Broncoloco Dé Padeiro
Broncoloco Dé Padeiro, não sabe fazer pão
Saber é fazer cara feia, grosseria e falta de educação
Diz que teve namorada, mas não durou muito não
Ela também era mais bruta e suja que pano de chão
“Dois bicudos não bicam”, repete sempre o bordão
“Só se bicam se for briga” completa para dar exatidão
“Dé Padeiro, tem pão ai?” pergunta o jovem para espezinhar
“Pergunta pra sua mãe” responde sem pestanejar
Mas tanta maldade com o pobre, é porque ele também
Apronta das suas com todos, não deixa escapar ninguém
Seu poder é criar apelido, cada um mais criativo que o outro
E se o sujeito acha ruim, ele diz “e eu acho é pouco”
Mas o seu é um mistério, quem criou ou do que diz
Só se sabe que acha um jeito, de vingar do infeliz
Que o chama Dé Padeiro, ou pergunta se tem pão
Inventa apelido, inventa história, inventa até assombração
Tudo desmerecedor, do sujeito e de sua família
Pois cão que late e quem não late, é tudo da mesma matilha
Teve um dia que chovia, e chovia sem parar
Estava um dia muito frio, e ele sem onde se abrigar
Entrou dentro de uma manilha, que era para fazer esgoto
Mas vocês acham que achou ruim, ou fez cara de desgosto?
Achou foi bom por demais, e começou a morar lá
Plantou um pé de tabaco, um de jasmim e um de jacarandá
Mas tem época que se apruma, arranja serviço e toma banho
Só não limpa o nariz, que fica sempre escorrendo um ranho
Mas está sempre contando história, geralmente maledicência
Mesmo quando está trabalhando o que gosta é de audiência
Tá até no youtube, com curtidas mais de mil
Se perguntarem se já viu, manda pra ponte que partiu
Porque ele gosta mesmo, e do povo ao seu redor
Escutando o que ele diz, ele se sente maior
E destorce sempre os fatos, do jeito que lhe convém
Se elogia alguma pessoa, para, respira e diz “mas tem um porém”
Mas se o difamado acha ruim, e vem reclarar de sangue quente
Ele, não dá um pio, faz cara de lorde, olha pro lado e segue em frente.