Chuvas ao Entardecer (EC)
http://encantodasletras.50webs.com/chuvasaoentardecer.htm
O primeiro sinal é o vento, mas só quem percebe é ele, Joka, o meu cachorrinho medroso. Ele passa correndo por mim, quase me derrubando da escada. Logo após, elas começam a bater, as portas e janelas. Ah, penso eu, lá foi ele se esconder debaixo da cama! Sigo apressada para fechar as portas e as janelas por onde o vento entrou, mas não quero que a chuva entre.
Volto para o quarto e lá está ele, encolhidinho debaixo da cama. Nem a minha presença o faz sair, não sou conforto suficiente. Resigno-me, pego um livro na mesinha de cabeceira me aconchego em almofadas e começo a ler, deitada ali mesmo, no chão, junto a ele.
Gosto dessas chuvas assim, no fim da tarde, comecinho da noite. Gosto quando estou em casa e ouço lá fora a água caindo nas pedras do quintal e lavando a rua, formando enxurrada. Retorno aos meus tempos de criança, tempos distantes em um espaço distante.
Vou caminhando seguindo a enxurrada e atravesso os portões que ela me abre, chego até ao riacho, no fundo da casa de minha avó. O riacho virou rio e se estendeu pelas margens atingindo espaços sombrios. Não tenho medo e sigo flutuando em uma folha de bananeira gigantesca até atingir um rio maior e outro rio e outro rio e então sinto sede e levo as mãos à boca e o gosto de sal me faz cuspir longe. As águas barrosas mudaram de cor e agora refletem um céu azul estrelado, um azul quase escuro, porque a tarde já se foi.
Onde estão eles, pergunto olhando aqui e ali, onde estão eles, os morros que me protegem? Onde estão minhas montanhas e o entardecer das minas gerais? Algo gelado se encosta em meu rosto e lambe toda a água do mar que me consumia. É ele, o meu pequeno medroso, que ouvindo os gemidos do sono saiu de baixo da cama, sufocou o seu medo e veio me salvar. E então pula para cima de mim e apesar do vento lá fora, da noite que chega,se recosta em meu corpo e eu, enfim acordada, volto à leitura enquanto a chuva faz plic e ploc lá fora e o meu cachorrinho dorme tranqüilo em mim.
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O primeiro sinal é o vento, mas só quem percebe é ele, Joka, o meu cachorrinho medroso. Ele passa correndo por mim, quase me derrubando da escada. Logo após, elas começam a bater, as portas e janelas. Ah, penso eu, lá foi ele se esconder debaixo da cama! Sigo apressada para fechar as portas e as janelas por onde o vento entrou, mas não quero que a chuva entre.
Volto para o quarto e lá está ele, encolhidinho debaixo da cama. Nem a minha presença o faz sair, não sou conforto suficiente. Resigno-me, pego um livro na mesinha de cabeceira me aconchego em almofadas e começo a ler, deitada ali mesmo, no chão, junto a ele.
Gosto dessas chuvas assim, no fim da tarde, comecinho da noite. Gosto quando estou em casa e ouço lá fora a água caindo nas pedras do quintal e lavando a rua, formando enxurrada. Retorno aos meus tempos de criança, tempos distantes em um espaço distante.
Vou caminhando seguindo a enxurrada e atravesso os portões que ela me abre, chego até ao riacho, no fundo da casa de minha avó. O riacho virou rio e se estendeu pelas margens atingindo espaços sombrios. Não tenho medo e sigo flutuando em uma folha de bananeira gigantesca até atingir um rio maior e outro rio e outro rio e então sinto sede e levo as mãos à boca e o gosto de sal me faz cuspir longe. As águas barrosas mudaram de cor e agora refletem um céu azul estrelado, um azul quase escuro, porque a tarde já se foi.
Onde estão eles, pergunto olhando aqui e ali, onde estão eles, os morros que me protegem? Onde estão minhas montanhas e o entardecer das minas gerais? Algo gelado se encosta em meu rosto e lambe toda a água do mar que me consumia. É ele, o meu pequeno medroso, que ouvindo os gemidos do sono saiu de baixo da cama, sufocou o seu medo e veio me salvar. E então pula para cima de mim e apesar do vento lá fora, da noite que chega,se recosta em meu corpo e eu, enfim acordada, volto à leitura enquanto a chuva faz plic e ploc lá fora e o meu cachorrinho dorme tranqüilo em mim.