A grande aventura de Lili

Poucos dias depois que cheguei na casa da família França, me vi sendo devolvida na clínica da tia Margarida, até tentei me segurar no pescoço da humana que gostei muito na casa do humano do par de tênis, chorei baixinho tentando dizer a ela que iria melhorar da minha barriguinha, mas ela se despediu e foi embora. Como vida de cão abandonado não é fácil, fiz uma oração pedindo a proteção de São Francisco e me conformei com a situação.

Eis que passados três dias aparecem duas humanas pra me buscar. Logo pensei: sou muito linda e querida mesmo, vou ser adotada de novo. Fiquei mais feliz ainda quando as humanas me chamaram de Lili também. Olhem que coincidência!

As humanas me levaram para um espaço, que hoje sei, chamam de carro, aliás, gosto muito. Fiquei quietinha no banco de trás dentro de uma cadeirinha próprio pra transporte de cães (achei bem chique). As humanas ficaram conversando e se chamavam pelos nomes de Elúsia e Lucia. O carro parou e a humana Lúcia desceu, segui até chegar numa casa muito maneira, onde tinha outra humana chamada Loraine, que me fez muito carinho. Mas como vida de cão não é fácil, em seguida as duas humanasal Elúsia me jogaram num tanque com água morninha, passaram um produto que fazia espuma no meu corpinho e, quando estavam me esfregando viram umas marquinhas perto do meu pescoço. Até acharam estranho, mas me secaram e ficaram bem felizes, como se tivessem me feito um grande favor – chamam isso de banho e eu não gostei muito não.

Achei que minha vidinha tinha se acomodado de novo, que nada, logo cedinho da manhã, Elúsia e Loraibe me levaram para o carro e me puseram na cadeirinha no banco de trás. Pronto, lá vieram as dúvidas na minha cabecinha e o medo no meucoração: pra onde vão me levar agora? O que será feito de mim? Aí meu São Chiquinho me socorre... Mas logo na primeira parada vi que aquelas humanas eram do bem. Me deram água fresquinha, ração, me levaram pra fazer minhas necessidades, me seguraram no colo, tiraram fotos, me acariciaram e pensei – tô de boa, vai dar tudo certo. Até me atrevi a levantar na cadeirinha, de vez enquanto, pra espiar a paisagem na sequência da viagem, que aliás foi longa. Gosto de estar no carro, mas...

Chegamos numa casa onde tinham mais humanos legais que fizeram festas comigo, era a tia Cleusa e o tio Jose Paulo, gente boa. Melhor ainda que a casa tinha um baita gramado e eu pude correr e brincar, claro que numa liberdade-vigiada. Brinquei muito, mas lembram daquelas marquinhas perto do meu pescoço? Viraram feridinhas e os humanos ficaram bem apavorados. Trataram de procurar alguém que entendesse de feridinhas pra ver o que era - Cá pra nós: eu sabia, mas fiquei bem quietinha pois tinha sido uma artezinha que tinha feito lá na clínica da tia Margarida. Ah também humanos se preocupam por qualquer coisinha!

Esse passeio foi tão bom que rolou até um vídeo da minha pessoa, quero dizer da minha “cãossoa”. Andam dizendo por aí que o vídeo retrata bem minha descendência de cão SRD vira-latas puro sangue, tudo bem, até aceito, mas acrescente aí - vira-latas internacional, afinal a longa viagem foi para o Uruguai.

Ah, na volta da viagem, fiquei entendendo que pertenço sim a família França, inclusive que sou filha da humana Elúsia e que minha guarda é compartilhada com meus avós – meio confuso, mas não me faltando amor e comidinha, tudo bem. Amo tudo isso!

Lili

Tânia França
Enviado por Tânia França em 16/03/2019
Reeditado em 17/03/2019
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