O CAIPIRA, A MULHER E OS CACHORROS
Quinzinho do Gamelão contando mais um causo:
-Um dia desses, o dotor médico me mandô fazê uma bateria de inxame. Fiz e levei os resurtado para ele. Meu aço sulfúrico tava muito arto...
-Ácido úrico, corrigiu um dos ouvintes.
-Pois é, os oto inxame tamém tava tudo arto, tudo tava subino...
-O que realmente precisava subir não subia né... Disse um ouvinte rindo.
Quizinho fingiu que não ouviu o gracejo e continuou:
-Aí eu arrisurvi fazê umas caminhada, mode vê se miorava os inxame.
Bebeu um gole de pinga e continuou:
-Eu fazia umas caminhada lá no Perifaria...
-Periferia, corrigiu um.
-Pois é, e passava na portera de um sítio que tinha uma cachorrada sorta e esses cachorro atacava a gente. Eu pricurei o dono do sítio e falei pra ele prendê os cachorro senão eu ia passá fogo neles... O dono falou que os cachorro era manso, não mordia ninguém não...
-Eu falei, não morde ocê que é o dono... Todo dia era aquela amolação. Eu cortei um gaio de vinhático aparei, lavrei, lixei e todo dia eu levava ele nas caminhada, os cachorro era medroso, era só ver o pau e corria. Para não ficar andando de um lado pro outro com o pau na mão eu...
Foi interrompido por um ouvinte que pôs maldade no causo:
-Como é que é?
-Não, sô, pau na mão, era o purrete, o pedaço de vinhático...
-Pra não ficar levano ele pra baxo e pra riba, eu o iscundia numa moita de capim provisóro perto da portera do sítio. E tinha uma conhecida minha que fazia caminhada pra aquelas banda e murria de medos cachorro. Eu mostrei pra ela adonde o purrete tava iscundido. E falei:
-Se eles te atacá, pega o pau e desce na cabeça deles...
-Aí eu isquici daquilo e um dia eu tava prusiano numa roda de potoquero e ela passô e falô:
-Quinzinho, onte eu tive que pegá no seu pau...
-A turma regalô os óio, eu assustei e ela veno que nois tinha posto mardade, ixpricô:
-Os cachorro avançaro nimim onte e eu passei a mão no purrete que ocê dexô lá e botei eles pra corrê...Mais deixei o purrete no mesmo lugá.
-O povo põe mardade in tudo...
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