Grandes Brejonautas

=Grandes Brejonautas=

“(...) Minha vida sempre foi marcada por grandes e desnecessários desafios. Quando criança, minhas idéias corriam na velocidade da luz. Projetava carrinhos de rolimã, rodas de pau e até mesmo um galho de árvore virava diligência, como dos filmes de bang-bang. Estas invenções eram quase saudáveis.

Não satisfeitos com isso, partimos para as grandes idéias projetos audaciosos, que saltavam de nossas cabeças, como um gato na chapa quente.

Estávamos na era das grandes viagens espaciais, o homem conquistava a lua. Para nós, foi um momento de inspiração, deveríamos construir uma nave, não para conquistar o espaço, mas que tivesse propulsão suficiente, para nos tirar do chão, levando à margem oposta de um brejo, existente nas proximidades de minha casa.

Pouco tempo depois, estávamos com a mão na massa. Pegamos madeira, construímos um caixote, previamente projetado para os quatro passageiros, pegamos um gomo de bambu, de mais ou menos quarenta centímetros, enchemos aquele tubo de pólvora, afixando-o debaixo daquele caixote e o colocamos a frente deste sobre um cavalete, entramos os quatro (Deca, Antenorzinho, Grilo e eu).

Juntos, comungávamos a mesma idéia: “se o rojão podia subir, usando o mesmo princípio, por que não a nossa nave?” Com a adrenalina a toda, com a mesma emoção dos astronautas e com o juízo de uma galinha, resolvemos apertar o cinto (ou o cipó), subimos na nave, colocamos fogo no estopim, nos agarramos uns aos outros, com toda a força e... BUM!

Santo Deus, até hoje escuto o barulho ensurdecedor daquela explosão infernal. Nosso foguete espatifou-se jogando-nos ladeira abaixo. Graças ao bom Deus, apesar de sujos de barro fedorento do brejo e carvão, saímos sãos e salvos.

No outro dia, toda a pequena Bom Sucesso comentava, o fato todo, nos criticavam, riam de nós e logo recebemos o título de “Brejonautas”. Até hoje há quem se lembra do fato. Ainda damos boas risadas.(...)”

Este texto foi extraído de meu livro “Trajetória”. Faço dele uma homenagem ao meu amigo e conterrâneo Diniz que deu-me o prazer ao visitar o meu cantinho, aqui no Recanto das Letras. Obrigado amigo! Espero nos encontrarmos, num futuro próximo, para relembrarmos nossos velhos e bons tempos.

Tonho Tavares

ANTÔNIO TAVARES
Enviado por ANTÔNIO TAVARES em 26/05/2009
Código do texto: T1615590