Contos do velho Bartô - Cap 2

Cap 2: Novas descobertas

Felipe acordou do seu transe com a chamada da campahinha. Sua casa era muito bonita, tinham dois andares, era muito aconchegante e ao mesmo tempo muito moderninha. Felipe estava na cozinha tomando o café, e atravessou a sala e o quintal com rapidez, abriu a porta com um largo sorriso para saudar os amigos que acabaram de chegar.

- FAAALA MEU REI, Bom dia ! – Disse seu amigo Adrian, um garoto magro de cabelos curtos, moreno. Adrian usava uma bermuda com all star e uma camisa roxa com o símbolo hippie no meio em preto.Ao seu lado, estava Roberta, uma garota de óculos escuros, cabelos enrrolados até o busto e um vestido daqueles bem levinhos preto com uma regata. Felipe não podia acreditar, seus dois melhores amigos desde a infância que haviam se mudado para outra cidade estavam de volta a sua casa, para passar os cinco melhores dias da sua vida.

- Eu estava me preparando para ir pegar vocês, o que houve ? – perguntou Felipe.

- Biicho, o ônibus do Rio de janeiro chegou mais cedo aqui em Minas, e então pudemos fazer esta surpresa, incrível como tudo parece estar como era antes, não ? – respondia sua Amiga Roberta, olhando a praça logo ao lado da casa de Felipe, a frente havia uma casa, uma do lado da outra. O chão era asfaltado porém perto da casa do velho bartô, parecia que tudo era diferente. Na calçada, havia dois duendes com pequenas ferramentas nas mãos, a casa era de portão alto e cheia de plantas, tão cheia que nem parecia uma casa e sim um terreno baldio. No quintal, em volta da casa, havia um círculo branco e algumas pedras. Ao lado, havia uma fonte linda, onde descansavam alguns pássaros e uma cadeira de balanço perto dali mostrava um certo conforto ao lugar.

Os três amigos se aproximaram da casa, tão de perto, que estavam quase abrindo o portão da casa do velho Bartô, porém uma voz atrás deles expulsa a emoção de reencontrar o velho amigo.

- Esqueçam, ele não vai vir – disse uma voz ríspida atrás deles – dizem que nunca mais voltou depois de ter ficado biruta com estas pestes de crianças como vocês – continuou a gorata, que logo de imediato, os amigos olharam para trás, e viram quem era: magra, alta, cabelos loiros presos em um corte fino. Vestia calças apertadas e uma camisetinha. O seu olhar era de desdém, como se aquelas pessoas a sua frente, fossem três ratos de esgoto nojentos... Camila Narciso, uma garota chata e muito má que morava na casa a sua frente.

- E desculpa, quem chamou você aqui ? – Disse com verocidade Adrian.

- O que me chamou aqui foi o mesmo que vocês.. você sempre foram muito estranho com este velho, e sempre quis entrar lá.. se vocês entrarem, eu vou também.

- E quem te garente isto, cara de fuinha ? – respondeu rápido roberta. Porém Camila não pode responder pois atrás dela, havia uma espécie de gêmea, como se fosse Camila, a versão mais velha, e ainda mais mesquinha do que a menor.

- Dando atenção para os desabrigados meu amor ? Sempre soube que você fosse boa, mas fazer ações sociais... ta de parabéns. – caçoava a mãe dela, Angeline Narciso, uma mulher tão ruim capaz de promover o caos mundial por um pote de anti-rugas. Mulher sagás que não dorme no ponto, tem síndrome de riquesa, mesmo morando num bairro de classe média. Ela olhava com o mesmo desdém que a filha para os três amigos.

- EU VOU MATAR VOCÊS SEUS PESTES MALDITOS, SEUS CRÁPULAS, SAIAM DA MINHA PROPRIEDADE ! – Vinha com um pedaço de vassoura o velho Bartô que agora parecia bem mais acabado, usava óculos maiores e de aros bem mais grossos para aguentar a lente absurdamente grande. Ele usava a abitual bermuda e camiseta com um boné velho que usava desde quando Adrian, Felipe e Roberta eram crianças. – E VOCÊS ? FICARAM GRANDES E BURRAS, NÃO ME ENTENDERAM ? – Bartô olhava com estranhesa os jovens a sua frente, como se nunca tivesse havido nada entre eles, nenhuma magia tivesse sido feita, nenhum laço tivesse os envolvido. – SAIAM DA MINHA CALÇADA ANTES QUE EU ARRANQUE A CABEÇA DE VOCÊS... E VOCÊ TAMBÉM SUA PERUA, CAI FORA DAQUI ! – Bartô ameaçava com o seu cabo de vassoura.

- Vamos pessoal, vamos... resolvemos isto depois – Felipe chamava os amigos.

- É, nem os próprios amiguinhos o velho Bartô reconhece não é ? – ria com sarcasmo a garota – coitadiinho do velho Bartô, é sozinho, e agora gagá ! HAHAHAHAHAHA – a garota se descontrolou num acesso de risadas, os amigos se entreolharam, porém entraram em casa sem nem olhar para trás.

Depois da discussão com Camila, os jovens ficaram enquietados com o ocorrido. Porque será que Bartolomeu não se lembra mais deles; Será que ele ficou mesmo caduca e não lembra mais dos próprios amigos, quase como netos para ele ? Enquanto estavam no quarto, Felipe disparou a falar:

- Mas, eu nunca me lembro de ter passado um tempo com ele. Depois que vocês foram embora... ele pareceu rancoroso, assim como hoje. Mas ele nunca voltou a sair no portão assim, desde que...

- Desde que o que Felipe ? – perguntou Roberta – Desde o quê?

- Desde que abandonamos a cidade de Gullart –

- NÃO ABANDONAMOS A CIDADE DE GULLART FELIPE ! Você sabe muito bem o que foi que aconteceu. Você sabia muito bem que tínhamos uma vida aqui, pais, família...sonhos – disse Adrian

- E você sabe muito bem, que não tinha como sustentar aquilo por muito tempo,você sabia que haveria uma hora que nós teríamos que abandonar Gullart porque tínhamos o que fazer aqui – continuou Roberta.

- Sim, mas e agora tudo mudou, agora tudo está diferente. Vocês não tem vontade de voltar ? Vontade de rever tudo aquilo, de sentir o ar de Gullart, e de poder correr no bosque descalço ? Não sente vontade depois de tantos anos de rever toda a magia de novo ? – perguntou Felipe, que continuou – Há uma última chance de ver se a magia ainda continua, há uma última chance de poder mudar tudo de novo

- O que você quis dizer com isto ? – Perguntou Roberta, pulando da cama e indo pra mais perto de Adrian e Felipe

- Estou querendo, vamos dizer... rever velhos amigos, o que vocês acham ?

- Ah tá, ir até a casa do velho Bartô, e tentar entrar num mundo que nem lembramos se é de verdade ? Éramos crianças Felipe, pelo amor, você acha mesmo que aquilo era real ? Mau lembro o que comi no café, vou lembrar de um mundo medieval paralelo cheio de bosques e pessoas, com animais que falam e tudo o mais ? – Disse ríspido Adrian que fechou a cara e cruzou os braços.

- Mas... – Felipe fez mensão de continuar, mas Adrian o interrompeu

- E mesmo se aquele mundo fosse real, como você acha que entraríamos na casa do Bartô? Oi Bartô, tudo bem ? Eu sei que você está gagá e não lembra mais de nós, mas você poderia abrir a porta do seu jardim lá atrás pra podermos ver se o nosso mundo paralelo não entrou em extinção? Ai ele ia lá quebrava nossas cabeças com aquele cabo de vassoura. Isto é ridículo. – disse Adrian.

- Eu tenho um jeito de provar que tudo aquilo é real, de que tudo que vocês passaram é de verdade e que não foi apenas sonho. – a voz vinha da porta aberta do quarto, a voz era de uma garota baixinha, aparentemente onze anos, cabelos até o cotovelo, lisos e castanhos bem claros, berando o loiro, olhos castanhos bem chamativos e com um brilho lindo. Era Letícia, a irmã mais nova de Felipe.

- Do que você está falando Letícia, do que você sabe sobre isto, não era pra você ter saido com minha mãe ? – perguntou Felipe aflito

- Bom, depois que vocês deixaram Gullart, alguém lá teve que assumir tudo não ? Vocês não acreditariam em como está tudo por lá. Está muito estranho, o povo de Gullart está com medo e vocês precisam ir lá. – respondeu ela, entrado no quarto e sentando com os três amigos como se estivessem falando de um almoço de família.

- Como você sabe sobre Gullart, como sabe do povo de Gullart, como sabe de tudo ? – Pergunou Adrian

- Pera ai, não vai dizer que você sabe onde fica o portal ? – Roberta que parecia não querer entrar na briga finalmente se manifesta.

- Sei, mas não pelo portal de costume, o que vocês costumavam entrar... a alguns meses atrás, eu descobri o livro onde vocês escreviam tudo, no buraco atrás do armário da cozinha. Li e fiquei encantada pelo lugar, achei Gullart uma fantasia sem fim. Com os duendes trabalhadores, o lindo bosque das fadas, que fica acima das nossas cabeças, mas precisamente na copa das árvores, uma pequena colônia no topo do eucalipto mais velho do bosque das fadas. Achei tão lindo a descrição sobre a vila Gullart onde crianças brincavam descalças e partilhavam de brincadeiras com os Faunos, e quis também beber água no riacho com o som dos pássaros cantando. Li até a parte que existe apenas um guardião em toda Minas Gerais hoje em dia, que é chamado em Gullart de Guardião da chave de portai, e no nosso mundo: Bartolomeu Albuquerque. Fiquei estasiada em saber que aquele velho era guardião de um mundo tão mágico. Depois de saber que ele é filho de Trols então... não sei se ficava com medo, ou feliz de saber que a minha entrada estava fácil. Porém tentei saber qual a outra chave de portal para entrar em Gullart, mas não achei nada, o máximo que achei foi um pote de incensos velhos, e um chão marcado de giz. Mas nada mais abria, achei que só com vocês três ele fosse abrir, porque Bartô... Ele nunca ia me revelar como entrar.

Os meninos conversaram tanto sobre Gullart, que não perceberam quando começou a ficar escuro, só perceberam onde estavam, quando ouviu a voz da mãe de Felipe chamar por eles.

- Felipe ? Os meninos chegaram ? – Perguntou a mãe de Felipe, Norma. Uma mulher alta, de cabelos longos como os da filha, e sorrisos como o de Felipe. Trajava um vestido florido, sandálias e deixava os longos cabelos soltos no seu busto e costas. – AHH como é bom rever vocês ! Fiquei velha, mas não fiquei boba, tá bom ? Como passaram de viagem ?

- BEM – respondeu os dois em couro.

- AHH tudo bem. Eu vou percebi que interrompi uma conversa interessante com amigos. Venha Letícia, vamos deixá-los a sós para poderem matar um pouco mais a saudade.

- Mas mães eu estav..

- Venha logo Letícia, me ajuda a tirar as compras do carro para poder preparar um lanche pra vocês.

Letícia vai com a mãe, mas não sem olhar pra trás e lançar um ‘’ conversamos depois ‘’, deixando os três amigos mais curiosos ainda sobre o parecer da velha cidadade e os conhecimentos de Letícia sobre Gullart.

Igor Souza R
Enviado por Igor Souza R em 13/10/2009
Código do texto: T1862959
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