Os borrões milionários
Recentemente passei a me interessar pela pintura abstrata. Não que a entenda ou goste. Tendo pro moderno conservador (ou seja lá o que isso for). Encontrei um caso interessante acontecido entre as décadas 2000/2016.
A conceituada galeria de arte Knoedler, em Nova Iorque, vendeu uma pintura abstrata de Mark Rothko por oito milhões de dólares. Também foram vendidos outros por cifras milionárias, sendo Jackson Pollok e Willen De Kooning os mais expoentes. Todos falsos.
A trama que envolveu um pseudo milionário suíço-mexicano, um casal de espanhóis, um pintor chinês, a diretora da Knoedler, vários peritos /críticos de arte e de bilionários, terminou no tribunal com um acordo não revelado ao público.
A pintura de Rothko que foi a prova da fraude, consistia de um quadro com o fundo laranja coberto quase que totalmente por duas metades de vermelho e azul.
A curadora da Knoedler na época, Ann Fredman acreditou no relato de que a pintura foi adquirida por um milionário suíço-mexicano na década de 50, quando esses artistas abstratos eram desconhecidos e seus quadros não eram rentáveis (em bom português; não tinham valor).
A senhora Ann consultou diversos peritos de arte e especialista em Rothko. Todos atestaram a autenticidade, com exceção de uns poucos não tão eminentes. Ela ignorou as ressalvas destes últimos e continuou as vendas.
Aconteceu de um colecionador mandar analisar o conteúdo físico da tinta. Descobriu-se que o pigmento não tinha sido ainda quimicamente produzido antes dos anos setenta. Isto foi crucial.
As perguntas que ficaram sem respostas: como esses peritos puderam atestar a “autenticidade” de uma obra falsa?
Se não fosse pela análise do pigmento, não havia prova em contrário. Ou seja, humanos erram. Peritos, não?
Até hoje não se sabe qual a verdadeira posição da tela de Rothko numa parede. Isso foi questionado durante o julgamento porque se o virasse de cabeça pra baixo comprovaria a falsidade!
Deve-se destacar que os quadros falsos em questão eram obras pintadas não de inicio de carreira ou inacabadas e sim já como as do apogeu do pintor. É possível uma pintura dos séculos passados ficar desconhecida até ser descoberta. Mas, já no século XX, é difícil imaginar que isso aconteça com uma arte abstrata em seu total esplendor.
Chegamos a conclusão que todas essa xurumelas sobre arte abstrata são apenas borrões.