HAJA ÁGUA!
 
Nasceu um tanto preguiçoso
Vá trabalhar criatura!
Vá trabalhar criatura!

A ele viviam dizendo
De tanto falarem
Trabalhou de
Sol a Sol
De
chuva a chuva
Quase sem dormir
Era um limpador de piscinas
Desobstruía fontes
Desentupia ralos
Dragava riachos
cansado da labuta
aguada e contínua
Ficou
doente o
coitado
Teve água na pleura
Gota
Água no joelho
De
tantos lava pés
Se sentia
enxaguado
A coisa piorou
Veio rezas e até água benta
Foi tanta água na vida da criatura
Mas
tanta água
Que se não fosse o ventre rotundo
Servindo de boia
Teria morrido afogado
 
Cristina Gaspar,
Rio de Janeiro, 10 de setembro de 2015.
Cristina Gaspar
Enviado por Cristina Gaspar em 10/09/2015
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