O menino e o passarinho

O menino e o passarinho!

(Theo Padilha)

Havia uma vez um menino que gostava de caçar passarinhos. Mas a sua avó não gostava. Aliás, ninguém gosta que se judie dos pobres e indefesos voadores. E a avó soltou um de seus passarinhos. Então ela lhe deu um galo. Mas mesmo assim ele passou a mão no galo e foi embora...

Antes disse:

— Vovó onde está meu passarinho que cacei com tanto trabalho?

Lá na frente encontrou um morro. E disse para o morro. Naquele tempo os morros ouviam:

— Morro! Mate este galo!

E o morro deu uma avalanche matando o galo.

Como é normal em toda a criança o menino chorou e pediu o galo.

— Morro me dá meu galo, galo que minha avó me deu. Minha avó soltou meu passarinho que cacei com tanto trabalho?

Então o morro lhe deu uma bonita pedra. E o menino continuou no seu trajeto.

Na estrada encontrou um gavião e falou:

— Gavião, engula essa pedra!

E o gavião engoliu a pedra. Novamente o menino chorou e pediu a pedra.

— Gavião, me má minha pedra, pedra que o morro me deu, o morro matou meu galo, galo que minha avó me deu, minha avó soltou meu passarinho, que cacei com tanto trabalho!

Então o gavião lhe deu uma pena. O menino continuou seu rumo.

Logo encontrou um ferreiro. Pediu:

— Ferreiro, queime essa pena!

O ferreiro queimou a pena. O menino chorou pedindo:

— Ferreiro, me dá minha pena, pena que o gavião me deu, o gavião engoliu minha pedra, pedra que o morro me deu, o morro matou meu galo, galo que minha avó me deu, minha avó soltou meu passarinho, que cacei com tanto trabalho!

Daí o ferreiro deu ao menino um machado. E o menino partiu pela estrada.

Lá adiante ele viu um pica-pau tentando abrir um buraco na árvore para comer bichinho.

— Pica-pau, use o meu machado!

O pássaro quando usava o machado quebrou o cabo. O menino gritou:

— Pica-pau, me dá meu machado, machado que o ferreiro me deu, o ferreiro queimou minha pena, pena que o gavião me deu, o gavião engoliu minha pedra, pedra que o morro me deu, o morro matou meu galo, galo que minha avó me deu, minha avó soltou meu passarinho que cacei com tanto trabalho!

O pica-pau lhe deu um favo de mel, e o menino seguiu viagem.

No caminho encontrou moças que lavavam arroz num rio. Disse o garoto:

— Moças, chupem esse favo de mel!

As moças acabaram de chupar o mel, o menino esbravejou:

— Moças, deem meu mel, mel que o pica-pau me deu, o pica-pau quebrou meu machado, machado que o ferreiro me deu, o ferreiro queimou minha pena, pena que o gavião me deu, o gavião engoliu minha pedra, pedra que o morro me deu, o morro matou meu galo, galo que minha avó me deu, minha avó soltou meu passarinho que cacei com muito trabalho!

As moças lhe deram um saco de arroz. E ele foi embora.

Logo encontrou muitas rolinhas famintas. Disse:

— Rolinhas, comam esse arroz!

E as pombas comeram todo o arroz. Veio a bronca:

— Rolinhas, cadê meu arroz, arroz que as moças me deram, as moças chuparam meu mel, mel que o pica-pau me deu, o pica-pau quebrou meu machado, machado que o ferreiro me deu, o ferreiro queimou mina pena, pena que o gavião me deu, o gavião engoliu minha pedra... Mas as rolinhas voaram e a história acabou aqui!

Theo Padilha
Enviado por Theo Padilha em 09/06/2010
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