Amor liquefeito
Muito severo e intransigente, um pai chega em casa e sem ao menos responder à saudação da filha e de seu namorado que se encontravam na sala, assistindo mais um capítulo de novela evangélica da Record, vai direto à cozinha e adverte a mulher que estava justamente a socar alho para o tempero da carne:
- Mulher, eu já lhe disse que não quero esse namoro de nossa filha com esse vagabundo que se encontra em sua companhia... imagine só que ao chegar em casa eu me deparei hoje com uma parede molhada de nada menos de que urina...!
Ao que a mulher, responde, com toda a sua segurança de boa mãe, e sobretudo de mulher:
- Mas querido, quando namorávamos, você, de pura loucura por mim, fez o mesmo, e até se vangloriava de mijar nas paredes...não foi...?
- Foi, mas desta vez, acho demais, um abuso, pois não bastasse o simples ato de urinar, o pilantra o fez grafando o nome de nossa inocente Marina..., ainda uma menina...isso é inadmissível...! Eu corro com ele daqui agora, com essa exposição grotesca, abusiva e indecente...!
- Calma, calma, querido, que precipitação desnecessária e bolsonárica, afinal, veja bem, ele ao urinar grafou o nome de sua amada...imagine, então se fosse o nome de uma sirigaita...imagine...?
- Até aí tudo bem, mulher, mas o problema é que a letra, veja bem, a letra é dela...!!!