AVÓS E NETO ESPERTOS...

 

Pela primeira vez, já na plenitude dos seus treze anos, Juquinha queria engraxar o sapato da sua avó, mas não conseguia apanhá-lo no quarto dos fundos onde ela também guardava, há muito tempo, suas mais variadas bugigangas.

Na verdade, ele queria apenas descobrir o esconderijo da chave daquele quarto, que sua avó a mantinha “guardada a sete chaves”. Além da porta de entrada, havia uma janela frontal, mas por ser muito alta, ele não conseguiria ter acesso àquele aposento, pulando-a, sem correr riscos, ainda que naquele momento ela estivesse aberta, por isso decidiu questionar seu avô:

- Vovô, o senhor sabe onde está a chave daquele quarto dos fundos, onde a vovó guarda as coisas dela? Preciso entrar nele para pegar o sapato dela para engraxá-lo, afinal, amanhã, pela manhã, iremos à igreja, assistir ao culto dominical. A porta está fechada e, apesar de a janela estar aberta, eu não consigo pular para dentro do quarto.

Naquela hora, o avô do garoto que estava muito entretido frente à TV, assistindo à cena principal de um filme de ação, disse, de forma enfática, para seu neto:

- Garoto, vá fazer seus deveres escolares ou tentar se ocupar com outra atividade mais urgente. Deixe o sapato de sua avó lá no quarto, mesmo, que depois eu pulo...

Juquinha ficou intrigado com a resposta do seu avô, pois nunca o tinha visto pulando janelas, até porque ele era uma dessas pessoas da terceira idade, com mais de 80 anos e, decerto, seria meio arriscado para ele agir daquela maneira.

As perguntas, que não querem calar, são:

- Será que o avô do Juquinha, por também desconhecer o paradeiro da chave daquele quarto, pularia a janela para apanhar o tal sapato?

- Ou será que o avô dele, detendo a posse da chave, abriria a porta do quarto e, ali, meio escondido, poliria o sapato, sem a presença desse neto?

Germano Correia da Silva
Enviado por Germano Correia da Silva em 20/10/2021
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