SENHORES DO DESTINO

Era uma vez dois irmãos, João e Guilherme.

João nasceu primeiro, depois de três anos nasceu Guilherme.

Cada um, desses dois irmãos, haveria de seguir o seu destino, na vida.

Os pais de João e Guilherme cuidavam dos dois filhos sempre preocupados em torná-los bons irmãos e bons amigos. Por isso eles os tratavam iguais, tanto para elogiar, quanto para aplicar-lhes castigos.

João e Guilherme viviam contentes, todos os anos eles ganhavam festas de aniversários. Nas páscoas ganhavam ovos de chocolates, nos dias das crianças e nos natais, presentes. Viviam os dois rodeados de amigos, além dos seus primos.

João gostava de estudar. Ele acreditava que era somente através do estudo que ele se tornaria alguém importante no futuro.

Guilherme gostava de brincar, era muito criança, para com o futuro se preocupar.

Os pais de João e Guilherme os ensinavam em casa tudo o que era correto para que os dois tivessem um futuro certo.

João, aos domingos, ajudava o padre a rezar as missas. Ele se preocupava em ser fiel a Deus por toda a sua vida, isso ele aprendia indo à igreja e lendo a bíblia.

Guilherme, aos domingos, ia para o campo de futebol jogar bola com os amigos. Ele se preocupava em ser um bom jogador por toda a sua vida, isso ele aprendia jogando bola, assistindo televisão, lendo jornais e revistas.

Os pais de João e Guilherme os apoiavam, porque sabiam que cada um aos poucos formava a sua ideologia. Tudo o que eles faziam e julgavam o mais importante era acordá-los bem cedo para irem à escola.

João dedicava-se a língua portuguesa, treinava sempre a oratória. Ele acreditava, nas grandes profissões, ser importante o ato da fala.

Guilherme, na escola, nada se dedicava, nem português, inglês, ciências, geografia ou matemática. Ele dizia que para jogar bola bastava tornar-se um craque. Os professores o advertiam dizendo que os bons jogadores teriam de se apresentar na mídia, nos momentos de entrevistas. Por isso seria bom que ele soubesse um pouco de tudo, para na hora certa, falar para todo o mundo.

Os pais de João e Guilherme preocupavam-se com os dois: João estudava muito e Guilherme somente queria chutar bola no campo.

Isso era interessante, dois mundos diferentes no jeito de pensar vivendo igualmente naquele mesmo lar.

João terminou o ensino médio e se dizia pronto para prestar o vestibular.

Guilherme terminava o ensino fundamental e dizia parar ali, porque bastava aquele grau para tornar-se um jogador de bola profissional.

Os pais de João e Guilherme torciam para que João passasse no vestibular e Guilherme se convencesse o ensino médio cursar.

João depois de orar muito descobriu que o seu futuro estaria no seminário.

Guilherme, após fazer testes em alguns clubes de futebol, descobriu que a sua vocação estava certa.

Os pais de João e Guilherme agradeceram a Deus em oração, porque finalmente os dois filhos descobriram as suas vocações: um seria padre, outro jogador de futebol.

João foi para o seminário estudar para ser padre.

Guilherme, após, alguns anos, foi convocado profissionalmente como jogador em um grande time.

Os pais de João e Guilherme ficaram apenas os dois, sem os filhos. João no seminário, quase se formando padre; Guilherme no futebol, chutando bola a gol. Pensavam os pais, dando risadas, a vida é um mistério, cada um deve fazer aquilo que acha certo, desde que não prejudique quem esteja longe ou perto.

Passaram-se os anos...

João ordenou-se padre e salva as almas na igreja Nossa Senhora do Rosário.

Guilherme tornou-se um grande jogador profissional, suas imagens estão nas estampas das grandes revistas e jornais. Guilherme salva o seu time com jogadas sensacionais.

Os pais de João e Guilherme vão à igreja e assistem a missa celebrada por João e, de vez em quando eles vão ao estádio assistir ao futebol, onde Guilherme, o grande atleta, fazia o público vibrar.

João e Guilherme, sempre foram bons irmãos, durante toda a vida um sempre ao outro, estendeu as mãos. Se um é padre, outro jogador de futebol, o certo é que cada um cumpria com amor a sua profissão.