Alguém roubou o arco-íris vol IV/V
Continua a saga da bruxa Ma e seus amigos.
A Deusa keiko era a guardiã oficial do arco íris e levava sua missão muito a sério. Ela havia se mudado para a *torre cor de rosa e por lá pretendia ficar para sempre.
Naquele dia ela havia lavado as fitas do arco-íris e assim que as fitas secaram já ia guardá-las, quando escutou alguém chamando lá embaixo.
_Ô de casa, tem alguém aí?
_Meu Deus, quem poderia ser a essa hora? Pensou keiko. Geralmente ninguém aparecia na torre cor de rosa a esta hora da noite, pois todos na terra da magia sabiam que neste horário a Deusa keiko estava ocupada, cantando cantigas de ninar para o arco íris.
Às vezes, durante o dia, alguma bruxinha desgarrada aparecia por ali pedindo informações em como fazer para chegar até o *campo das vassouras mágicas. Pois o campo ficava bem próximo à torre cor de rosa.
Keiko desceu vagarosamente as longas escadas, ela não gostava de deixar o arco íris sozinho na torre.
Todas as noites era a mesma rotina. As fitas tinham de ser lavadas uma por uma e depois de secas eram enroladas e colocadas para descansar em cestos coloridos. Para que no dia seguinte ele estivesse ainda mais bonito e iluminando o céu da terra da magia.
Ao abrir à porta ela se deparou com um homem alto e também muito bonito. Tinha longos cabelos loiros e os olhos muito claros e brilhantes que irradiavam paz e amor.
_Perdão senhorita! Estive andando por horas e acabei me perdendo. Estou à procura de um amigo que se mudou recentemente para essas bandas. Mas pelo jeito terei de desistir de encontrá-lo, porque já não tenho mais forças para prosseguir em minha caminhada. Como tenho muita sede, venho apelar para a sua bondade e lhe pedir um copo de água.
Keiko ficou encantada com a gentileza daquele homem.
_Ah se ela não estivesse comprometida com o Deus dos ventos! Pensou keiko sonhadora.
_Entre meu caro, sente-se neste banco e descanse suas pernas enquanto busco água fresca na cozinha. Volto já, fique a vontade!
E keiko rapidamente caminhou para a cozinha em busca de água para aquele homem.
Cinco minutos depois, keiko reapareceu com uma grande garrafa cheia de água fresca. Ela pegou um copo e encheu de água servindo ao belo estranho.
_Como é o seu nome senhor?
_Perdão senhorita, eu me esqueci de me apresentar.
_Meu nome é Pietro, não sei o que seria de mim, se não fosse a sua bondade. Já me encontrava sem forças e não demoraria muito a cair desmaiado por estes caminhos se a senhora não tivesse saciado minha sede.
Pouco tempo depois keiko e Pietro entram em uma animada conversa. Keiko se deixou seduzir pelas doces palavras do desconhecido.
O tempo passou e keiko se esqueceu do arco íris. Até que Pietro se levantou, foi até a garrafa e encheu dois copos de água, servindo um para si e outro para keiko que lhe sorriu agradecida, pois já estava com a boca seca de tanto conversar.
Keiko bebeu o copo de água com muita sede. Ela olhou para Pietro que lhe devolveu o olhar. Olhar esse, que lhe pareceu enigmático. Pietro lhe observou beber toda a água até não mais restar uma só gota no copo. Pouco tempo depois, um sono intenso pegou keiko de surpresa.
_Oh meu Deus o que está acontecendo? Pensou keiko com os olhos quase se fechando. E adormeceu.
Dois dias se passaram até que a guardiã foi acordada com gritos e pancadas na porta da torre.
_ keiko, você está aí?
Keiko ainda com a cabeça e o corpo doendo muito, foi acordada com os gritos vindos lá debaixo. Ela conseguiu se levantar da cama e desceu as escadas com muita dificuldade.
Depois de grande esforço, ela chegou até a porta, mas ao tentar abri-la não conseguiu, porque a chave havia desaparecido.
Keiko percebeu que a porta foi trancada pelo lado de fora, alguém havia roubado a sua chave. A chave que ela trazia amarrada a sua cintura.
Keiko começou a gritar:
_Socorro, socorro, me tire daqui! Eu não consigo abrir a porta!
_Saia da frente Keiko, vamos ter que arrombar a porta! Gritou uma voz familiar vindo lá de fora.
Logo depois, a porta foi aberta com um estrondo, a fechadura foi arrancada e atirada longe. Mariana, Cora e Lola aparecem em seguida.
_Você está bem Keiko? O que foi que aconteceu? Perguntou a bruxa Ma.
Keiko, envergonhada, percebeu que havia caído numa cilada. Ela havia sido envenenada por Pietro!
Mas por que será? Ela não tinha nada. A não ser?
Keiko, num só pulo, subiu correndo as escadas. Agora já recuperada do veneno de Pietro.
Devido ao seu nervosismo ela tropeçou no seu vestido, mas logo chegou até o alto da torre.
Quando keiko entrou na grande sala onde as fitas ficavam guardadas, ela percebeu que os cestos estavam completamente vazios. O arco iris havia sido roubado. E foi nesse momento que a guardiã se deu conta do golpe em que fora vítima.
_Porque alguém faria isso comigo. Porque Pietro roubou o arco íris? Perguntou keiko para si mesma, muito triste e angustiada.
As jovens bruxinhas perceberam o desapontamento de keiko. Elas tinham ido até a torre, porque durante dois dias seguidos o arco íris não havia surgido. Elas estranharam o acorrido, porque na terra encantada, não é preciso chover para o arco íris aparecer. Ele nasce todos os dias juntamente com o sol. E então pegaram as suas vassouras e foram até a torre cor de rosa, para descobrir o que havia acontecido.
Como o arco íris não havia aparecido, alguma coisa estava errada. E isso as bruxinhas precisavam descobrir.
Quando chegaram à torre cor de rosa, as bruxinhas se depararam com a porta trancada. Começaram a gritar bem alto até keiko acordar e se dar conta de que foi vítima de um golpe maquiavélico.
As bruxinhas arrombaram a porta e quando souberam do acontecido com a guardiã keiko resolveram ajudá-la.
_Como era esse ladrão? Era um bruxo ou um mortal?
Perguntou a bruxa Ma.
_ Você já o viu por estas bandas? Quis saber Cora.
Keiko respondeu as perguntas das curiosas meninas. Contou como foi à chegada de Pietro à torre, e até sobre a água que ele lhe serviu.
Keiko temia ser castigada pelas bruxas velhas do conselho. Devido a sua incompetência, o arco íris havia sido roubado. Assim pensava a amargurada Keiko.
Geralmente, Keiko não abria a porta para os visitantes, ela os atendia do alto da janela. E de lá mesmo ela despachava aos que lhe pediam informações. Porque ela abriu a porta justamente para Pietro?
Mas o que mais lhe doía era ter falhado em sua missão de proteger o arco íris. E agora, o que seria de sua vida sem ele?
Ela estava disposta a pagar por eu castigo, mas, queria ainda mais, ter de volta o arco Iris á torre cor de rosa. A bruxa Ma tentou lhe tranquilizar:
_ Não se preocupe Keiko, nós iremos até o fim do mundo se for preciso para trazer o arco íris de volta. Não só para você, mas, para todas as crianças do mundo!
Disse a bruxinha Mariana, disposta a ir atrás do arco íris e prender o ladrão Pietro.
_Conte comigo também! Gritou Cora se juntando a Mariana. keiko ficou emocionada com a boa vontade das meninas.
Logo a turminha deixou a torre cor de rosa, Mariana subiu em sua jovem vassourinha *Frida e com Lola em sua traseira.
Cora e a vassoura *Josefina partiram logo atrás, deixando para trás a chorosa keiko, se lamentando pelo leite derramado. Isto é: pelo sumiço do arco íris.
_Que tal nos separarmos Cora? Assim temos mais chances de encontrar Pietro! Sugeriu bruxa Ma.
_É você tem razão, eu vou seguir para o leste e você para o oeste! Diz Cora concordando com a bruxinha Ma.
_Estou tendo uma ideia Cora. Se o Pietro for realmente um mortal como eu imagino que é. Ele deverá voltar para o planeta terra no trem espacial, porque o trem é o único meio que os humanos têm para chegar até aqui na terra da magia. É também é o único jeito que eles têm de voltar para o planeta terra! E se Pietro ainda estiver na estação espacial?
_Eu não creio nisso bruxa Ma. Já se passaram dois dias que Pietro roubou o arco íris e se ele fosse realmente um humano, como você acha que ele é. Ele já deve ter pegado o trem espacial e voltado há muito tempo para casa!
_Aí é que você se engana! Sabe aquele nosso colega de classe, o Lenon?
_Sei sim! Respondeu Cora.
_ Pois é! Depois que a escola termina ele vai trabalhar na bilheteria da estação espacial. Ele havia comentado ontem durante a aula de culinária*que a estação estava uma verdadeira baderna, porque o motor do trem espacial havia pifado. E não havia previsão de conserto tão cedo. E disse também que as pessoas estavam nervosas e aglomeradas no saguão da estação espacial. Todos morrendo de vontade de voltar para casa!
_Já imaginou Cora? Se o motor ainda não foi consertado há chances do Pietro não ter deixado à terra da magia! Prosseguiu Mariana.
_É pode ser, embora eu não acredite que o Pietro seja um mortal. Do jeito que keiko o descreveu ele parecia ser um Deus. E sendo assim eu prefiro ir atrás do "suposto" amigo que ele procurava. O “tal”, que se mudou recentemente pra cá.
_Então agente se despede por aqui. Simbora Frida é com você. Iupiiiiiiie! Gritou Mariana.
E as vassouras tomaram direções opostas. Frida seguia a todo vapor com a bruxa Ma e a cachorra Lola quase despencando em cima dela.
__Ah se o cavalo *Dionísio estivesse aqui! Pensou a cachorra Lola no cavalo alado, que era bem mais confortável que essa vassoura magrela!
Foram em direção à estação espacial. Cora e Josefina partiram atrás do suposto amigo de Pietro.
Quem será que tinha razão?
Pouco depois, Frida pousou aos tropeços na estação espacial. E pela muvuca de gente barulhenta e estapafúrdia, parecia que o trem espacial não havia sido consertado ainda.
Mas por pouco tempo. Um grupo de elfos dava os últimos retoques no motor. E depois de muitos dias de reclamações populares o trem finalmente havia acabado de ser consertado!
__Ufa! Chegamos bem a tempo. Por pouco o trem ainda não havia partido para a terra!
Mariana verificou todos os vagões do trem, mas eles ainda estavam vazios. Por pouco tempo, porque a multidão já corria para perto do trem e tomar seus lugares. Pietro ainda não havia entrado nos vagões, ele devia estar bem escondido em algum lugar na estação. Mas onde?
O melhor seria vasculhar de ponta a ponta a imensa estação, mas de tão entulhada que estava não se enxergava um palmo diante do nariz. O jeito foi sobrevoar de vassoura por dentro da estação. O que era terminantemente proibido.
Já imaginou vassouras disputando corrida em ambiente fechado?
Seria um verdadeiro congestionamento de vassouras!
Mas ignorando as normas do bom comportamento, que valem e muito para as bruxas, diga-se por sinal. Mariana empinou a vassourinha Frida e saiu voando em cima das cabeças dos irritados passageiros.
Frida acabou levando alguns tapas na cabeça, Lola umas boas puxadas no rabo e Mariana, milhões de xingamentos.
Bem lá do alto, bruxa Ma avistou um homem muito parecido com as descrições de Keiko. Era um homem loiro e parecia estar muito triste e pensativo.
_Meu Deus, só pode ser ele! Falou Mariana para Frida e Lola.
Quando ele se levantou é que a bruxinha teve certeza que era mesmo o homem que elas tanto procuravam. O homem era muito alto, parecia um guerreiro viking.
_Nossa como ele é bonito Frida! Disse Mariana.
_E como é! Parece um desses guerreiros dos países nórdicos! Suspirou Frida sonhadora.
_Vocês duas, parem de babar por aquele malfeitor. Não veem que ele enganou keiko e ainda pode estar com o arco íris? Suas manteigas derretidas! Falou Lola mais madura e sensata.
O homem loiro seguiu em direção a um dos vagões que se abria para receber os eufóricos passageiros. Foi um empurra empurra danado.
Pietro estava triste e cabisbaixo, em suas mãos ele levava dois grandes sacos de lixo. Estavam estufados, como dois balões prestes a explodir.
_Estou achando que as fitas podem estar presas naqueles sacos! Disse a bruxa Ma.
_Pobrezinhas, devem estar todas amarrotadas! Lamentou Frida chorosa.
_Iupiiiiie Frida, temos de pegá-lo agora, antes que ele entre no trem. Vamos agitar essa estação, avante sua preguiçosa. Iupiiiie! Gritou cada vez mais alto a bruxinha Mariana.
Iupiie era o grito de guerra de Mariana.
Bastava à menina gritar a palavra mágica para que a vassourinha voasse que nem um foguete. A vassoura saiu em disparada, ganhando espaço na estação espacial.
O povo que se espremia na estação, não gostou nem um pouquinho daquela invasão sob suas cabeças, já estavam ali a mais de dois dias e se encontravam irritados e nervosos. E logo agora no momento de embarcar, surgiu essa bruxinha distribuindo vassouradas em suas cabeças.
Ah! Era só o que faltava!
Um gigante de um olho só, que vendia água na estação, ao sentir o cabo da vassourinha cutucar sua careca, sem nem ao menos se desculpar. Não resistiu, atirou para longe a sua caixa de isopor e partiu pra cima da vassoura.
_É hoje que eu queimo essa vassoura!
Não conseguiu pegar os ramos de Frida, mas conseguiu puxar o tênis skatista colorido de Mariana e derrubá-la no chão.
Frida ia voltando para pegá-la, quando a menina gritou:
__Vá pegá-lo Frida. Você e Lola não o deixe escapar, vão logo!
E a menina se virou para o gigante de um olho só e disse:
__Seu idiota, não vê que essa correria é por um bom motivo! Já imaginou ficar sem o arco íris para sempre?
E saiu correndo, abrindo caminho entre a mal educada multidão, em direção ao vagão número dois, que era para onde Pietro se dirigiu.
No momento em que Pietro se preparava para entrar no trem, foi atingido por uma vassourada no bumbum, que o fez desequilibrar e cair com os sacos negros.
Ele olhou para trás e viu uma jovem vassourinha enfurecida, pilotada por uma cachorra amarela vira-lata. Seria engraçado se não fosse trágico. A vassourinha levantou voo e ia atacá-lo novamente, quando surgiu, segurando a barra de seu vestido preto, uma linda garotinha de uns seis anos de idade. Chegava dando ordens à enfurecida vassoura cor de rosa.
_Já chega Frida! Lola desça já daí e vigie o meliante para que ele não possa sair da terra da magia. Vou até o posto policial buscar ajuda para prender esse viking ladrão. Se ele não nos entregar o arco íris por bem, terá de fazer por mal.
Pietro ouviu calado as acusações da bruxinha.
Na verdade é que ele não queria ter feito o que fez. Ele só fez isso para realizar um último desejo de seu filho.
_Ouçam-me primeiro pestinhas!
_Pestinhas? O que ele quis dizer com isso?
Ele pediu a bruxa Ma que o escutasse antes de tomar qualquer atitude precipitada.
_Peço que ouçam com bastante atenção antes de me julgarem. Começou então a lhes contar a sua história.
_Sou um simples mortal como podem ver. Não tenho nenhum poder e se vim até aqui, foi para realizar um pedido de meu filho. Casei-me muito jovem. Minha esposa era uma mulher maravilhosa e companheira, passado pouco tempo de nossa feliz união, ela me comunicou que estava grávida. Fiquei muito feliz, mas também muito apreensivo, porque minha esposa tinha a saúde muito frágil. Mas ela estava tão contente que não quis entristecê-la com meus pressentimentos ruins.
Acabei por compartilhar com ela a alegria que esta criança traria ao nosso lar. Mas no fundo meu coração eu estava infeliz, parecia que eu pressentia que um futuro negro estava prestes a surgir.
E parece que meu coração tinha razão. Logo que meu filho nasceu, minha esposa não aguentou as dores do parto veio a falecer, mas não sem antes me fazer prometer que eu tudo faria proteger a criança.
Ela nem precisava me pedir por isso. Quando eu tive meu filho em meus braços, aquele ser tão pequenino e frágil eu jurei a Deus tomar conta dele para sempre.
Mas quando meu filho completou cinco anos, ele foi diagnosticado com uma grave doença e seu estado só piorava a cada dia. Os médicos o desenganaram e no momento, estamos vivendo cada dia como se fosse o último.
Um dia desse seu estado piorou ainda mais. Foi quando o meu filhinho com uma voz muito fraca pegou em minha mão e começou a me contar sobre sonho que tivera durante a noite:
__Essa noite eu sonhei que estava em um lugar muito lindo e mágico. Uma linda senhora de cabelos negros me empurrava em um balanço feito com as cores do arco íris. Você estava sorrindo ao lado dessa senhora e ajudava a empurrar meu balanço. Impulsionado pela sua força o balanço me levou para tão alto que os meus pés chegaram a tocar as nuvens no céu.
__Ah papai foi um sonho tão lindo, que eu já não queria acordar nunca mais. Quem me dera ter um balanço assim, feito com as fitas do arco íris!
_Você me faz um balanço assim papai? Antes que eu feche meus olhos para sempre!
E foi neste momento que prometi ao meu filho algo que nunca poderia cumprir.
_ Como eu, um simples mortal, poderia construir um balanço com as fitas mágicas do arco íris?
Mas como havia prometido a minha esposa que faria qualquer coisa por nosso filho. Eu decidi atender a esse último pedido de meu filho. Antes que ele partisse para sempre para o reino das sombras.
Uma feiticeira terráquea me ensinou em como chegar à terra da magia. Levou-me até a estação espacial subterrânea e depois de um dia inteiro de viagem no trem espacial, cheguei aqui no planeta encantado.
Trouxe comigo um frasco de um veneno muito usado pelos mortais para roubarem pessoas inocentes. Os golpistas misturam as cápsulas na água de suas vítimas e depois que elas adormecem, eles ficam livres para roubarem o que quiserem.
__Eu não queria prejudicar keiko. Assim que eu realizasse esse último pedido de meu filho, eu traria o arco íris de volta para a terra da magia.
Pietro terminou de contar a sua história com as lágrimas descendo de seus olhos. Rafael, o seu filho, não teria seu último desejo realizado. Que sua esposa, onde quer que esteja, o perdoasse. Ele bem que tentara!
Frida e Lola choravam ao final da triste narrativa. Bruxa Ma, muito cínica quis zombar da cachorra:
_Ué Lola, agora quem é a manteiga derretida aqui hein?
_Eu também tenho o direito de me emocionar, não é verdade Frida? Respondeu a cachorrinha pedindo apoio a vassourinha.
_Ah! Suspirou Frida.
_A gente podia deixar ele levar o arco-íris para o filho dele dar uma voltinha. Não é bruxa Ma?
Disse a vassourinha cor de rosa.
_Não, não podemos! Já imaginaram o castigo que a pobre keiko teria de pagar? As bruxas velhas do conselho são impiedosas. Vocês se lembram do castigo da mamãe não é Lola?
_ Por causa de um feitiço mal feito foi condenada a passar cem anos aprisionada no castelo mal assombrado do guardião Alfredo!
Falou a indignada bruxa Má.
O conselho das bruxas velhas apesar de rigoroso era sempre justo. Suas decisões geralmente eram muito sábias, apesar do castigo de Amélia ter sido bem exagerada. Mas isso foi devido à má influência de bruxa Lila, que era a chefe do conselho na época. Mas que agora, graças a Deus, não fazia mais parte dele, havia sido expulsa, devido às decisões erradas que tinha tomado. Embora segundo a maligna Lila havia dito, que seria por pouco tempo e que em breve ela estaria de volta ao conselho das bruxas velhas!
_E além do mais, prosseguiu Mariana, não seria justo com as outras crianças do mundo todo. Já imaginaram quantas delas em seu leito de morte desejaram brincar de escorregar no arco-íris?
_É melhor você nos devolver o arco-íris e ir embora para rever seu filho. Tenho certeza que ele ficará muito feliz em vê-lo novamente. Agora vá antes que perca o trem espacial. É a última chance que estamos te dando. Adeus! Leve nosso carinho para seu filho e que ele se recupere logo.
Pietro já estava a caminho do vagão, quando voltou e chamou pela bruxa Ma.
_Ei bruxinha! Eu sei que vocês seres encantados, tudo podem. Gostaria de pedir que assim que meu filho partir para o reino das sombras, você fosse até ele e que contasse a história da minha fracassada tentativa em roubar o arco-íris para lhe dar de presente. Quero que saiba que eu tentei realizar o seu desejo. Você promete cumprir esse meu último pedido?
_É não custa nada. Eu prometo sim, não se preocupe! Agora vá antes que perca o trem.
E Pietro partiu de volta para a terra.
Bruxa Ma pegou o arco-íris e jogou-se em cima de Frida, gritando:
__Iupiiiiiie Frida! Simbora sua moleirona. Keiko deve estar subindo pelas paredes devido a nossa falta notícias. Venha logo Lola!
E partiram em disparada para a torre cor de rosa.
O lindo rosto da deusa Keiko, não coube de alegria ao ter de volta o seu amado arco-íris. Ela não se conteve e mesmo sendo noite no céu do planeta, libertou as fitas uma por uma que foram caindo lindas e brilhantes no céu. Colorindo a noite na terra da magia.
Keiko não foi punida por este deslize e continua sendo até hoje a guardiã do arco-íris.
Alguns meses se passam.
Engraçado!
Mariana podia jurar que de onde ela estava, podia avistar uma linda mulher de cabelos longos empurrando suavemente um balanço preso nas fitas do arco íris. Onde uma criança tentava cutucar uma estrelinha com a ponta do pé.
_Seria uma ilusão de ótica? Eu hein? Na terra da magia acontece cada coisa!
Ela se beliscou e foi embora.
Mas não era ilusão de ótica.
Era Elise, a mãe de Rafael. Ela havia ido buscar o filho para morar no reino das sombras. Rafael acabava de deixar Pietro e a terra dos vivos.
No planeta terra.
Dia desses uma criança recém-nascida foi abandonada na porta da casa de Pietro. Como era linda! Parecia até uma miniatura da guardiã Keiko. A princípio Pietro pensou em entregá-la para a adoção, mas como foi se apegando cada vez mais a criança, acabou ficando com ela.
Tempos depois apareceu outra criança. E depois mais outra. E depois mais outra.
Hoje Pietro já tem planos para se mudar para uma casa bem maior porque já são sete crianças. Só que está faltando dinheiro para isso. Mas com a ajuda de Deus e de pessoas boas, ele sairá vencedor nessa gloriosa empreitada.
Mas tem de ser bem rápido, porque ultimamente até animais velhos e abandonados estão indo lhe procurar em busca de abrigo. O que as crianças estão adorando!
Rafael encontra-se muito bem, apesar da forte saudade do pai. E o que lhe conforta é saber que algum dia, o pai estará novamente junto dele e de sua mamãe.
Mariana, sempre que pode, vai visitá-lo e neste natal ela lhe trouxe de presente um grande pedaço colorido das fitas do arco íris.
Keiko havia aparado a pontas das fitas que estavam ficando frouxas e com estes pequenos pedaços ela construiu um lindo e colorido retalho. Ela o entregou a bruxa Ma, que imediatamente voou para o reino das sombras para levar este lindo presente a Rafael.
Quando ela já deixava o reino das sombras. Que de sombrio nada tinha, pelo contrário, era um dos lugares mais belos e mágicos que a bruxa Ma já havia visitado. A menina pensou no quanto Pietro ficaria feliz em rever o seu querido filho e também muito grato por saber que bruxa Ma cumpriu sua promessa, contando ao menino sobre a tentativa fracassada do pai em roubar o arco-íris.
E Rafael se balançava no céu em seu balanço de fitas coloridas. Balanço feito de pedaços do arco iris.
Sua mãe o embalava cada vez mais alto.
__Mais alto mamãe, daqui já posso ver o papai!
Fim
Continua em:
O sumiço do Papai Noel
Vol: 05
As vésperas do natal, papai Noel é sequestrado na fábrica de brinquedos no polo norte. Será que a bruxa Ma conseguirá salvá-lo antes da noite de natal? Ou as crianças do mundo todo ficarão sem brinquedos?
Não percam na próxima aventura de bruxa Ma e seus amigos.
Notas da autora:
*Deusa Keiko: Guardiã oficial do arco-iris;
*Torre cor de rosa: Moradia oficial da Deusa Keiko e do arco-íris:
*Josefina: vassoura voadora da bruxa Cora;
*Cavalo Dionísio: Cavalo alado que vivia nos campos da terra da magia;
*Campo das vassouras mágicas: Campo onde é colhido o capim que dá vida as vassouras de bruxas;
*Frida: Vassoura voadora da bruxa Ma;
*Aula de culinária: Quando as crianças bruxinhas aprendem a preparar porções mágicas, para isso precisam do caldeirão e do livro de receitas mágicas;
*Bruxa Lila: Bruxa malvada e mãe da bruxa Cora. Na história anterior, Lila havia se transformado em perereca;
*Guardião Alfredo: Monstro imortal que vivia preso em seu castelo no planeta terra;
*Reino das sombras: Lugar para onde iam os mortos do planeta terra.