Extra! Extra!
Esta postagem deveria ter sido publicada na escrivaninha dos Cavaleiros do Apocalipse, mas foi transferida para esta escrivaninha séria e compenetrada, em caráter extraordinário, porque Ana Vagalume, em crise financeira, não pagou a mensalidade da escrivaninha na qual Fake City e seus personagens se encontram.
Vinha Ana Vagalume calmamente passeando pelas avenidas de Fake City quando, ao passar junto a um beco, ouviu, vindo lá do fundo, a seguinte cantiga:
“Eu sou pobre, pobre, pobre, de marré, marré, marré,
Eu sou pobre, pobre, pobre de marré Delcídio.
-Seu Rei mandou-me aqui
Buscar um de seus ministros
-Meus ministros eu não dou
Nem por ouro, nem por prata,
Nem que sejam desonestos,
Caras-de-pau e ladrões!”
Ana Vagalume achou ter reconhecido aquela voz desesperada que clamava no silencioso beco, e aproximou-se. Qual não foi a sua surpresa, ao deparar com sua grande amiga de longa data, a nossa querida Presidenta! Ao vê-la tão aborrecida, emagrecida e desiludida da vida, Vagalume aproxima-se, e estendendo-lhe a mão, indaga:
-Mas o que aconteceu, minha rainha? Por que te encontras tão tristonha, se a investigação ainda não chegou até a senhora?
-Mas está chegando, está chegando! Cambada de gente vendida, golpista e aproveitadora! Eu vou tomar medidas drásticas contra essa corja! Vou proibir o Facebook, lascar censura na Rede Bobo, mandar prender quem for do contra!
-Mas... adorada rainha, isso não seria DITADURA? A senhora não lutou contra isso há anos atrás?
-Ditadura é impedir o povo de se manifestar. Eu não impeço ninguém, desde que estejam a meu favor! Além disso, uma coisa é estar na oposição, e outra bem diferente, é ser situação. E pimenta no olho do outro é sempre refresco.
-Ana Vagalume, tentando aplacar a fúria da Presidenta, declara:
-Ah, liga não, querida. Tudo isso vai passar, MOROU?
-NÃO ME FALE NESSE NOME!!! Eu vou mandar sumir com esse desgraçado! Onde já se viu, grampear até o telefone do segurança do Lula!
-Adorada rainha, se me permite, não foi muito inteligente de sua parte ligar pra ele... será que não foi devido a uma exagerada autoconfiança que o fizeste? Quem sabe, uma exacerbada sensação de impunidade que a fez crer estar acima do bem e do mal? Um sentimento de desrespeito total pelo povo por crer que são apenas um bando de ignorantes sem nenhuma força?
-Bem... confesso que esta tem sido a minha plataforma de governo, mas não desta vez! Como é que eu podia imaginar que o Moro estava ouvindo??? Logo a mim, que sempre lutei pela igualdade social!
-Se o Obama ouve, por que não ele? Foste ingênua.
-É porque eu sou uma criatura pura, bondosa e inocente.
-Não; é porque é sem noção mesmo.
-Ah, Vagalume, e agora, o que sererá de mim? Vamos sair daqui e tomar um café, comer alguma coisa...
Ana Vagalume, mais que depressa:
-NÃO! Vamos ficar por aqui mesmo, adorada mestra. Não quero ser vista em má companhia por aí... ser vista com a senhora será muito ruim para a minha reputação, que já não é grande coisa mesmo. Mas se quiser, eu mando vir uma porção de coxinhas.
-Não, obrigada. Perdi a fome.
Naquele momento, o telefone da presidenta começa a tocar, e ela coloca no viva voz:
-Arô.
-Arô, minha querida. Quero saber se tá tudo em cima.
-Para sua posse?
-Não, se a tua operassão prástica botou os peito pra cima tumém. Você vai pricisá deles bem em pé, pra peitá a imprensa, a oposição, o povo revoltado...
-Xá comigo, meu querido. Não vou largar o osso de jeito nenhum!
-Então tá bom, minha quirida. Beijim.
E nossa heroína solta um longo e profundo suspiro. Vagalume desconfia:
-Hum... essa coisa de ‘quirida’ pra lá, ‘quirida’ pra cá... se eu fosse a Dona Marisa, botava as barbas de molho.
-Ela sabe que não precisa se preocupar quanto a isso.
-E as manifestações populares, Presidenta? Como a senhora as vê?
-Um bando de gente à toa que não tem o que fazer! Deveriam estar trabalhando para engrandecer o país! O povo usado como massa de manobra a fim de prejudicar o meu inocente governo!
-Ouvi dizer que vai ter manifestação a favor do PT amanhã...
-Nada mais justo! É a democracia em livre curso.
Naquele momento, uma enorme jararaca aparece assim, do nada, e Vagalume dá um pulo para trás e solta um grito de pavor:
-HAAAAA!!!!!!! Cuidado, Presidenta!!!
Mas nossa rainha nem se abala:
-Calma, Vagalume. É só o Lula disfarçado!
E Lula abre a bocarra:
-Minha querida, não concigo ficar longe de ocê, e nada vai nos ceparar, nem a imprença!
-Mas... Lulinha... você acha conveniente eu andar por aí com uma cobra enrolada no pescoço? Eu já te dei uma cadeira como ministro! Já é o suficiente para irritar qualquer um.
Vagalume não se intimida:
-Mas que vergonha, hein, seu Lula! Você não tem medo de nada mesmo, hein?
-Tenho sim, companheira Vagalume...
E ainda tem que apoie!!!