Pavor
Ele passava dias e noites interagindo com seus seguidores.
Distribuídos por suas redes sociais contavam cerca de um milhão.
Praticamente não saia de casa.
Não saia da frente do computador, isso sim.
Ficava preparando postagens, alimentando suas redes.
E respondendo às mensagens de seus seguidores o tempo todo.
Comprava tudo o que precisava pela internet mesmo.
Mas um dia, ficou cansado de comer fast food.
Diariamente recebia lanches prontos, nem sempre saudáveis.
Pensou que estava precisando comer alguma coisa mais nutritiva.
Então resolveu ir a um restaurante próximo dali.
Almoçaria de verdade, com tudo a que tinha direito.
Tomou banho, fez a barba e escovou os dentes.
Passou desodorante e depois vestiu roupas limpas.
Coisas que não fazia há algum tempo já.
Pegou seus documentos e o cartão de crédito.
Desligou o celular desta vez.
Não desejava ser perturbado durante a refeição.
E tampouco que lhe roubassem o aparelho na rua.
Desceu, saiu do edifício e caminhou alguns passos.
Decidiu olhar para trás.
Olhou e ficou apavorado com o que viu.
Não acreditou nos próprios olhos: ninguém o estava seguindo!
Absolutamente ninguém: impossível!
Voltou correndo para o edifício, para seu apartamento.
Esbaforido, ligou o celular e o computador.
Só sossegou quando viu que nada havia mudado.
Melhor, havia até ganhado alguns seguidores naqueles poucos minutos.
Seu coração voltou a bater normalmente, calmamente.
Então decidiu pedir uma salada pelo aplicativo mesmo.
A mais cara e saudável do cardápio.
E uma Coca-Cola sem açúcar de 2 litros.