NOVA CINDERELA

Cresceu meiga, bela e casta,

com o pai, irmãs, madrasta.

Como na história antiga,

sua vida era nefasta:

alternava entre a cozinha,

preparando carnes, pasta,

e a faxina interminável,

que o resto da tarde arrasta.

Esperou tanto por fada

que um dia, afinal, deu basta.

E foi vista, sorridente,

longa cabeleira rasta,

na garupa de uma moto,

com a sandalinha gasta.