Escutou o marido da vizinha em ‘SaOs’ na madrugada
Ela disse para o síndico:
— “Aquele inquilino que mora sozinho, no apartamento do lado, não me deixou dormir com o barulho do ronco.”
O síndico retrucou truculentamente:
— “Minha senhora, eu não vejo nada de errado a senhora ser viúva e receber o vizinho pela madrugada. Mas, ronco não é assunto para um síndico resolver.”
A mulher, zangada, gritou:
— “Ele roncou no apartamento dele, e não na minha cama. Cuidado para não espalhar boatos por aí.”
O síndico respondeu:
— “Minha prezada, ele não mora sozinho. E se a companheira dele não reclama, então acho que a senhora está exagerando. Além disso, no condomínio só temos regras que proíbem aparelhos ligados em volume alto. O problema dele é reconhecido pela medicina.”
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Então, o síndico mostrou para ela a seguinte explicação, retirada do portal “Biblioteca Virtual em Saúde (do Ministério da Saúde):
ASPAS abertas
// É considerado normal o ronco discreto, um ressonar suave, principalmente quando a pessoa dorme de barriga para cima, pois a língua cai um pouco para trás. As pessoas mais suscetíveis são as que apresentam sobrepeso, dificuldades respiratórias (rinite, sinusite, desvio de septo nasal, adenoides e amídalas grandes, dentre outras), refluxo gastroesofágico, tabagismo e problemas na arcada dentária. Além disso, consumir bebidas alcoólicas e dormir com a barriga para cima podem provocar o ronco até em quem não ronca normalmente. Em longo prazo, o ronco pode causar dor de cabeça ao acordar, arritmia cardíaca, baixa concentração, sonolência diurna, cansaço e irritabilidade, afetando a qualidade de vida do paciente.
O ronco pode ser sinal de um problema mais grave: a apneia obstrutiva do sono (SAOS), doença caracterizada pela obstrução da via aérea ao nível da garganta, durante o sono, que leva a uma parada na respiração. O processo leva, em média, 20 segundos, mas pode chegar até a dois minutos e acontecer diversas vezes durante o sono. A apneia obstrutiva do sono é mais comum em homens e acomete em torno de 5% da população geral, sendo 30% em indivíduos acima dos 50 anos de idade. A SAOS é fator de risco importante para doenças cardiovasculares e acidente vascular cerebral (AVC).
Diagnóstico: Por estar dormindo, muitas vezes a pessoa não percebe que ronca, logo, alguém precisa avisá-la do que está acontecendo. É importante aceitar ajuda! Para ter certeza do diagnóstico, o médico poderá solicitar um exame que monitora o sono com equipamentos eletrônicos, chamado polissonografia.
\\ ASPAS fechadas. Confira acessando (copiar/colar no navegador): https://bvsms.saude.gov.br/ronco/
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Voltando aqui, o Zezé.
Infelizmente, a reclamante nem quis saber e respondeu:
— “É problema dessa tal companheira dele, para que lado cai a língua dele. Vou encerrar o meu aluguel no mês que vem, que é quando vai vencer o contrato, vou entregar as chaves e cair fora dessa péssima vizinhança.”
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Da coleção zezediozoniana: “SAOS pela madrugada não é sinal de saúde.”