Agente secreto lusitano

Era o tempo da famigerada PIDE, a polícia secreta portuguesa. Um agente recebe instruções de visitar o não menos infame congênere brasileiro, o DOI-Codi. Para o intercâmbio de relevantes e revelantes informações. A viagem era necessária, pois não havia zap à época. E o intercept tampouco.

Maleta algemada à mão, o agente, selecionado por seu fino faro profissional nas artes do bisbilhotar é levado ao aeroporto de Lisboa pelo seu próprio chefe, que lhe segreda uma vez mais:

- Não podes deixar escapar uma única informação ou pista sequer do que vais fazer lá na terra de tanta cruz, uma palavra qualquer poderá comprometer todo o nosso serviço...entendido, Joaquim Manuel?

- Sim, sim, Manuel Joaquim...positivo!

Ao desembarcar no Rio de Janeiro, transpostos controle de passaporte e aduana, Joaquim Manuel toma um táxi. E, à pergunta do taxista:

- Para onde vamos, senhor?

...responde de forma e norma categóricas, metendo-lhe o dedo ao nariz:

- Jamaix saberáx, jamais saberáx...!

Paulo Miranda
Enviado por Paulo Miranda em 04/04/2021
Reeditado em 04/04/2021
Código do texto: T7223455
Classificação de conteúdo: seguro