Bilac eterno?
Desnecessário tentar explicar porque Bilac era chamado o Príncipe dos Poetas: inspiração, rimas, métrica, fluidez, tudo funcionava às mil e uma maravilhas...
Bilac, porém, era um desastre com suas finanças. Perdulário, descontrolado...E justamente agora, nesse estado, vamos encontrá-lo no atelier de seu alfaiate favorito, Augusto da Paz, o Príncipe da Tesoura...
- Augusto, preciso de um fraque novo, a todo custo, e pressa, pois daqui a duas semanas vou presenciar a cerimônia de outorga de um concurso de música de que estou participando...coisa chique mesmo...
- Olavo, lamento. Gostaria de fazer esta indumentária para ti, mas não tenho como: não me pagas há mais de dois anos...um mísero mil-réis que seja...
- Mas Augusto desta vez, tenho a sensação de que vou abafar. Vou ganhar o prêmio e assim pagar-te-ei regiamente.
- Negativo, negativo...
- Augusto, pelo amor
- Está bem, já que tanto insistes, farei o fato para ti, de graça até, desde que preenchas uma única condição, que certamente me remunerará adequadamente...
- E qual essa condição, querido amigo?
- Bem que me homenageies numa de suas composições nela inscrevendo meu nome!
- Vou tentar, vou tentar...
Duas semanas decorridas, Bilac, de fraque elegante, leva Augusto para a platéia do Theatro Nacional.
E quando a premiação é anunciada, o nome Bilac supera toda a concorrência. Vencera o concurso nacional com a letra do hino seguinte:
"...Salve lindo pendão da esperança, salve símbolo..."