Os patos e o pescador
Longe, bem longe, lá para onde o Rio Piracuruca nasce há um grande lago. Nesse lugar há patos em profusão. Todos os dias, assim que o sol nasce, eles se espalham pelas águas e iniciam a dar mergulhos em voos rasantes para comerem os peixes da superfície do rio.
Certo dia, um pescador passou por ali e viu os patos comendo os peixes e não gostou. Decidido a retirar os invasores daquele lugar, ligou o motor da canoa e saiu aos gritos espantando as aves.
Houve voos desenfreados, que alguns patos se espalharam pela outra margem. Um deles voou para o alto de um galho de árvore, que havia dentro do lago do rio, e analisou a situação. Notou que o pescador era o mesmo que sempre passava à tardinha, quase ao cair da noite, quando eles já se encontravam dentro das matas na margem. Então deduziu que o pescador achou que eles eram de outro lugar – que estavam invadindo o local de pescaria dele.
O mais notável de toda a história é que o pato soltou um som desconhecido para o pescador. Era uma linguagem conhecida pelos patos e nela havia uma missão a ser cumprida. De repente, esse pato, juntamente com os demais iniciaram a voar e a pegar peixes com o bico – para tão somente os jogarem dentro da canoa do pescador. Era uma situação até engraçada e se sei – diferente.
Sobre os patos, eles continuaram a morar na margem do rio e a comer dos peixes do rio. Segundo me consta em minhas memórias de gente velha, o pescador concluiu que os patos eram os legítimos e “merecidos” donos daquele lugar. Ele também se tornou grande admirador da linguagem dos patos e vive gritando para eles – tal foi a forma que encontraram para se comunicar. Eu defino isso como conversa de pescadores (mas ainda não é definitivo).