AS FLORES DE DEUS
A vovó Anita estava cuidando do jardim quando seu netinho de cinco anos chegou perguntando:
- Vovó, de qual flor você gosta mais?
- Eu gosto de todas. Elas são uma obra de arte, mas a minha preferida é a violeta.
- Por quê? – insistiu o menino.
- Ela é pura, discreta e simples como a alma de uma criança.
- Você sabe alguma história de flor, vovó?
- Sei.
E a vovó Anita começou a contar a história.
“Eram quase seis horas da tarde no céu. Deus, depois de terminar seus afazeres, pediu a um anjo que fosse chamar seu filho Jesus. A saudade era grande, pois devido ao trabalho que Jesus fazia junto a humanidade, sobrava-lhe pouco ou quase nenhum tempo para ver seu pai e sua mãe. Passados alguns minutos chegou Jesus. Pai e filho se abraçaram e Deus perguntou:
- Como está indo seu trabalho, filho?
- Está caminhando dentro do previsto no seu plano, pai, mas ainda há muita injustiça e violência no mundo.
- Este é um trabalho de paciência e persistência. Você se sairá bem como sempre.
Passando o braço sobre os ombros de Jesus, encaminharam-se os dois em direção ao imenso jardim repleto de flores coloridas e perfumadíssimas. Sentaram-se em um banco de mármore. Os olhos de Jesus percorriam o imenso jardim admirando o trabalho de seu pai. O pai percebendo o comportamento do filho disse:
- Sabe, filho, cada flor representa uma das almas que eu criei.
- É uma obra e tanto, pai!
- Eu sei, filho.
E Jesus continuou a conversar com pai. De repente, ao olhar a sua direita, Jesus viu um canteiro de violetas.
- Pai, e essas flores?
- São violetas, filho, das quais eu me orgulho.
E pegando o filho pela mão, encaminharam-se para o canteiro de violetas.
- Veja, filho, a violeta tem um perfume delicado. É a flor que representa sentimento. E quando é dada a alguém, demonstra sinceridade, simplicidade e humilde de quem a oferta. Foi na violeta que eu me inspirei para criar as almas das crianças. Você já viu alguma criança que não seja sincera e verdadeira? Que não seja simples? É isso, filho. As crianças são como as violetas.
E foram mais adiante e pararam diante e um canteiro de rosas.
- E este, pai? Perguntou Jesus.
- Rosas. Dessas flores saiu a inspiração para as almas das mães. Veja! Elas são belas, generosas, perfumadas e protetoras.
- Como assim, meu pai?
- Para a rosa a proteção é o espinho. Para a mãe é com o grande amor que ela protege os filhos, mas se algum mal se aproximar de suas crianças ela se torna mais espinhosa que a própria rosa. Lembre-se que sua mãe também o defende...
E os dois continuaram a caminhar por entre os canteiros até que o céu ficou estrelado com a lua iluminando cada florzinha do jardim. O pai ouvia o filho sobre o seu anseio de libertar a humanidade da opressão, da injustiça, da ignorância, da dor, da maldade, do ego e de tudo que aprisiona a alma. De repente, Jesus se afastou do pai.
- Filho, aonde vais? – perguntou Deus.
- Colher, com sua permissão, rosas para minha mãe.
E Deus acompanhou o filho para juntos colherem rosas para Maria.”
- Vovó, gostei. Será que eu posso levar uma rosa pra minha mãe?
- Pode sim, filho. E esta violeta é para você. – disse a vovó Anita abraçando o netinho.
07/09/11
(histórias que contava para o meu neto)