As Peripécias do Legendário Bulk Flatulento.
Capítulo 1 – A velhinha do ponto.
Bulk, Beto, Rodrigo, Osmar e eu esperávamos no ponto de ônibus da Avenida Ana Costa o circular 10. Ao nosso lado, uma pacata e veneranda anciã, já entrando, talvez, em sua nona década de vida. A velinha era calma e simpática, portava uma bela bengala de ébano e não media mais do que 1 metro e quarenta, devido à sua avançada idade. Enquanto eu observava aquele pequeno e frágil monumento da experiência e sabedoria dos idosos, o seguinte diálogo era travado entre meus amigos:
-Essa merda desse ônibus não chega. Quero chegar em casa logo pra poder cagar! – reclamava Bulk.
-Olha a senhora aí do teu lado, sua bicha! – disse Rodrigo.
-É, seu cagão, e se tu peidar aqui, a gente vai te bater! – completou Osmar. Beto limitava-se a rir. Foi nessa hora que aconteceu! Uma obscura reação química, sem precedentes históricos iniciou-se nas profundas trevas da região anal, digo, secular, de Bulk.
Gases tóxicos acumularam-se em uma densa nuvem, escura e pestilenta como uma praga bíblica. Notei a expressão de total desconforto e terror extremo no rosto de meu amigo:
-Tu tá legal, Bulk?!? – perguntei, embora já soubesse a resposta.
-Paulo, foi mal cara, mas não dá pra segurar não! – e levantando sua perna direita (a que estava do lado da velhinha) ele soltou um sonoro e malcheiroso “flato”. Então, do alto de sua sabedoria quase centenária, a senhora limitou-se a olhá-lo, erguendo seu rosto, antes simpático, agora com uma pétrea expressão de nojo e medo na direção de nosso herói com problemas intestinais, e proferir três palavras que comprovaram toda a sabedoria que eu achava que ela tivesse. Com sua voz trêmula, e seus olhos fixos nos de Bulk, ela disse:
-Filho da puta!
E se retirou do ponto o mais rápido possível, comprovando o quanto era esperta, bem mais do que todos nós juntos.