LENTES DE CONTATO
Dizem que os olhos são a janela da alma. Através deles você nota se alguém está falando a verdade ou se está mentindo. Também por eles a saúde ou a doença transparecem nos seres vivos, costume comum em análise médica.
Com relação às suas cores, há muitas diversidades, devido às regiões do planeta. Os africanos, por exemplo, em sua maioria, têm seus olhos na cor predominante negra. Já nos povos nórdicos, prevalecem, em quase sua totalidade, as cores claras: azuis ou verdes.
Alguns especialistas afirmam que essa tendência deve-se, basicamente, à mutação das espécies, em milênios, pelo clima. As cores negras dos olhos protegeriam-nas do calor e de sua luminosidade, e as claras adaptariam-se melhor em climas temperados e frios, porém somente os especialistas podem explicar se isso é teoria ou fato.
Na diversificação das espécies animais apresenta-se, em sua esmagadora maioria, a quantidade de dois olhos por indivíduo, contudo isso não é regra. Nas abelhas, como também em grande parte dos insetos, os olhos têm, em cada globo ocular, por assim dizer, o espantoso número de milhares.
Já o camaleão é um dos poucos animais que direcionam seus olhos, independentes um do outro, em ângulos de visão de trezentos e sessenta graus. Dessa maneira, fica difícil sua presa escapar de seu raio de ação.
Bem, continuando a falar sobre olhos, a pior prisão, para qualquer indivíduo, é estar cego. Ele fica preso dentro de seu próprio corpo: incomunicável com a luz da vida, vive num mundo de trevas literal, terrível experiência para quem, um dia, enxergou e perdeu esta faculdade, por fatores alheios à sua vontade. Entretanto, é menos pior para quem nasceu com a deficiência total da visão. Felizmente, a medicina, avançada como está, consegue amenizar o sofrimento dos parcialmente cegos, e, em alguns casos, daqueles quase sem nenhum tipo de visão.
Falando agora sobre beleza, há milênios os olhos sempre foram motivo de vaidade. Existem registros que remontam desde a época dos faraós egípcios. Naquela ocasião, não só as mulheres pintavam os olhos, como também os homens que, além da dita beleza, demonstravam a condição de seu “status” frente àquela sociedade.
Hoje não se diferencia muito daquele tempo. Somente os homens não defendem tal costume. Em compensação, as mulheres, desde a mais humilde (que não possui semelhante hábito diário), à mais abastada financeira e intelectualmente, praticam esse tipo de pintura dos olhos.
A preocupação com a aparência dos olhos é tão importante, na atualidade, quanto a sua própria função. Muitos, utilizam o método artificial da mudança de suas cores. Para isso, colocam lentes de contato coloridas, demonstrando assim, um pouquinho de descontentamento com a cor natural doada por Deus, ou então, simplesmente desejam mudar, relativamente, a fisionomia, “para não enjoar”.
Essa febre de lente de contato colorida “pegou” um colega de serviço, logo no começo em que a novidade se espalhou pelo Brasil. Gastou ele uma “nota”, na época. Seus olhos, na verdade, eram pretos como duas jabuticabas, e por estar, temporariamente, descontente com eles, colocou lentes de contato, na cor azul.
Foi num final de ano: a empresa estava lotada de gente, devido à festa programada pelo chefe, em comemoração à proximidade do Natal. Naquele dia não tinha serviço, somente “comes e bebes”.
Subitamente, aparece o Claudinho: todo arrumado, com belas roupas sociais, brinquinho inusitado na orelha esquerda, e “exibindo” dois olhos esquisitos, na presença de todos.
Os que o conheciam estranharam mais seus olhos ao brinquinho. No entanto, todos, sem exceção, olhavam para ele admirados, contemplando seu novo visual.
Como estávamos em clima de festa, e, ignorando completamente a “fortuna” que o Claudinho havia gastado com a artificialidade, nosso chefe, como pessoa idosa, desconhecendo aquela novidade (moda) entre os “jovens”, gritou em alto e bom som:
- Claudinho, você precisa procurar urgente um oftalmologista! Acho que você está com problemas nos olhos! Está até parecendo aqueles cachorros velhos, com CATARATA!!!...
E depois disso, compareceu Claudinho ao trabalho no dia seguinte, com seus olhos naturais de “JABUTICABA”.