel perceber que eu estava petrificada diante do quarto 193, girar a maçaneta e me pegar pela mão, arrastando-me inconsciente para dentro do quarto. Eu não consegui saber se estava tendo uma alucinação, pois no momento em que cortei o branco do quarto com o negro de minhas roupas, a única coisa que fui capaz de ver, foi ele. Eu conseguia ver rostos familiares ao seu redor, mas tudo em que meus olhos queriam se fixar era nele. E instantaneamente, como se ele pressentisse que eu estava ali, desviou os olhos para mim.

E eu não me aguentei de emoção quando vi aqueles dois pontinhos negros, brilhando incansavelmente na minha direção. Algo molhado estava manchando o meu rosto, e eu nem me dava conta de que na verdade eram lágrimas. Meus pensamentos vinham e desvinham com uma agilidade impressionante, eu não sabia o que pensar, ou o que iria fazer. Eu só tinha noção daquele lindo par de olhos, que eu não pudera fitar durante 7 longos meses, vivos, olhando para mim. E meu corpo tremia por isso.

Ouvi alguns múrmurios como: “Rosalie!” “É a Rose” “Rosalie está aqui!” “Vamos deixar eles à sós” e mais algumas coisas do tipo, mas antes que eu pudesse me preocupar em ser educada, e dizer que não precisavam ir embora por minha causa, eles já haviam passado por mim, entorpecida, com sorrisos encorajadores no rosto, levando Rachel também, e fechando a porta para nos deixar a sós.

No fundo, era o que eu mais queria.

Me vi sem ar. Jake continuava olhando para mim, de uma forma doce que dizer que eu amava seria pouco...Ele não havia mudado nada durante aquele tempo. Eu achava que estava tendo uma ilusão perfeita, e que ele poderia se liquefazer se eu continuasse o observando por muito tempo sem tomar nenhuma atitude, mas eu ainda não me acostumava com a ideia de ser real.

Mas isso foi antes dele esboçar um sorriso, que me trazia na mente uma espécie de Deja Vu.

-Rose...

Eu não o deixei dizer mais nada. A voz dele tinha provocado todos os tipos de tremores no meu corpo, e todas as sensações internas mais desenfreadas... A voz dele era forte, avassaladora, quase tangível, e me fez derrubar tudo que estava segurando (leia-se: minha bolsa), e sair correndo e cambaleando em sua direção... Vê-lo de perto, a mesma impressão, o mesmo rosto perfeito de sete meses atrás, foi o suficiente para eu não me aguentar e me desfazer , tirando o peso das minhas pernas e me jogando na cama do hospital, em cima do corpo dele, abraçando-o como se tivesse necessidade de sentir que ele era real, que ele não iria simplesmente se dissolver. Tocá-lo de uma forma que transcende qualquer tipo de sonho. Pressionei meus dedos em seus ombros, e senti seu reflexo involuntário como uma chama de fogo cruzando com o meu sangue. Encostei a lateral de meu rosto em seu peito, e comecei a ouvir as batidas do coração, e poderia jurar, com olhos marejados, que estava num ritmo tão frenético quanto o meu. Sua pele estava quente e eu me sentia capaz de chorar de felicidade até os confins da morte por poder senti-la me retribuindo cada gesto. Ele me aninhou em seus braços, como se fosse eu a sensível recém-saída do coma, e não ele.

-Rosalie...-Era tão bom ouvi-lo dizer meu nome, que seria capaz de perder o equilíbrio, se não estivesse tão segura nos braços dele. –Que bom que você está aqui.

Ele parecia estar muito mais são do que eu, que sentia minha garganta entalada por milhões de coisas que não encontravam a forma mais fácil de sair e não conseguia responde-lo com mais do que alguns soluços, manchando a roupa branca típica de hospital que ele usava, com as lágrimas.

-Não precisa chorar tanto, minha loura. Eu estou bem. –Não consegui evitar o sorriso que se formou em meus lábios após ouvir meu apelido e sentir os dedos dele amaciando o meu cabelo. –Achou que ia se livrar de mim tão fácil?

Eu queria berrar um longo e sonoro “não”, mas mais uma vez, só pude soluçar, bem alto, na esperança que ele sentisse o que aquilo significava.

-Olha só...Eu fico sete meses apagado e quem chora desesperadamente por todo esse tempo perdido, é você, e não eu. Acho que você me ama muito mesmo.

Comecei a rir, de leve, um riso muito bizarro por estar misturado com o choro, mas não consegui me conter. Eu estava tão extasiada.

-Agora eu sei que você voltou. –Respirei fundo, dando graças a Deus por conseguir enunciar a frase, levantando um pouco a cabeça e arqueando o corpo para poder olhar no fundo dos olhos dele. Ele nunca parecera tão feliz e sorridente. Eu sabia que deveria estar da mesma forma, ignorando as lágrimas. –Continua o mesmo convencido de sempre.

Ele imitou meu riso, e eu poderia jurar que foi o som mais lindo que já ouvi.

-Eu não ousaria não voltar, e deixar você sozinha por mais tempo. Ainda por cima, dando mole para qualquer um se aproximar da minha loura.

Era tudo que eu precisava para abrir mais um sorriso entre os soluços.

-Eu nunca, nunca mais vou deixar você ficar longe de mim de novo. Você é o único que eu preciso. – Fiz questão de afirmar para ele, para que não restasse qualquer dúvida sobre isso. Era mágico demais.

-Hmm...Na verdade, eu nunca deixei de estar com você, Rose. Não houve nenhum dia desses sete meses que o meu coração não estivesse com você. Quando você finalmente vai entender que eu nunca vou desistir de você? Que eu nunca vou te abandonar?

Chorei tanto que parecia que eu estava de volta a uma semana depois do acidente, visitando-o. Não fazia sentido, já que nesse caso ele estava desperto, estava me esquentando, olhando para mim e dizendo as mais lindas declarações que eu poderia ter a honra de ouvir...Mas eu não chorava de dor, por perde-lo, chorava de felicidade, por perceber, que o que ele estava dizendo tinha tudo para ser verdade...Ele estivera comigo em cada segundo daqueles dias que se transcorreram, me dando forças para superar tudo que tinha acontecido, cuidando da minha vida, e cuidando de J.J... Era tão óbvio, agora.

-Eu acho que agora eu entendo. –Murmurei, levando meus dedos para tocar o rosto dele. –Mas eu nunca me senti tão perto de te perder para sempre. E foi tudo minha culpa.

-Não, nunca diga isso. Não foi sua culpa. A culpa foi toda minha...Eu estraguei tudo. E no fundo, até fiquei feliz por isso acontecer. –Ele apontou para a cama do hospital. -Foi o único jeito de você me perdoar.

Ofeguei.

-Jake, não. Não havia nada para perdoar. E mesmo que houvesse, eu já tinha te perdoado. Meu amor por você é muito mais forte do que isso. É que a venda idiota do meu orgulho não permitia que eu enxergasse. Mas agora ela já foi. Você é quem tem que me perdoar, por não ter conseguido arrancá-la antes e ter nos levado a tudo isso.

-Perdoar você? –Ele pareceu indignado, mas continuava me olhando daquela forma que quase me fazia perder a razão, e a me aconchegar perto de si. –Rosalie, se eu consegui sobreviver, e voltar...É tudo sua causa. Eu senti você comigo durante todos esses dias. Eu podia ouvir sua voz e sentir seu toque. Eu só não morri porque meu inconsciente trabalhava nas coisas pelas quais mais valia a pena continuar vivendo...Você...E o nosso filho. –Ele desviou os olhos para minha barriga. –Você está enorme.

Eu sorri, sentindo as lágrimas deslizando pelo meu rosto...Estava tão bestializada pelo que ele estava falando, que nem me dei conta do quanto meu coração se sentia completo agora. Juro que pude ver os olhos dele marejarem também.

-Daqui a pouco teremos o nosso J.J com a gente. –Foi a única frase que consegui formular, entre tantas emoções arrebatadoras.

-O nome dele vai ser mesmo Jake Junior?

-É claro que vai!

Ele abriu um sorriso de orelha a orelha.

-Eu sabia que ia acabar te convencendo, loura... –Ele me abraçou, e colocou uma de seus mãos quentes sobre minha barriga, e como se fosse programado, nosso garoto deu um pequeno chute.

-Sonhei tanto com esse momento... –Murmurei, semicerrando os olhos de felicidade, de torpor. Era tanta alegria que sentia medo de tudo acabar explodindo. Não sabia se tinha falado a frase em voz alta, mas logo senti uma carga elétrica no lugar da minha testa onde Jake encostado os lábios.

-Eu também sonhei muito com esse momento.

-Pena que tenha demorado tanto. Odeio que tenhamos perdido tanto tempo.

-Sete meses nem é tanto assim, Rose.

-Não falo dos sete meses apenas...Passei uma vida inteira pensando que te odiava.

Sorrimos em sincronia, lembrando de nossas brigas. Algumas delas talvez não fossem tão ruins, mas nada se comparava a estar ali, aninhada com ele, em um momento tão perfeito que eu não me importaria que durasse para sempre.

-É verdade. –Ele concordou comigo, como se tivesse lido meus pensamentos. Então, seu olhar se recaiu sobre mim, com uma nota de responsabilidade. Vi meu reflexo ali, fascinada pelo brilho e pela ternura daquele olhar. –Mas ainda temos uma eternidade. E é por isso que eu não vejo sentido em continuar perdendo tempo sem ela. -Não compreendi exatamente o que ele queria dizer, mas sensações indescritíveis percorreram o meu corpo, e eu o vi baixando os olhos na direção dos meus dedos da mão direita, que estavam apoiados em seu tórax, e notei que ele franziu o cenho. –Você está usando o anel, Rose?

Senti minhas maças do rosto enrubescerem, mesmo que ele não tivesse dito isso me condenando...Só parecendo curioso.

-Ahhn...Sim. Me desculpe por isso. Eu o encontrei no seu casaco, logo depois do acidente, e bem...Tomei a liberdade de usá-lo. Eu sei que é um anel de noivado, e sei que posso ter entendido errado...Mas, ahn, bem...Quer dizer...Eu...

-Rose. –Ele me interrompeu, seriamente. Senti um calafrio, imaginando que ele pudesse ter ficado bravo comigo por ter fantasiado achando que ele quisesse se casar, mas então ele sorriu, feliz. –Não há nada desse mundo que eu não queira mais do que me casar com você. Morar com você. Ficar com você para sempre, e ter um filho com você. –Jake disse, como se aquela fosse a coisa mais simples do mundo, e não como se ele tivesse tirando o meu planeta da órbita, me causando tantos sentimentos inexplicáveis de amor que poderia ficar sorrindo por horas, feito uma idiota, e ainda não teria expressado o quanto estava feliz.

-Eu te amo, Jacob.

-E eu te amo mais, Rosalie. Para sempre e Eternamente.

Não consegui conter um suspiro apaixonado, antes de sermos atraídos um para o outro como se fossemos ímãs de geladeira, com nossos corpos tão pertos que chegávamos a desafiar a lei da física... Queria poder ficar olhando para o rosto dele para sempre, mas a necessidade de fechar os olhos ao sentir o hálito dele colidindo com a pele hiper-sensível dos meus lábios foi mais forte, e antes que eu pudesse me dar conta, meus lábios traçaram o caminho que a muito tempo precisavam seguir. Meu corpo sentia falta de ter o dele perto do meu. Minhas vias respiratórias sentiam saudades do cheiro delicioso da pele dele. Mas acima de tudo, meus lábios precisavam matar a vontade de ter os dele contra-pressionados ali, e desfrutar do gosto agridoce e da sensação do mundo ser mais fácil, mais perfeito, depois de tanto esperar. Nos beijamos como se não houvesse amanhã.

E fomos surpreendidos com a porta se escancarando, e dando espaço para todos entrarem. Primeiro Alice, depois Bella, Rachel, Jasper e Edward...Eu não tinha ideia de como eles estavam ali (com exceção de Rachel), ou se já estavam no quarto, com Jake antes que eu chegasse. Ao contrário do esperado, eu não me senti nem um pouco constrangida por eles estarem nos vendo em um momento tão romântico e íntimo. Só sei que estava feliz por eles estarem ali também. De repente, tudo pareceu mais completo e feliz ainda.

Ouvi alguns soluços, e percebi que eles não vinham de mim, e sim de Alice, Rachel e Bella, que por alguma razão, choravam como se fossem três criancinhas perdidas. E olhando bem para a cara de meu irmão e de Edward, de alguma eles até pareciam se controlar para não ter um ataque , e não conseguiam refrear sorrisinhos de canto (devo ter esquecido de comentar que toda a possível rixa que eles tinham com Jake era um episódio a muito superado, e que eles estavam torcendo tanto quanto todo mundo para que tudo desse certo).

Acho que eu devia ter suspeitado que eles estavam nos ouvindo por trás da porta...

Alice conseguiu dizer alguma coisa em meio aos soluços.

-Ah, Jake...Rose...Vocês tem a história de amor mais romântica que eu já conheci. –Ela enxugou uma das dezenas de lágrimas e balançou a cabeça, com os cabelos curtinhos esvoaçando. -Mais até do que a de Jack e Rose, porque vocês estão tendo um final tãoo lindo e feliz!

Não consegui deixar de sorrir para ela, e sabia que Jake estava fazendo o mesmo ao meu lado. Na verdade, sorri para todos eles. Estava com vontade de dizer o quanto eu os adorava, e o quanto haviam sido importantes para mim nesse final feliz, mas acho que consegui resumir tudo isso no olhar que dirigi a eles.

Tudo que eu precisava agora era olhar para Jake. De novo. E ao mesmo instante em que fiz isso, ele pareceu olhar para mim. Ficamos nos admirando por um bom tempo, nossos corações sem limites, até que eu me toquei de como deveria dar o final a plenitude extensa que nos preenchia.

Enchi meu rosto de algo maroto, e inclinei a cabeça olhando para ele, antes de dizer com a certeza, mais certa do mundo:

-É, Jake. Tinha que ser você.

FIM

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É isso ai gente! Mais uma vez, obrigada mesmo! E não deixem de conferir o Epílogo! Já está postado!

Beijos,

Lívia Rodrigues Black
Enviado por Lívia Rodrigues Black em 12/01/2012
Código do texto: T3437386
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