"BOI TATÁ"
Vou contar para vocês a história do Boi Tatá. Era uma vez um menino muito esperto e um pouquinho travesso, que foi morar em uma casa no campo, pois ficara órfão de mãe e para lá fora enviado.
A família que o acolhera, era muito bondosa. A senhora da casa se chamava Mimosa e Lico passou à chama-la de mamãe Mimosa. O senhor da casa chama-se Deodoro e o menino passou a lhe chamar de papai Deodoro.
A casa ficava no alto de uma colina, sendo que na frente, mais abaixo, tinha um lago que no inverno congelava e as saracuras, galinhas do mato coloridas e priás, passeavam sobre ele.
As águas deste lago, vinham de um riacho, que chamavam de sanga e sumia na floresta que ficava perto da casa.
Era esta floresta que o Lico mais gostava de brincar.
No verão ele tomava banho na sanga, que por ser bem rasinha, dava para ver os peixinhos nadando.
Passava horas observando os passarinhos ciscando nas folhagens à procura de minhocas, para se alimentar e levar para seus filhotinhos.
Ele usava nos pés uma botinha, feita de couro duro e solado de madeira, que cobria até o tornozelo, tipo botas de soldados.
Não era muito confortável, mas evitava que algum espinho cravasse em seus pés, bem como evitava ser mordido por alguma cobra. E cobras tinha muitas naquela floresta, umas tão grandes, que quando ele avistava uma saia correndo para casa, muito assustado.
Num belo dia, mamãe Mimosa pediu que ele fosse levar uns pães, que ela havia feito no forno à lenha, para a casa de seu filho, que morava com à sua família, um pouco longe dali.
Com os pães enrolados nuns panos, ele partiu por uma estradinha, tão fininha que só passava uma pessoa por vez.
No meio do caminho, esta estradinha passava ladeando uma cerca de arame farpado, onde do outro lado, diziam que morava um boi zebú, muito feroz e pai de muitas vaquinhas que pertenciam ao papai Deodoro.
A recomendação era que ele nunca devia atravessar aquela cerca.
Mas, como eu disse, o menino era muito curioso e passando por baixo da cerca, entrou para o outro lado.
Caminhou muito pouco e logo avistou ao longe o boi Tatá. Ele era branco, com algumas pintas pretas e no lombo, próximo à cabeça um montinho, parecendo um cupim.
Quando ele percebeu que o boi o avistara, correu para dentro de um mato e encontrou umas pedras muito grandes. Viu que havia uma fenda entre elas e logo se enfiou ali. Não demorou muito para o boi Tatá aparecer e começar a bater com os chifres nas pedras, fazendo muito barulho. Ele podia ver os enormes olhos vermelhos, que pareciam de fogo e do seu focinho saindo muita baba.
O menino ficou ali encolhido e muito aterrorizado por muito tempo.
Quando começou a escurecer o boi foi embora, mas o menino ficou com muito medo de sair.
Depois de algum tempo, ele ouviu uma voz chamando: Lico! Lico! E ele imediatamente reconheceu a voz do papai Deodoro. Saiu correndo ao seu encontro e o abraçou muito apertado, tremendo de medo e de emoção por ter sido salvo do boi Tatá.
De volta para casa, ele foi ouvindo o conselho de que nunca mais devia desobecer as orientações das pessoas mais velhas, para evitar passar por outros perigos.
Conselhos que dali em diante ele sempre seguiu.