Foie gras
Depois que meu vizinho e sua família foram passear em Lagoa dos Patos, pensei que quando voltassem para casa começassem a grasnar, como ocorre com todos os visitantes na sequência.
Seria normal que se comunicassem como aves aquáticas, coisa que aconteceu comigo, minha mulher e as crianças na exata noite em que regressamos do mesmo passeio. Grasnar como o pato Donald sempre foi um dos sonhos de minha infância, então realizado.
Para nossa surpresa, dos vizinhos também, já na volta eles começaram a coaxar. Não apenas porque na lagoa há muitos sapos, rãs e pererecas, como me explicaram depois, também porque o passeio fora feito num carro anfíbio. Estava então plenamente justificada essa forma de metamorfose orwelliana, muito menos drástica do que se tivesse sido kafkaniana.
Isso suposto, nosso próximo passeio vai ser no Jockey Club de São Paulo, na semana que vem, de sete dias também, só que no meio tem um feriado pra gente emendar. Será que só de pensar nos belos cavalos que lá veremos, já ando sentindo vontade de dar uns coices no meu colega de trabalho, um sujeito muito mais bem-apessoado do que eu?
Ou seria por conta do meu signo no zodíaco? Sendo de Sagitário, que é representado por um centauro, meio cavalo meio homem, a lua, o sol, as estrelas andariam me influenciando negativamente? Espero que não, pois seria bastante desagradável para mim assumir que sinto atração por certas gramíneas, especialmente capim.
Não ou sim? Ruminando bem, acho que andei exagerando no consumo de broto de alfafa para controlar a obesidade, impedindo assim que muita gordura no fígado se transformasse no futuro em foie gras. Fígado gordo, esteatose hepática, ocorre em patos, marrecos e gansos. Pode ser que em pato burro mais ainda, pensando pior. E eu nem gosto de patê...