Não se pode desprezar o que não merece desprezo - Escrito por Zeca Quinha, para o Zeca Quinha Nius
Tendo-se em vista as recentes manifestações de parlamentares conservadores contra os gastos públicos – e os parlamentares conservadores destilam veneno letal à democracia e ao estado democrático de direito -, os intelectuais das universidades brasileiras acharam por bem apresentarem um abaixo-assinado clamando pela valorização do corpo burocrático do funcionalismo público, há séculos explorados por capitalistas, como nos ensinam os intelectuais Karl Marx e Friedrich Engels, e os estudiosos da Escola de Frankfurt, incluídos os professores universitários, todos eles estarrecidos com a desfaçatez e sem-cerimônia com que os parlamentares conservadores, insensíveis ao bem-estar dos cidadãos brasileiros, desprezíveis todos eles, defenderam, de viva voz, sem recear represálias, práticas que não são onerosas aos cofres públicos. Os intelectuais, audazes, com o abaixo-assinado, arrostaram os defensores de maléficos valores que conduziriam, se adotados, o Brasil à bancarrota, como os seus congêneres estadunidenses e israelenses à bancarrota conduziram os seus respectivos países. Não entendem – melhor, não querem entender – os parlamentares conservadores - a serviço, todos eles, não desconhecemos, de agências de espionagens estadunidenses -, cujos ideais são inspirados nas teorias da conspiração de um injustamente renomado astrólogo embusteiro, que, após fugir do Brasil, instalou-se na nação que representa todos os valores que denigrem a humanidade, que as idéias que apresentaram reduzirão o desperdício de dinheiro público, redundando, portanto, em políticas que produzirão sofrimento e miséria. Eles almejam o pior para o Brasil, pois para eles o pior (pior para os brasileiros, obviamente) é o melhor (melhor para os parlamentares conservadores, não nos esqueçamos). Os intelectuais brasileiros explicitam, no abaixo-assinado, o descontentamento da categoria no que concerne à proposta dos parlamentares conservadores, todos anti-patriotas, que declararam que os funcionários públicos gozam de privilégios, que, salientaram, oneram os cofres públicos. Ora, sabemos que os funcionários públicos têm privilégios porque os merecem; são bem-remunerados porque o governo brasileiro, nas três esferas do poder, a municipal, a estadual e a federal, os remunera bem; do contrário, bem não os remunerariam, e eles de privilégios não gozariam. A obviedade do raciocínio é patente. E apenas indivíduos que odeiam a liberdade e a democracia simulam ignorância a respeito da estrutura do poder governamental. E temos de destacar um ponto, e, além de destacá-lo, sublinhá-lo e salientá-lo: sendo o povo incapaz de administrar a própria riqueza, os funcionários públicos têm de administrá-la. Salta aos olhos tal obviedade! Negam-se a vê-la aqueles que lucram com a eliminação, ou, como dizem, a redução do funcionalismo público, que, ninguém o ignora, conserva milhões de pessoas empregadas e bem-remuneradas.
Que a voz dos sábios intelectuais brasileiros prevaleça; que a proposta dos parlamentares conservadores, nefasta para o Brasil, seja arquivada; que os defensores da política apresentada pelos parlamentares conservadores caíam no ostracismo; que a categoria do funcionalismo público atente para as ameaças que a cercam; que a imprensa abandone a letargia em que se encontra; que os artistas manifestem-se e impeçam que a censura retome o seu poder; que o povo brasileiro arregace as mangas e quebre a espinha dorsal dos autointitulados defensores do Brasil, que são - sabemos, nós, os esclarecidos - da Pátria inimigos. Que a Pátria Maior não se curve diante deles.