Essa história aconteceu há um tempão, durante as férias escolares do Maiquinho.
Estava ele compenetrado brincando à beira do laguinho da fazenda de seu avô, quando de repente...
—Vá calçar o chinelo ,menino!
O príncipe Maiquinho Rapunzelo não aguentava mais ouvir isso.
E por qual motivo ele tinha de calçar chinelo durante a construção de seu castelo de areia?
Ali, longe dos adultos e livre das tias arrumadeiras ele se sentia o mais livre dos pirralhos e podia deixar de ser príncipe pelo menos até o castelo ficar pronto.
—Não entra nesta água que a lagoa dá coceira!
O que a mamãe estava pensando dele! Onde já se viu um príncipe entrar em lagoa que dá coceira, seja lá o que isso significasse? Ele era um príncipe!
Pronto! Seu castelo já estava erguido.
Agora, ele precisava de soldados bravos para protegê-lo dos ataques da fazenda vizinha. Mas onde ele iria encontrar tão bravos guerreiros?
Foi quando ,à margem da tal lagoa da coceira, munido até com armadura, ele viu um belíssimo caracolzão!
Legal este vai ser o meu chefe de armas ! Vou agora mesmo recrutá-lo! - pensou com seus botões.
Maiquinho Rapunzelo, parando bruscamente em sua corrida em busca do caracolzão, franziu a pequena testinha. Veio-lhe à mente a imagem da mãe falando para ele não entrar na água, mas como o caracol estava na margem e ele ia pisar só numa aguinha de nada, não estaria desobedecendo a mãe ,certo ?
Errado , pois ao buscar o caracolzão, Maiquinho Rapunzelo, o menino-príncipe sem chinelo, pisou na aguinha de nada e ficou com uma coceira danada!
Aquele caracol, na verdade, era um baita caramujo e nele morava um monte de bichinhos danados que adoravam entrar na pele de pessoas desavisadas, dando um baita coceirão ,além de mais tarde um belo barrigão como se a gente tivesse tomado vinte litros de água de uma só vez!
Maiquinho Rapunzelo foi ao médico e sarou, mas até hoje ele se lembra das chineladas que ele levou da mãe dele.
De uma forma ou de outra, Rapunzelo acabou usando o chinelo.