A morte do burro
Toca o telefone na estação central do Corpo de Bombeiros. É um gago tentando comunicar a morte de um burro num cruzamento importante da cidade de Belo Horizonte, provocando verdadeiro nó na circulação central. Contudo, os três minutos da ficha esgotam-se no exato momento em que o denunciante se encalha no endereço preciso, crucial para a operação de remoção do corpo do animal:
- É nanananá Avenida Aff...Aff...Aff...
E é batata. Doze ligações seguidas e sempre aquela angústia, aquela incerteza, aquela impotência...de parte a parte...
Até que, as ligações param, cessam de todo por desesperados 5 horas...
Mas surge finalmente, a luz no fim do túnel. O gago liga e desbrunca o linguajar, conseguindo soltar:
- Avenida Bias Fortes, com Álvares Cabral...!
Os bombeiros à volta de ligação a viva voz comemoram, mas não deixam de registrar seu estarrecimento:
- Mas o senhor, caro denunciante, tentou por tanto tempo falar Af, Af...e só podia ser Af...de Afonso Pena, e agora vem com Bias Fortes....? Como assim? Não é fake? Olha lá em, reportagem em falso dá cadeia...!
Ao que lhes vem a cândida e resoluta resposta:
- Éeeeeeé quiquiquiqui tatatava mumumuito dddddificil de ffffalá...aí eu peguei o bbbburro pppppelo rrrrabo eeee o trttrrrouxe prppracá, qui Bias Ffffortes eu dôooo cccconta ssssimmm, nnnummm tttaa vennnnno?