Uma de advogado
A sociedade americana, notadamente a classe média, costuma ser muito solidária, sem, naturalmente, perder de vista o valor das conquistas individuais...
Assim, numa determinada cidade, a comunidade, que adorava esses encontros de Rotary e Lions, percebeu que um certo advogado muito bem sucedido profissionalmente não parecia participar desse sentimento comum, e que nunca fora visto nesses conclaves por mais que fosse convidado.
Um dos líderes comunitários, empresário renomado, formou uma comissão de notáveis, em que se incluíam pastor, padre e rabino, e foi bater às portas do referido causídico numa tentativa de aproximação.
Trocadas as amabilidades de praxe, o chefe da delegação inquiriu o visitado, com a franqueza possível, querendo saber o porquê de sua refratabilidade...
O inquirido, pôs-se de pé e olhando para todos os eminentes visitantes e lhes falou:
- Os senhores hão de saber que tenho uma mãe quase nonagenária que desde os setenta requer cuidados especiais e progressivos, em função de sua declinante saúde, agora agravada pelo Alzheimer; devem também saber que tenho um irmão viciado em drogas, internado numa caríssima instituição de reabilitação; tenho uma filha ninfomaníaca portadora de HIV há mais de duas décadas, dependendo de drogas caríssimas; tenho o pai na prisão perpétua por crime inafiançável...
- e a seguir, o dito advogado desfiou ainda mais uma meia dúzia de casos escabrosos relacionados a problemas familiares para concluir:
- Pois bem, senhores, a esses meus familiares, gente do meu sangue,eu não dou um centavo sequer, como podeis pretender que eu vá me meter em conversas fiadas em torno de jantares e coquetéis...de gente fofoqueira, exibicionista e e sem o que fazer, como vocês...?