O PADRE BRASILEIRO E A FREIRINHA ITALIANA

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Não lembro exatamente o ano em que testemunhei esse causo, mas foi quando a inesquecível VARIG ainda transportava milhões de passageiros em todos os continentes. A companhia tinha um voo que ligava oportunamente a Itália com o Nordeste brasileiro seguindo a rota circular Roma, Milão, Fortaleza, Natal, Roma, Milão, e foi justamente num desse voos que o fato aconteceu.

Um dia embarquei em Milão e, como de costume, escolhi um assento na fila central, bem ao lado do corredor esquerdo. Do outro lado do corredor havia duas poltronas que foram ocupadas por uma freira italiana, relativamente nova, e um padre brasileiro que aparentava uns 40 anos de idade. Tratando-se de dois religiosos, pensei que eles se conhecessem e viajassem juntos, mas foi por puro acaso que eles estavam ocupando aqueles assentos e, de fato, nunca haviam se encontrado antes.

O padre não estava de batina mas vestia um elegante terno escuro com uma clérgima no pescoço que o identificava como sacerdote católico. Era um homem alto, charmoso e desenvolto, com olhos azuis e sorriso cativante. Se não tivesse sido pelo colarinho, muitos teriam pensado que podia ser um ator de telenovelas ou um artista de cinema. Quanto à freira, era uma mulher miúda, extremamente tímida, nem bonita e nem feia.

Enquanto ele passava o tempo folheando revistas escritas em inglês, a freirinha não tirava os olhos de um livro de orações, como se quisesse se estranhar do ambiente e afastar de sua mente pensamentos impuros. Durante o voo os dois não trocaram uma palavra sequer. A freira só disse “obrigada” à aeromoça quando foi servida a refeição e acredito que aquela fosse a única palavra de português que conhecesse. O padre, que devia ser fluente em inglês, por sua vez nada sabia de italiano e isso acabou gerando um mal-entendido bastante hilário.

Quando o voo posou em Fortaleza o padre pegou a sua maleta e contemporaneamente, no intento de ajudar a correligionária a pegar a bagagem de mão dela, dirigiu-se à religiosa perguntando:

- A senhora vai descer ou fica?

A freirinha não apenas não respondeu, mas baixou ainda mais a cabeça ficando mais vermelha que uma beterraba. No entanto o padre, imaginando que ela, apesar de entender o idioma fosse um pouco surda, aproximou-se ao rosto dela e, com fala doce e um sorriso, perguntou de novo:

- A senhora fica?

Dessa vez a pobre tornou-se pálida como um cadáver e, não sabendo como se comportar, olhou para o lado de fora da janelinha enquanto o sacerdote continuava insistindo:

- A senhora fica? Fica?............. FICAAAAA?

Uns passageiros, que estavam assistindo à cena, começaram a rir, até que eu mesmo me dirigi à freira e, em italiano, expliquei que o padre estava perguntando se ela ia descer ou permanecer dentro do avião. Ela, toda acanhada, respondeu que ia desembarcar a Natal. Transmiti logo essa informação ao padre que se afastou rapidamente sem dizer mais nada.

O fato que provocou esse mal-entendido é que em italiano “fica” (ou também “figa”), embora bastante vulgar, é a palavra mais popularmente usada para designar o órgão genital feminino!

Dá pra imaginar o que deve ter pensado a freirinha italiana?

AMEM!

Richard Foxe
Enviado por Richard Foxe em 19/07/2020
Código do texto: T7010580
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