Um jovem no Velho Mundo
Mesmo o brasileiro que fala apenas um inglês macarrônico jamais irá passar fome na Inglaterra.
Sei disso porque estive em Londres e ainda me deram uma taça de vinho para acompanhar meu espaguete à bolonhesa.
E nem precisei ficar muitos dias sentado na calçada de uma rua da movimentada City com meu boné no chão esperando que os passantes atirassem suas valiosas moedas dentro dele.
Foram apenas cinco dias de mendicância...
Em Roma a coisa foi bem mais fácil.
Com a grana que coletei na rua foi só a fome bater que entrei num cinema que exibia um spaghetti western.
Não apenas jantei meu prato preferido como assisti a um ótimo filme de Sergio Leone.
Ao contrário da caríssima Inglaterra, na Itália não é necessário matar um leão por dia para matar a fome.
Tampouco uma loba, como diriam Rômulo e Rêmulo.
Ou seria Remo, e não Rêmulo?
Fiquei na dúvida, mas depois vi que era Remo.
E Remo lembrava festival.
Festival da Canção de San Remo.
Então fui pra lá de barco.
Embarquei, cheguei são e salvo:
o barco não emborcou.
E Peppino de Capri naquela noite cantou.
Cantou Champagne,
mas eu bebi água mesmo.