Gestão Gente que Faz!

Morro do Canta galo. Um inferno a cada passo para se atingir o topo. Corações arfantes debaixo das casas penduradas por um fio. A cada 4 anos a ladainha se renova: "se eu ganhar as eleições, a primeira coisa que vou fazer para a comunidade do Canta Galo é um bondinho. Darei um basta em vossos sofrimentos. Só quem faz essa aventura, como foi o meu caso, sabe o quando esse povo é sofrido. Estou com o coração saindo pela boca. Portanto meus caros amigos eleitores, como é de conhecimento, nada será feito por vocês, se vocês não creditarem em alguém que está com vocês e para vocês". O morro ia abaixo em avalanches de assovios e aplausos".

Festa no morro. Sorvete, pipoca, algodão doce, língua de sogra, pão com molho, copos e mais copos com refrigerantes Convenção, etc. O firmamento descera sobre aquele lugar. Inauguração do bondinho. Políticos reunidos para celebrar o cerimonial de inauguração. Festança, tanto política, quanto cidadã.

- Senhores da comunidade do Canta Galo, as promessas de um são as realizações de outros. E aí está uma das promessas de campanha cumprida, o que logicamente, só foi possível porque vocês acreditaram e através dos vossos votos, nos credenciaram a trabalhar e oferecer à comunidade aquilo que é de merecimento de todos: bem estar.

A comunidade tremula de alegria. Políticos e assentados se dispersam em carreatas. Buzinaço. Foguetes espocavam. Bondinho funcionando. Descendo um após outro. Embaixo a informação: "Por enquanto, o bondinho foi programado somente para descer".

- Qual o motivo? - todos indagam.

- É que estamos fazendo uma pesquisa para saber o número de cardíacos existem no morro; que é na realidade, também caso de saúde pública ou morte.

- Como assim?

- Ué, quem conseguir subi-lo rotineiramente, significa que o coração está apto e funcionando bem... - e antes que terminasse, alguém indaga:

- E quem morrer?

- quem morrer, morreu. É sinal que o coração não estava correspondendo à altura...se não foi bom para quem morreu; excelente para o Estado, afinal, um a menos na fila do SUS. Portanto, como perceberam, o bondinho tem mais de uma finalidade de uso. Um novo Santo Sudário se faz com gestão séria, como é a nossa proposta de administração.

Os revoltosos da esquerda perdedora berrava palavras de ordem: "viu seus idiotas, vocês tomaram o bonde errado. Tomaram o bonde andando".

Porém, o morro estava festivo e quase foi abaixo: aplausos, assovios, algodão doce, pipoca, pão com molho, refrigerante e nessa segunda leva, serviram até um corotinho de cachaça para a turma. Os pés inchados davam risadas e diziam: "Além d´agente poder tomar o bondinho para descer, com a Gestão Gente que Faz, esse ano as coisas vão mudar para nós".

E a mudança começou um mês depois do evento, quando a maioria deles foram mandados às dúzias para a capital do Estado com passagem só de ida, limpando quase que de vez a praça central do município.

Mutável Gambiarreiro
Enviado por Mutável Gambiarreiro em 03/02/2016
Reeditado em 03/02/2016
Código do texto: T5532018
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