O enorme barulho era quase insuportável.
O juiz pedia calma, não cansava de ameaçar expulsar todos, porém não tinha jeito. A queda do querido amigo José Prudente deixou a população agitada e revoltada.
Para complicar a situação, a empresa responsável pela construção da ponte contratou o presunçoso JL, o João Larápio, advogado que nunca perdeu uma causa.
_ Dessa vez ele perde!
Repetiam indignadas as pessoas.
Após o discurso derradeiro do promotor, com direito a lágrimas e grande emoção, a derrota da empresa parecia ser inevitável.
Chegou a vez de JL apresentar o trunfo final. Ele sempre deixava para o último instante o argumento perfeito definindo a vitória dos clientes.
O juiz objetivou resumir a acusação:
_ JL, é importante recordar que a empresa Tramóia Fina a qual o senhor representa garantiu construir uma ponte capaz de suportar uma pessoa caso ela obedecesse a determinada condição.
_ Ficou bem evidente essa condição, Excelência!
_ A Tramóia Fina advertiu que a ponte não suportava mais do que 120 quilos. Ela praticamente anulou a possibilidade de ter dois adultos na ponte e decepcionou os gordos quanto a realizarem a travessia, contudo optou por essa decisão justificando almejar a segurança das pessoas.
JL concordou:
_ Perfeito!
_ Senhor JL, eu confesso que, considerando os fatos, não compreendo sua excessiva serenidade. Há cinco dias, no ato festivo que inaugurava a ponte tão sonhada pelos moradores da cidade, nosso ilustre amigo José Prudente não concluiu a primeira travessia, caindo num despenhadeiro. Ele aqui compareceu com pernas e braços quebrados, mas felizmente sem sofrer danos irreversíveis. Dessa forma, como o senhor refutará a culpa a qual a Tramóia Fina merece desfrutar?
Imediatamente começaram a gritar:
_ Como, pilantra?
Depois de cinco minutos uma relativa calma voltou ao local.
_ Lastimo o acidente, entretanto afirmo que a Tramóia Fina é inocente.
_ Por favor, Senhor JL, esclareça sua ousada afirmação!
_ Esclarecerei, Excelência. O amigo José Prudente sempre foi um sujeito honrado, é conhecido por ser alguém austero, sensato demais, cauteloso e prevenido nas suas nobres ações. Confirmando essa verdade, quis o mágico destino que ele carregasse a prudência no próprio nome.
Curioso e aborrecido o juiz interrompeu:
_ Nós sabemos bem disso, JL. E daí?
_ A ponte não suporta dois adultos conforme anunciou a Tramóia Fina. O amigo José Prudente pesa cerca de 80 quilos, portanto se somarmos mais 80 teremos 160 quilos.
_ Que conversa é essa, JL? Apenas o José Prudente atravessou?
_ Um homem?
_ Sim, um homem, caro advogado!
JL, muito sorridente, fez a conclusão decisiva e irrefutável:
_ Mas nós sabemos que um homem prevenido vale por dois.
**
O juiz pedia calma, não cansava de ameaçar expulsar todos, porém não tinha jeito. A queda do querido amigo José Prudente deixou a população agitada e revoltada.
Para complicar a situação, a empresa responsável pela construção da ponte contratou o presunçoso JL, o João Larápio, advogado que nunca perdeu uma causa.
_ Dessa vez ele perde!
Repetiam indignadas as pessoas.
Após o discurso derradeiro do promotor, com direito a lágrimas e grande emoção, a derrota da empresa parecia ser inevitável.
Chegou a vez de JL apresentar o trunfo final. Ele sempre deixava para o último instante o argumento perfeito definindo a vitória dos clientes.
O juiz objetivou resumir a acusação:
_ JL, é importante recordar que a empresa Tramóia Fina a qual o senhor representa garantiu construir uma ponte capaz de suportar uma pessoa caso ela obedecesse a determinada condição.
_ Ficou bem evidente essa condição, Excelência!
_ A Tramóia Fina advertiu que a ponte não suportava mais do que 120 quilos. Ela praticamente anulou a possibilidade de ter dois adultos na ponte e decepcionou os gordos quanto a realizarem a travessia, contudo optou por essa decisão justificando almejar a segurança das pessoas.
JL concordou:
_ Perfeito!
_ Senhor JL, eu confesso que, considerando os fatos, não compreendo sua excessiva serenidade. Há cinco dias, no ato festivo que inaugurava a ponte tão sonhada pelos moradores da cidade, nosso ilustre amigo José Prudente não concluiu a primeira travessia, caindo num despenhadeiro. Ele aqui compareceu com pernas e braços quebrados, mas felizmente sem sofrer danos irreversíveis. Dessa forma, como o senhor refutará a culpa a qual a Tramóia Fina merece desfrutar?
Imediatamente começaram a gritar:
_ Como, pilantra?
Depois de cinco minutos uma relativa calma voltou ao local.
_ Lastimo o acidente, entretanto afirmo que a Tramóia Fina é inocente.
_ Por favor, Senhor JL, esclareça sua ousada afirmação!
_ Esclarecerei, Excelência. O amigo José Prudente sempre foi um sujeito honrado, é conhecido por ser alguém austero, sensato demais, cauteloso e prevenido nas suas nobres ações. Confirmando essa verdade, quis o mágico destino que ele carregasse a prudência no próprio nome.
Curioso e aborrecido o juiz interrompeu:
_ Nós sabemos bem disso, JL. E daí?
_ A ponte não suporta dois adultos conforme anunciou a Tramóia Fina. O amigo José Prudente pesa cerca de 80 quilos, portanto se somarmos mais 80 teremos 160 quilos.
_ Que conversa é essa, JL? Apenas o José Prudente atravessou?
_ Um homem?
_ Sim, um homem, caro advogado!
JL, muito sorridente, fez a conclusão decisiva e irrefutável:
_ Mas nós sabemos que um homem prevenido vale por dois.
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