Estranha Felicidade - (Republicação)

Não se falavam.

Dez anos de casamento e não se falavam.

Não precisavam, conheciam-se muito bem.

Um olhar, um simples gesto, tudo significava algo, não precisavam se falar.

Não se falavam porque não se suportavam, mas se amavam, e se amavam muito, e não conseguiam ficar um longe do outro.

Os dois tinham personalidade muito forte, quando conversavam bastavam cinco minutos para começarem a discutir, viviam em pé de guerra. Depois de um tempo resolveram que teriam que tomar algumas atitudes ou se separariam, tiveram então, a feliz ou infeliz idéia de não se falarem mais.

E assim foram vivendo felizes.

Saíam juntos sempre, iam ao cinema, a barzinhos, festas, tinham uma vida social bastante agitada.

Todos os dias jantavam juntos, ela sabia muito bem o que ele gostava, após o jantar, em um olhar ela já sabia se havia agradado, ou não. Depois do jantar assistiam tv e depois iam para o quarto onde se amavam loucamente. Assim se sentiam muito felizes.

Um dia no jantar algo estranho aconteceu.

- Querido, como foi o seu dia?

“Será que estamos preparados para voltarmos a conversar” - pensou ele, mas com naturalidade respondeu.

- Muito bom e o seu?

E assim voltaram a conversar, e conversaram muito, muito mesmo.

No outro dia ele nem foi para o trabalho, tirou o dia de folga só para ficar conversando com sua esposa.

Os dias se passaram e eles conversaram, conversaram sobre tudo, principalmente sobre suas vidas, de como se amavam tanto.

Mas como nem tudo são flores, dias depois uma discussão, depois outra, novamente estavam em pé de guerra.

Primeiro ela ameaçou ir embora, depois ele.

Mas nem todas as discussões do mundo acabariam com o amor que eles sentiam um pelo outro.

Um dia resolveram que tudo voltaria ao normal, a ser como era antes, não se falariam mais.

E voltaram a jantar em silêncio, a assistir tv em silêncio.

Nesse dia ao se deitarem, os dois se olharam com muito amor.

- Eu te amo – disse ele.

- Eu também te amo

E se beijaram como nunca.

E se amaram como nunca.

E foram felizes, felizes para sempre.

( Sem se falar, é claro.).

Marc Souz

Marc Souz
Enviado por Marc Souz em 21/11/2007
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